Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro, Brasil

A Abadia de Nossa Senhora de Montserrat, mais conhecida como Mosteiro de São Bento, é uma abadia beneditina localizada no Morro de São Bento, no centro do Rio de Janeiro, Brasil. A igreja de estilo maneirista é um exemplo primário da arquitetura colonial portuguesa no Rio e no país.

A abadia foi fundada por monges beneditinos que vieram do estado da Bahia em 1590. Ainda hoje está em operação, junto com o Colégio de São Bento nas proximidades. A faculdade, fundada em 1858, é um dos estabelecimentos educacionais tradicionais mais importantes do Brasil e tem muitos ex-alunos famosos. A abadia inclui a Faculdade de São Bento (Seminário São Bento), com cursos de teologia e filosofia reconhecidos pelo Ministério da Educação. Os estudos teológicos do mosteiro também são afiliados ao Pontifício Atheneum de St. Anselm, em Roma.

História
O trabalho no mosteiro de São Bento começou em 1633, com base em um projeto de 1617, e importantes modificações e expansões foram realizadas no final do século XVII. O mosteiro ainda funciona como tal, ao lado de um dos estabelecimentos educacionais mais importantes e tradicionais do Brasil: o Colégio de São Bento, fundado em 1858, que formava um número considerável de personalidades brasileiras, como Pixinguinha, Benjamin Constant, Noel Rosa, Antônio Silva Jardim, Villa-Lobos, entre outros. O Mosteiro também possui a Faculdade de São Bento, com cursos de Filosofia e Teologia, ambos reconhecidos pelo Ministério da Educação. O Curso de Teologia é afiliado ao Pontifício Ateneu Anselmo de Roma.

A história do mosteiro começou em 1586, quando foi doado pelo nobre Manoel de Brito e seu filho Diogo de Brito de Lacerda aos monges beneditinos Pedro Ferraz e João Porcalho, um vasto pedaço de terra no centro da cidade do Rio de janeiro que incluía o atual Morro de São Bento. Na época, os monges residiam, como explica o historiador do Rio Vivaldo Coaracy na página 145 do “Rio de Janeiro no século XVII”, em um “hospício apertado” ao lado da Capela de Nossa Senhora da Conceição, eremitério de barro que erigido por Aleixo Manuel no atual Morro da Conceição, localizado próximo ao Morro de São Bento.

Por esse motivo, o mosteiro então criou adotou, como padroeira, Nossa Senhora da Conceição. Em 1596, uma decisão da Junta Geral da Congregação Portuguesa ordenou que todos os mosteiros beneditinos no Brasil tivessem, como padroeiro, São Bento. O mosteiro acrescentou então o nome “São Bento” à sua denominação. Em 1602, o então “Mosteiro de São Bento de Nossa Senhora da Conceição” mudou seu nome para “Mosteiro de Nossa Senhora de Montserrat”, para homenagear o santo da devoção do então Governador da Capitania do Rio de Janeiro, Dom Francisco de Souza. Os recursos financeiros necessários para a construção do atual prédio vieram da receita obtida com a produção de cana-de-açúcar nas inúmeras propriedades que os monges receberam, por meio de doações, na Capitania do Rio de Janeiro, principalmente nas regiões de Nova Iguaçu e Campos dos Goytacazes.

O trabalho manual na construção do mosteiro foi realizado por escravos. As pedras utilizadas como matéria-prima vieram do Morro da Viúva, no atual bairro do Flamengo. Os planos para o novo edifício foram elaborados em 1617 pelo engenheiro militar português Francisco Frias de Mesquita, de acordo com a estética maneirista despojada (“chã”) predominante em Portugal na época. As obras da igreja só começaram em 1633, pela capela-mor, quando o frade Francisco da Madalena era abade, por volta de 1651, e prosseguiram com ênfase para terminar em aproximadamente 1671. O projeto original foi alterado, durante a construção, pelo arquiteto Frei Bernardo de São Bento Correia de Souza e a igreja passou de a para ter três navios. O mosteiro anexo à igreja só foi concluído em 1755, com a construção do claustro, projetado pelo engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim.

Igreja Abacial
A Igreja Abacial é uma das igrejas mais bonitas do Rio de Janeiro – se não a mais bonita – e um dos principais monumentos do barroco luso-brasileiro. A construção da igreja começou em 1633 e durou mais de cem anos, com as obras sendo concluídas em 1798 – pequenas mudanças ocorreram mais tarde. A fachada da igreja é muito simples, contrastando com a riqueza do interior. O trabalho da escultura em madeira dourada foi realizado entre 1694 e 1734.

A igreja e o edifício do mosteiro são obras de quatro monges do século XVII: Frei Leandro de São Bento e Frei Bernardo de São Bento Corrêa de Souza, arquitetos, Frei Domingos da Conceição da Silva, escultor e Frei Ricardo do Pilar, pintor. Também vale mencionar o Mestre Inácio Ferreira Pinto, um grande escultor e escultor da capela-mor na segunda metade do século XVIII. A Igreja Abacial compreende especialmente uma nave central, em frente à qual está a capela principal, integrada pelo altar principal, o coro (onde os monges estão em seus momentos de oração) e o trono onde, no degrau mais alto, está a imagem da padroeira do mosteiro, Nossa Senhora de Monserrate.

À esquerda dos que olham para o altar principal fica a Capela do Santíssimo Sacramento e, em seguida, os altares de São Mauro, Nossa Senhora do Pilar e São Caetano. À direita estão os altares de Nossa Senhora da Conceição, São Lourenço, Santa Gertrudes e São Brás. Ao lado da porta de entrada estão as “capelas falsas” de Beata Ida de Louvain (à esquerda de quem sai) e Santa Francisca Romana (no lado oposto).

Muitos detalhes merecem ser observados na igreja: o corta-vento encimado pelo brasão de armas da Congregação Beneditina de Portugal e também da Congregação Beneditina do Brasil, sua herdeira; as duas grandes lâmpadas de prata, que ladeavam o altar central, foram concluídas em 1795; o órgão da coroa (1773), no centro do coro superior; toda a bela escultura do corpo da igreja, vendo aqui e ali muitos anjos e pássaros; os dois grandes anjos da tocha na entrada da capela-mor; as doze imagens na nave central, representando quatro papas, quatro bispos e quatro reis, santos da Ordem Beneditina. O batistério no local atual, na parte de trás da igreja, é de 1977, sendo a fonte de pedra-sabão do século XVIII de Minas Gerais. No interior, há uma imagem de São Cristóvão do século XVIII.

Na capela-mor você pode ver o belo piso de mármore e as 14 pinturas de Frei Ricardo do Pilar (óleo sobre madeira), representando especialmente as aparições de Nossa Senhora aos santos beneditinos. Ao fundo, ladeando Nossa Senhora da Monserrate, estão as imagens de São Bento e sua irmã Santa Escolástica. A sacristia (dentro do claustro e fechada aos visitantes), foi construída entre 1670 e 1673 e abriga o altar do Senhor dos Martírios, encimado pela pintura mais importante da época (1690) no Brasil, de Frei Ricardo do Pilar.

Dignos de nota são os três portões de ferro fundido, que vieram da Inglaterra em 1880 e contêm referências aos santos representados dentro da igreja; e os doze sinos das torres, restaurados em 2007, seis dos quais vieram da Alemanha em 1953: o “Cristo Rei” é o maior, com 5.750 quilos, localizado na torre à esquerda (de frente para a fachada), o restante são consagrados a Nossa Senhora, os Santos Anjos, São José, São Pedro e São Paulo e São Bento. Há também seis pequenos sinos, do século XVII (martelados), tocados pelo Angelus.

Arquitetura
A fachada é o projeto maneirista original, com um corpo central com três arcos de entrada e um frontão triangular. A entrada é ladeada por duas torres coroadas por pináculos piramidais. Passando pelos arcos de entrada é uma galiléia com azulejos e portões de ferro do século XIX.

Interior
O interior da igreja é muito rico, completamente forrado de talha que vai do estilo barroco do final do século XVII ao rococó da segunda metade do século XVIII. O primeiro escultor ativo na igreja foi o monge português Frei Domingos da Conceição (c. 1643 – 1718) que projetou e esculpiu parte da nave e capela-mor (a capela foi posteriormente substituída). As magníficas estátuas de São Bento e Santa Escolástica são suas e, no altar principal da igreja, Nossa Senhora do Monte Serreado (dona da igreja), além de outras obras. A partir de 1714, seu projeto foi seguido pelos escultores Alexandre Machado Pereira, Simão da Cunha e José da Conceição e Silva, que esculpiram a maior parte da escultura da nave e várias imagens.

Entre 1789 e 1800, ele trabalhou na igreja, um dos grandes escultores do Rococó do Rio de Janeiro, Inácio Ferreira Pinto. Mestre Inácio refez a capela-mor (1787 – 1794), preservando, no entanto, detalhes anteriores, como as telas da vida dos santos beneditinos, pintadas entre 1676 e 1684 pelo monge alemão Frei Ricardo do Pilar. A bela capela rococó de Santíssimo Sacramento (1795 – 1800) também é obra de Mestre Inácio. As lâmpadas próximas à capela-mor foram projetadas e executadas entre 1781 e 1783 por Mestre Valentim. Na sacristia do mosteiro, há a obra-prima do pintor Frei Ricardo, uma tela representando o Senhor dos Mártires, pintada por volta de 1690.

Dentro da igreja, há também sete capelas laterais da irmandade: Capela de Nossa Senhora da Conceição, Capela de São Lourenço, Capela de Santa Gertrudes, Capela de São Brás, Capela de São Caetano, Capela de Nossa Senhora do Pilar e Capela de Santo Amaro.

Atualmente, há visitas monitoradas à igreja, onde são apresentadas e explicadas obras, imagens, esculturas e estilos arquitetônicos, entre outros.

Administração
A abadia foi uma das poucas abadias territoriais remanescentes no mundo até 2003, quando foi incorporada à Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Abades
O atual Abade do Mosteiro do Rio de Janeiro é Dom Filipe da Silva, nomeado para o cargo pela Santa Sé em 3 de novembro de 2012 e instalado em 1º de dezembro do mesmo ano. O Mosteiro possui dois Abades eméritos: Dom José Palmeiro Mendes, que foi o último Abade Territorial do Mosteiro (1992-2003) e Dom Roberto Lopes (2004-2010).

Monges (professos solenemente)
Sacerdotes
– Dom Filipe da Silva (abade) – Dom José Palmeiro Mendes (abade emérito) – Dom Roberto Lopes (abade emérito) – Dom Anselmo Chagas de Paiva – Dom Basílio Silva – Dom Eduardo de Souza Schulz – Dom Emanuel Oliveira de Almeida – Dom Gregório Pereira Lima – Dom Henrique de Gouvêa Coelho – Dom Justino de Almeida Bueno – Dom Matias Fonseca de Medeiros – Dom Paulo Soares de Azevedo Coutinho – Dom Plácido Lopes de Oliveira – Dom João Batista Estevo Ferreira (diácono)

Não sacerdotes
– Irmão Adalberto Chalub – Dom Agostinho de Oliveira Martins – Dom Bento de Aviz – Dom Cassiano Capelli Gastaldi – Irmão Daniel Rodrigues Marques – Dom Gabriel Ferreira da Silva – Dom João Evangelista Martins Afonso de Paiva – Dom Mauro Victor Murilo Maia Fragoso – Dom Policarpo Nascimento da Luz – Dom Simeão Martins Santos

Horário de funcionamento
O mosteiro está aberto diariamente das 6:30 às 18:30.

É necessário vestuário adequado para entrar no templo.

O claustro do mosteiro não está aberto aos visitantes. Em algumas datas litúrgicas, como na Festa da Apresentação do Senhor (2 de fevereiro), no Domingo de Ramos, em Corpus Christi e no Dia das Almas (2 de novembro), os monges promovem uma procissão que passa pelo claustro do mosteiro . Nessas ocasiões, os fiéis que participam da missa são convidados a participar da procissão – que não pode ser confundida com uma visita turística (fotos e filmagens são proibidas).

Missa dominical
A tradicional missa dominical no Mosteiro de São Bento, às 10 horas, celebrada com órgão e canto gregoriano, único na capital do estado, atrai muitos visitantes. É um evento que faz parte do itinerário turístico da cidade; tão lotado que é recomendável chegar com trinta minutos de antecedência. Orquestras e grupos de música de câmara também são realizados regularmente no mosteiro.