Galeria Adriana Varejão, Instituto Inhotim

Adriana Varejão escolheu o campo da pintura para desenvolver seu trabalho. Sua produção inclui fotografia, escultura e instalação, mas sobretudo pintura, no sentido mais clássico do termo, através do uso de materiais e técnicas característicos, que é, historicamente, a linguagem mais nobre e mais apreciada do mundo. Artes visuais. Nos trabalhos aqui reunidos, é possível acompanhar a diversidade de interesses em seu trabalho e a variedade de fontes de sua pesquisa – abstração, ruína, monumento, monocromatismo, violência; história, ciências naturais, arquitetura.

Iniciando o percurso, está o Panacea phantastica (2003-2007), um conjunto de azulejos que retrata 50 tipos de plantas alucinógenas de diferentes partes do mundo. Concebido como um múltiplo que pode se adaptar a qualquer arquitetura, o trabalho aqui se tornou um banco na entrada do pavilhão, um espaço de contemplação e convívio. Em um dos ladrilhos, um texto sugere a relação entre os efeitos alucinógenos das plantas e as mudanças na percepção que também podem ser causadas pela arte. O azulejo, um dos motivos recorrentes da obra de Varejão, reaparece em Linda do Rosário (2004) e em O colecionador (2008).

Um dos trabalhos mais importantes da série Charques. Nestas esculturas, a arquitetura está associada ao corpo e o material de construção se torna carne. A obra foi inspirada no colapso do Hotel Linda do Rosário, no centro do Rio de Janeiro, em 2002, cujas paredes de azulejos caíram sobre um casal em uma das salas do edifício. O colecionador, por sua vez, é a maior pintura da série Saunas e usa uma paleta quase monocromática para criar um labirinto interno idealizado. Com seu jogo de luz e sombra, a pintura evoca espaços de prazer e sensualidade e reflete a arquitetura do pavilhão, propondo uma continuidade virtual do espaço.

Biografia
Adriana Varejão (Rio de Janeiro, Brasil) é uma artista brasileira contemporânea. Em 2008, um pavilhão permanente dedicado às obras de Varejão foi inaugurado no Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Brumadinho, Minas Gerais.

Adriana Varejão recebeu o Prêmio Mario Pedrosa (artista da linguagem contemporânea), da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e o Prêmio Grand Critics, da Associação de Críticos de Arte de São Paulo (APCA), pela exposição “Histórias à margem” , realizada em 2012/13 no MAM SP, MAM Rio e MALBA.

Participou de várias exposições nacionais e internacionais, entre elas, na Bienal de São Paulo, na Tate Modern em Londres e no MoMa em Nova York. Ela trabalha muito com azulejos e está entre os mais bem-sucedidos no circuito mundial.

Nascida no Rio de Janeiro, Varejão passou parte de sua infância em Brasília. Em 1981, ingressou no curso de engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, abandonando-o no ano seguinte. Desde 1983, estudou nos cursos gratuitos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e alugou um estúdio no bairro Horto com outros alunos. Em 1985, ele viaja para Nova York e tem contato com a pintura do alemão Anselm Kiefer e do americano Philip Guston. Em 1986, recebeu o Prêmio de Aquisição do 9º Salão Nacional de Artes Plásticas, promovido pela Fundação Nacional de Artes.

Ela realizou sua primeira exposição individual em 1989 no U-ABC, Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal.

Através da reinterpretação de elementos visuais incorporados à cultura brasileira pela colonização, como a pintura de azulejos portugueses, ou a referência à crueza e agressividade do material em obras com “carne”, o artista discute relações paradoxais entre sensualidade e dor (fetiches ), violência e exuberância. Suas obras mais recentes trazem referências focadas na arquitetura, inspiradas em espaços como açougues, tabernas, saunas, piscinas, etc., e abordam questões de pintura tradicional, como cor, textura e perspectiva.

Influências
Referências aos efeitos do colonialismo do Brasil pela Europa são evidentes em sua obra, além de história e ilusão de arte. Seu trabalho alude à expansão e transformação da identidade cultural, mas continua o uso de seu tema de entender o passado, a fim de entender o presente.

A antropologia cultural, ou o processo de absorção e incorporação de influência estrangeira na cultura brasileira nativa, inspira grande parte do trabalho de Varejão. Esse movimento é evidente ao longo da história do Brasil até o presente e a dicotomia de diversidade e unidade é um tema comum entre os artistas brasileiros contemporâneos. Nos trabalhos de Varejão, ela examina esse tema nos contextos de raça, corpo, identidade e efeitos do colonialismo.

meios de comunicação
Com base nas tensões que envolvem raça e etnia no Brasil, Varejão usa instalação, pintura a óleo e desenho para comentar sobre a percepção de raça no Brasil no século XXI. Ela geralmente começa com uma tela, adicionando materiais como porcelana e cerâmica. Em seu trabalho intitulado “Polvo”, exibido no Lehman Maupin em 2014, Varejão combina teoria das cores e casta (uma teoria social que influenciou as pinturas européias da conquista do Brasil), para examinar a norma de definir raça em termos de cor da pele. As séries de autorretratos quase idênticos que compõem a maior parte da obra foram exibidas com títulos individualizados que explicavam as únicas diferenças dos retratos: os títulos foram gerados pelo censo brasileiro de 1976, que pediu aos brasileiros pela primeira vez suas definições de próprio tom de pele; as respostas variaram de branquinha, “branca de neve”, a morenão, mais ou menos “cara grande e preto”.

Trabalho
Um dos maiores projetos do artista até o momento foi inaugurado recentemente no Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Brasil – um pavilhão comissionado especialmente projetado em colaboração com o arquiteto Rodrigeo Cervino Lopez. Seu trabalho está incluído em várias coleções em todo o mundo, algumas das quais são o Museu Solomon R. Guggenheim, em Nova York, a Tate Modern, em Londres, e o Museu de Arte Contemporânea de San Diego, entre outros.

luzes

Carnívoros, 2008
óleo e gesso sobre tela

Celacanto causa maremoto, 2004-2008
óleo e gesso sobre tela

Linda do Rosário, 2004
óleo sobre alumínio e poliuretano

O colecionador, 2008
óleo sobre tela

Panacea phantastica, 2003-2008
serigrafia em azulejos

Passarinhos – de Inhotim a Demini, 2003-2008
pintura em azulejos [pintura à mão de Beatriz Sauer]

Instituto Inhotim
O Instituto Inhotim está localizado em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais e a terceira maior área metropolitana do Brasil. Inhotim possui uma coleção de arte de relevância internacional, localizada a 140 hectares de florestas e jardins botânicos.

A instituição surgiu em 2004 para abrigar a coleção de Bernardo Paz, empresário da indústria de mineração e aço, casado com a artista carioca Adriana Varejão, e há 20 anos começou a descartar sua valiosa coleção de arte modernista, que incluía obras de Portinari, Guignard e Di Cavalcanti, para formar a coleção de arte contemporânea que agora se encontra em Inhotim. Em 2014, o museu ao ar livre foi eleito, pelo site do TripAdvisor, um dos 25 museus do mundo melhor classificados pelos usuários.

Além das galerias dedicadas a apresentações individuais do artista e das obras permanentes ao ar livre, as galerias Fonte, Lago, Mata, Praça e Galpão abrigam exposições temporárias extraídas da crescente coleção de arte contemporânea, que agora consiste em mais de 700 obras de 200 artistas de diferentes países. ao redor do mundo. Ao colaborar com artistas na encomenda de novas obras e na adaptação das existentes a novos espaços, os projetos artísticos de Inhotim lidaram com a paisagem e a natureza e acumularam um impressionante grupo de obras de grande escala. Tendo surgido de um jardim privado, o Inhotim desenvolveu uma intensa linha de trabalho voltada à preservação e desenvolvimento da vegetação e à pesquisa botânica, buscando novas formas de preservar a biodiversidade da região e do Brasil.

Paralelamente ao seu papel cultural, atividade que qualificou o instituto como uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). Em 2010, a instituição recebeu o título oficial de Jardim Botânico pela Comissão Nacional de Jardins Botânicos. A exuberante coleção botânica é mostrada nos jardins da instituição e contém cerca de 5.000 espécies de plantas, muitas delas ameaçadas de extinção.