De estilos a tendências, Museu Nacional do Traje em Portugal

Em um espírito completamente diferente – um espaço branco e neutro – é a exposição que mostra o traje do século XX até os dias atuais.

Traje do século 20

1910-2000
A República implantada em Portugal no dia 5 de outubro de 1910 põe fim à monarquia e transforma a dinâmica social da vida portuguesa. Muitos formalismos e restrições sociais desapareceram e as artes, assim como a moda, foram palco de várias mudanças. Esportes e atividades ao ar livre promoviam um novo estilo de vida, e as senhoras preferiam ternos de homem, como o tailleur. De origem inglesa, o tailleur formado por saia e jaqueta se adaptou bem aos passeios e foi especialmente apreciado pelos jovens que cada vez mais integraram o mercado de trabalho.

1910-1918
As mulheres portuguesas juntaram-se rapidamente a uma nova silhueta fina proposta em Paris por Paul Poiret. Inspirado pelo traje do período napoleônico, este estilista propôs o uso de vestidos para substituir os ternos femininos de duas peças usados. Seus vestidos mostravam linhas retas e cintura alta, o que permitia à mulher se libertar do espartilho. Em Paris, os Ballets Russes de Diaghilev inspiraram a moda, trazendo influências orientalizantes para o vestuário através de novas formas, cores brilhantes e tecidos luxuosos.

O traje masculino manteve as formas do final do século passado. Em ocasiões solenes, o casaco e o casaco eram usados, no dia a dia o sobrecapa começou a ser substituído pelo casaco curto com colete e calças.

1920-1930
O vestuário feminino deu a esta década o passo definitivo para a funcionalidade, seguindo o estilo Art Deco, caracterizado por uma geometria decorativa e elegante. Os vestidos retos com uma cintura frouxa mostravam as pernas de seus joelhos. Os vestidos para dançar eram curtos, com decotes redondos ou quadrados, geralmente com uma saia e às vezes cobertos com miçangas, lantejoulas e miçangas. As meias e os sapatos tornaram-se peças de relevo, preenchendo-se de cores. As cores eram vivas, embora o preto também fosse escolhido.

Na fantasia masculina da década de 1920, generalizou-se o uso de casacos de tweed, casacos de xadrez ou de xadrez de tons sóbrios, acompanhados de calças largas com pregas e dobras na extremidade inferior, em tecido simples ou fantasia nas cidades. O smoking tornou-se definitivamente o traje masculino preferido para eventos semi-informais, como jantares públicos ou privados, danças e festas. De cor preta com lapelas de cetim de seda, acompanhava-se de uma gravata do mesmo tom.

1930-1946
Na década de 1930, o vestido das mulheres retornou a linhas mais curvilíneas, o comprimento da saia desceu e a cintura voltou à sua posição natural. Os vestidos de noite eram longos, com as costas nuas. Os tecidos mais apreciados eram crepes e cetins. As atrizes de cinema, com seu glamour, inspiraram mulheres e se tornaram modelos. Madeleine Vionnet criou o corte no viés, técnica que deu às peças uma elasticidade e fluidez muito apreciadas, moldando os corpos femininos de forma sensual.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) causou enormes restrições materiais. O racionamento impunha peças justas e curtas. As mulheres usavam tailleurs com uma cintura apertada, uma saia reta, ombros puxados e bolsos largos que davam à silhueta uma postura masculina, quase de inspiração militar.

1947 a 1950
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Christian Dior respondeu aos anseios das mulheres criando uma silhueta feminina e luxuosa. O estilo proposto pelo costureiro francês foi chamado New-Look, como surgiu como uma reação à moda funcional dos anos 1940. Apresentado em Paris em 1947, ele pretendia restaurar às mulheres o aspecto sensual. Esta nova imagem foi caracterizada pelo uso de saias retas ou largas, cintura muito redonda e arqueada, estreita e delicada, ombros pequenos e redondos, e corpo corseted com peito bem definido.

Ao mesmo tempo em que a aparência do Novo Olhar estava em vigor, uma geração inquieta de classe média emergiu, rejeitando o materialismo em vigor. Nos Estados Unidos, as camisetas foram transformadas em partes externas, especialmente depois que Marlon Brando apareceu com uma camiseta branca no filme “Na beira-mar”, em 1954. A calça jeans, conhecida como jeans, começou a ser adotada por jovens. pessoas como uma expressão de sua rebelião.

1960 a 1970
Os anos sessenta representaram uma nova mudança no traje. A juventude tornou-se um modelo a seguir, transmitindo uma atitude de inconformidade e contestação à política e mentalidade em vigor. Os movimentos da moda deixaram a rua e começaram a influenciar a alta costura. Os fabricantes de vestuário viram jovens potenciais clientes e começaram a criar peças especialmente para eles. Na base da moda feminina desta década a minissaia, apresentada por André Courrèges, em 1965, e popularizada por Mary Quant.

No final desta década apareceu em San Francisco, Califórnia, o movimento hippie que foi antes de um movimento de mentalidades e se espalhou através da música pop. Suas roupas eram inspiradas nos vestidos étnicos internacionais: os meninos usavam roupas de algodão cru e jeans, tinham cabelos compridos e barbas; as meninas usavam longas túnicas, usavam os cabelos soltos com flores e os rostos sem maquiagem.

1980 a 2000
As marcas de pronto-a-vestir começaram a ganhar importância com o surgimento de designers que, juntamente com a Haute Couture, ajudaram a equilibrar a massificação da indústria da moda. A relativa estabilidade e prosperidade dos anos 80 favoreceram, mais uma vez, o renascimento dos valores e gostos tradicionais. No entanto, os anos 90 foram internacionais, dando uma parcela justa à aldeia global. A televisão, as revistas de moda, o turismo e a internet desfizeram as fronteiras, possibilitando a disseminação de criações não só francesas mas italianas, inglesas, japonesas e americanas.

As marcas de pronto-a-vestir desenvolveram-se a um ritmo cada vez maior para responder àqueles que desejam transmitir uma aparência contestada. Por outro lado, os designers de moda emergem e o que veio a ser chamado de “autor de moda”, que atribui a criação de uma alternativa de qualidade e estilo à massificação que o desenvolvimento da indústria têxtil e de confecção estava operando.

Tendências:

A silhueta magra
As mulheres prontamente seguiram a nova silhueta esguia e magra proposta por Paul Poiret, que ditou a moda em Paris.

Linha reta
Os vestidos eram retos e altos, permitindo que as mulheres se libertassem do espartilho.

Os loucos anos vinte
A década de 1920, ou os loucos anos vinte, foi uma década de prosperidade, busca de prazer, diversão noturna e renovação artística.

Linhas retas
Os vestidos foram cortados em linhas retas, tinham cintura baixa e mostravam as pernas acima dos joelhos.

Atitude Não Conformista
Os anos 1960 caracterizaram uma nova mudança no vestuário. A juventude tornou-se o modelo a seguir, transmitindo uma atitude inconformada e opondo-se às políticas e mentalidades da época. Movimentos de moda vieram das ruas e influenciaram a Haute Couture.

The Avant-Garde
Paco Rabanne, André Courrèges e Pierre Cardin personificaram as tendências de vanguarda dos anos 60 e associaram-se à moda futurista.

O Maxi-Saia
As tendências da moda jovem nos anos setenta incluíam a maxi-saia, calças quentes e calças compridas.

Retornar para a natureza
Desafio ao estabelecimento com uma ideologia utópica não violenta, defendendo o retorno à natureza.

Os anos setenta
Yves Saint Laurent foi o costureiro que representou a altura do chique nos anos setenta e o seu nome tornou-se sinónimo de elegância.

Pronto para vestir
Yves Saint Laurent foi o homem que definiu a imagem dos anos 70, apesar de ter lançado em 1966 o fato das calças e a Haute Couture para as mulheres. Suas criações prontas para uso emitiram artigos fundamentais para as roupas femininas modernas.

Consciência Ecológica
Nos anos noventa, a consciência ecológica é enfatizada e novas formas de espiritualidade emergem, e novas idéias vêm à tona com base em uma ampla perspectiva humanitária global.

O minimalista
Moda desenvolvida em duas direções principais: a minimalista e a espetacular.

Moda Portuguesa
Um grande número de designers de moda portugueses surgiram e foram bem sucedidos desde os anos 80.

Museu Nacional do Traje em Portugal
O Museu Nacional do Traje e da Moda está localizado no Palácio Monteiro-Mor, em Lisboa, Portugal. Tem uma coleção de 33.000 itens, que inclui principalmente trajes masculinos e femininos dos séculos XVIII e XIX.

O museu está localizado em uma vasta propriedade adquirida pelo Estado Português em 1975. Esta propriedade – uma antiga quinta de recreação do século XVIII – tem uma extensa área verde agora aberta ao público e conhecida como – Parque Botânico Monteiro-Mor, e sua sede da sede em um edifício do século XVIII – o Palácio Angeja-Palmela.

Sua finalidade é estabelecer uma estratégia para a pesquisa, conservação e exibição pública de trajes e tecidos. Além disso, possui uma política de salvaguardar e promover o Parque Botânico Monteiro-Mor e apoiar esse patrimônio entre a comunidade.

Coleções
As coleções da instituição incluem coleções de roupas civis – mulheres, homens e crianças, nacionais e internacionais – e seus acessórios, fragmentos de tecidos e peças de bragal, materiais e equipamentos que atestam os processos de produção têxtil, de figurinos e acessórios.

As primeiras ofertas de peças datam de 1974 nos registros do Museu Nacional do Traje, todos eles de indivíduos. A coleção pública que integrou sua coleção veio do Museu Nacional dos Automóveis que, desde 1904, colecionou uma importante coleção de fantasias da Casa Real.