Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo

A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta sua nova exposição de longa duração Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo, que ocupa todo o segundo andar do edifício na Avenida Tiradentes, com obras de sua coleção, e marca um novo e notável palco da turnê centenária da Pinacoteca do Estado, que faz parte da rede de museus da Secretaria de Estado da Cultura. Sucede à exposição inaugurada em 1998, no mesmo espaço, no final da restauração do edifício, e que ficou em exibição até dezembro de 2010, cumprindo papel fundamental no fortalecimento da instituição.

O principal objetivo desta exposição é oferecer ao público uma leitura da formação da visualidade artística e da constituição de um sistema de arte no Brasil desde o período colonial até meados da década de 1930, centrado nas obras que compõem o acervo do museu. “Obedecendo a uma ordem cronológica, a exposição é baseada em dois eixos temáticos, essenciais na constituição e compreensão do desenvolvimento das práticas artísticas no país.

Por um lado, a formação de um imaginário visual sobre o Brasil – o conjunto de imagens sobre ele, suas relações e significados que eles produzem. Por outro lado, a formação de um sistema de arte no país – ensino, produção, mercado, crítica e museus – começou com a chegada da Missão Artística Francesa, a criação da Academia Imperial de Belas Artes e o programa artístico de embarque. O percurso das salas apresenta o desenrolar dessa história, seus personagens e conquistas … ”, afirma Ivo Mesquita, curador-chefe da Pinacoteca Estadual. Do ponto de vista da missão institucional, também visa proporcionar aos visitantes uma experiência qualificada em relação às obras expostas, por meio de uma série de propostas educacionais que buscam explorar múltiplos conteúdos de leitura, bem como sugerir relações com o edifício e suas obras. recordações.

A exposição é composta por cerca de 500 obras, incluindo pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e fotografias, de artistas fundamentais para a história da arte brasileira daquele período, como Debret, Taunay, Facchinetti, Almeida Junior, Eliseu Visconti, Pedro Alexandrino, Candido. Portinari, Lasar Segall, entre outros. Desse total, cerca de 300 obras passaram pelo processo de Conservação e Restauração, no ano passado, realizado inteiramente pela equipe técnica do museu. O espaço para exposições foi completamente reajustado, incluindo a troca do piso e a abertura dos sistemas de portas, e a melhoria dos sistemas de ar condicionado, iluminação e segurança.

A exposição cobrirá 11 quartos. Outros quatro, localizados nas extremidades do edifício, abrigam exposições temporárias que oferecem perspectivas sobre artistas, movimentos, períodos históricos ou contrapontos contemporâneos, relacionados à exposição a longo prazo. A exposição também abriga algumas propostas educacionais, que indicam outras possibilidades de leitura e interpretação das obras expostas. Nas paredes cinzentas, a arte em diálogo traz obras de artistas modernos e contemporâneos, também da coleção do museu, selecionada pelo Centro de Ação Educacional para estabelecer relações com questões abordadas pelas obras exibidas em cada sala. Uma Sala de Leitura fornece material bibliográfico e documental sobre a história da Pinacoteca de São Paulo e a arte no Brasil.

A Sala de Interpretação, em outro ponto da jornada, oferece a possibilidade de explorar aspectos da memória do local e do indivíduo, visitas ao museu e exposição a partir de elementos interativos, que registram presenças e impressões no contexto do espetáculo. Nos corredores, o conjunto de vitrines, pontua e comenta, com peças únicas da coleção, a narrativa dentro das salas de exposição. Nesse mesmo espaço encontra-se a Galeria Tátil de Esculturas Brasileiras, composta por 12 obras escolhidas para que visitantes com deficiência visual possam apreciá-las de forma autônoma, tocando-as e recebendo informações através de etiquetas e textos em dupla leitura (tinta e Braille), além de um guia de áudio. A seleção dos trabalhos foi realizada considerando a indicação do público com deficiência visual que participou de visitas guiadas à coleção do museu nos últimos cinco anos. Além disso, dimensão, forma, textura e diversidade estética, que facilitam a compreensão e apreciação artística dessas obras quando tocadas, foram outros critérios adotados para a escolha das esculturas.

A realização dessa iniciativa só foi possível graças à colaboração das Coleções Artísticas dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, da Fundação Crespi Prado e da Coleção de Arte da Cidade, do Centro Cultural São Paulo – Secretaria Municipal da Cultura, que cedeu obras de suas coleções, essenciais para a construção dos itinerários curatoriais propostos. Duas fontes de recursos do Governo do Estado de São Paulo viabilizaram a implementação deste projeto: o FID – Fundo Estadual de Defesa de Interesses Difusos, do Departamento de Justiça e Defesa da Cidadania, e recursos do Estado. Departamento de Cultura.

Mais do que uma contribuição para a história da arte no Brasil, um exercício de
museologia social e prática de ação educacional responsável, a exposição Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo é um passo decisivo no compromisso do museu de tornar realidade o direito individual de cada cidadão brasileiro de ter acesso efetivo a seu patrimônio cultural preservado.

Caminho da exposição:

Sala 1 – A tradição colonial
As obras contrastam a tradição artística do Brasil colonial, tão intimamente ligada ao tema religioso, à imaginação européia em relação ao país. A breve ocupação holandesa no nordeste daria origem às primeiras pinturas que buscam reproduzir o ambiente natural do país de acordo com as tradições européias de pintura de paisagem.

Sala 2 – Artistas viajantes
A sala reúne uma seleção de pinturas de paisagens executadas por artistas estrangeiros entre 1820 e 1890, aproximadamente. São esses artistas, genericamente chamados de “viajantes”, os responsáveis ​​pela introdução de gêneros já estabelecidos de arte européia no ambiente artístico brasileiro, como paisagem e natureza morta.

Sala 3 – A criação da Academia
Os trabalhos de Jean-Baptiste Debret, Nicolas Taunay e Zéphéryn Ferrez, artistas da Missão Francesa de 1816, sinalizam a criação da Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro e o estabelecimento, portanto, de um novo sistema baseado no modelo francês . Esta academia treina gerações de artistas, representados por Agostinho José da Motta e Pedro Américo, entre outros, responsáveis ​​pela disseminação do regime acadêmico, que estabelece novos padrões de gosto no ambiente artístico no Brasil.

Sala 4 – A Academia no final do século
A sala conta com obras de Rodolfo e Henrique Bernardelli, além de outros professores e alunos da Academia entre 1890 e 1915, como Zeferino da Costa, Belmiro de Almeida e Pedro Weingärtner.

Sala 5 – Educação acadêmica
A sala propõe uma reflexão sobre o sistema de ensino nas academias de artes, abordando alguns de seus principais aspectos: o exercício do desenho; estudos do corpo humano; cópias de pinturas dos grandes mestres e a viagem à Europa como prêmio pelo principal concurso proposto pela instituição.

Sala 6 – Os gêneros da pintura
A sala reúne brasileiros dos quatro gêneros propostos pela educação acadêmica – natureza morta, paisagem, retrato e pintura histórica – indicando o alcance e a longevidade do modelo francês divulgado pelas academias do mundo.

Sala 7 – Realismo burguês
A Academia é a base de um sistema artístico que pressupõe patrocínio. É inevitável que a produção acadêmica reflita valores importantes para certas classes sociais. No final do século XIX, as obras de Almeida Junior, Eliseu Visconti e Oscar Pereira da Silva, entre outras, reunidas nesta sala, revelam a consolidação de um gosto tipicamente burguês no Brasil.

Salas 8 e 9 – Das coleções ao museu
Essas salas reúnem obras de alguns dos grandes lotes de doações que constituíram a coleção da Pinacoteca do Estado, como a Família Azevedo Marques (1949), a Família Silveira Cintra (1956), Alfredo Mesquita (1976/1994), entre outras.

Sala 10 – Um imaginário de São Paulo
A sala propõe uma reflexão sobre a imagem que São Paulo busca projetar sobre si mesma a partir do final do século XIX. As telas nas quais Almeida Junior propõe a tipificação do
caipira paulista se opõem às imagens da transformação da paisagem urbana de São Paulo.

Sala 11 – O nacional em arte
Reunindo obras de diferentes períodos, a sala destaca uma questão que se estende por todo o século XIX no Brasil, permanecendo como uma questão para artistas e intelectuais do modernismo paulista: a criação de um ideal nacional nas artes.

Pinacoteca do Estado de São Paulo
A Pinacoteca do Estado de São Paulo é um dos mais importantes museus de arte do Brasil. Ocupa um edifício construído em 1900 no Jardim da Luz, centro de São Paulo, projetado por Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi para sede do Liceu de Artes e Ofícios. É o museu de arte mais antigo de São Paulo, fundado em 1905 e regulamentado como museu público estadual desde 1911.

Após a reforma realizada por Paulo Mendes da Rocha na década de 1990, tornou-se uma das instituições culturais mais dinâmicas do país, integrando-se ao circuito internacional de exposições, promovendo diversos eventos culturais e mantendo uma produção bibliográfica ativa. O Pina, como também é conhecido, também administra o espaço Estação Pinacoteca, ou Pina Estação, instalado no antigo prédio do DOPS em Bom Retiro, onde realiza exposições temporárias de arte contemporânea, a Biblioteca Walter Wey e o Centro de Documentação e Memória da instituição.

A Pinacoteca abriga uma das maiores e mais representativas coleções de arte brasileira, com mais de dez mil peças que cobrem principalmente a história da pintura brasileira nos séculos XIX e XX. Destaca-se também a Coleção Brasiliana, integrada por obras de artistas estrangeiros que trabalham no Brasil ou inspiradas na iconografia do país, a Coleção Nemirovsky, com um conjunto expressivo de obras-primas do modernismo brasileiro e, mais recentemente, a Coleção Roger Wright, recebida em empréstimos em Janeiro de 2015.