Museu Chácara do Céu, Rio de Janeiro, Brasil

O Museu da Chácara do Céu é um museu de arte localizado no bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Integra, juntamente com o Museu Weir, os Museus Castro Maya.

História
A sede do museu é uma das antigas residências do empresário, conhecida desde 1876 como Chácara do Céu, no bairro de Santa Teresa. Castro Maya herdou a casa em 1936. O prédio foi demolido em 1954 e em seu lugar o arquiteto Wladimir Alves de Souza projetou uma residência com características modernistas integradas aos belos jardins que permitem uma vista magnífica da cidade do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara . Hoje, além de exposições temporárias e de longo prazo, o museu mantém duas salas originalmente mobiladas e climatizadas, a fim de preservar o caráter da residência do local.

O Museu Chácara do Céu exibe coleções de arte de diferentes períodos e de diferentes origens, livros raros, móveis e artes decorativas, distribuídos em uma casa de três andares. A casa em Santa Teresa, conhecida desde 1876 como Chácara do Céu, foi herdada por Castro Maya em 1936.

Foi demolido em 1954 e em seu lugar o arquiteto Wladimir Alves de Souza projetou uma residência com características modernas integradas aos jardins que permitem uma vista magnífica da cidade do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara. Hoje, além das exposições temporárias e de longo prazo, o museu mantém dois quartos originalmente mobilados e decorados, a fim de preservar o caráter da residência do local.

O museu é originário da coleção particular do empresário e patrono Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894 – 1968), parcialmente herdado de seu pai, parcialmente adquirido por ele. Raymundo Castro Maya organizou, em 1963, uma fundação para gerenciar seus ativos. O Museu Chácara do Céu foi criado em 1972. Em 1983, a fundação foi extinta e a propriedade, reorganizada sob o nome de Museus Castro Maya, foi absorvida pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico.

Filosofia
O museu está alinhado com a filosofia de trabalho estabelecida por seu fundador, divulgando sua coleção em exposições com curadoria, continuando projetos como os Amigos da Gravura, edições especiais de obras de artes gráficas e realizando trocas culturais entre diferentes instituições, como o Encontro de Colecionadores projeto, que expõe coleções particulares raramente acessíveis ao público.

Além desses projetos eminentemente artísticos, há outros de caráter editorial e biográfico, preservando a memória de Castro Maya, que também era bibliófilo. A museografia utilizada respeita alguns ambientes da maneira como eram usados ​​quando a casa era residência. .

Raymundo Ottoni de Castro Maya (Paris, 1894 – Rio de Janeiro, 1968) era um empresário brasileiro, ativo em atividades industriais (fabricação de óleos vegetais para uso doméstico e industrial) e em atividades comerciais (atacado de tecidos), que se destacavam acima tudo como um grande colecionador de arte, formando uma grande coleção, que mais tarde se tornaria objeto da Fundação Castro Maya, que os mantém em exposição permanente no Museu Chácara do Céu e no Museu Açude, ambos abertos ao público em sua época. residências, em Santa Teresa e Alto da Boa Vista, respectivamente, na cidade do Rio de Janeiro.

Foi sua atividade como colecionador e homem das artes, que permitiu ao Brasil colecionar uma rara coleção de obras de alta representação artística.

Entre inúmeras iniciativas no campo cultural, Castro Maya: criou a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, em 1943, preenchendo uma lacuna cultural existente, promovendo a edição de 23 livros; criou a Sociedade dos Amigos da Gravura, em 1952, contribuindo para difundir o gosto pela gravura, como expressão artística; ele foi um dos fundadores do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1948, do qual foi seu primeiro presidente; coordenou o comitê organizador do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro em 1964/1965; ele desempenhou importantes funções na Câmara do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Conselho Federal de Cultura, para a qual foi nomeado em 1967; livros editados por Debret (Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, 1954) e Gilberto Ferrez (A cidade muito leal e heroica de São Sebastião do Rio de Janeiro, 1965); publicou seu livro, sobre a Floresta da Tijuca, em 1967.

Por fim, ele criou seu maior legado para o povo do Rio de Janeiro: a Fundação Raymundo Ottoni de Castro Maya, registrada em 1963, que abriu ao público 22 mil peças adquiridas e coletadas ao longo de sua vida e, finalmente, expostas no Museu do Açude em 1964 e no Museu da Chácara do Céu em 1972, este último após sua morte.

Coleção
A coleção Castro Maya tem um perfil eclético baseado em múltiplos interesses. Os aproximadamente 17.000 itens cobrem as artes plásticas, bem como artes aplicadas, artes decorativas e coleções de livros. As artes plásticas totalizam cerca de 3.500 peças, divididas em coleções de arte oriental, braziliana, arte brasileira moderna, arte folclórica brasileira e arte européia dos séculos XIX e XX, além de alguns exemplos de obras e obras clássicas do século XVII. e séculos XVIII.

A moda de colecionar associada ao século XIX inspirou o acúmulo dos primeiros itens da coleção Castro Maya. Objetos das artes decorativas, principalmente orientais, adquiridos na França ou em viagens ao Oriente predominaram nesse período.

A preocupação do modernismo brasileiro com um projeto de identidade nacional que englobava as questões de arte, história e patrimônio, exemplificado na dicotomia entre tradição e modernidade, despertou o interesse da elite brasileira em coletar imagens e registros do passado do país. . Isso levou a um grande interesse na coleção de Braziliana. Naturalmente, tornou-se uma missão para a coleção Castro Maya coletar Braziliana, remontando seu passado e sua individualidade.

A coleção do museu é dividida em setores:

Arte européia, com pinturas, desenhos e gravuras de mestres europeus do tamanho de Matisse, Modigliani, Degas, Seurat e Miró;
Arte Brasileira, focada na produção brasileira moderna, com nomes como Guignard, Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Antonio Bandeira, Eliseu Visconti e Portinari;
Coleção Brasiliana, com mapas antigos, pinturas e outras ilustrações da paisagem e tipos humanos no Brasil do século XIX, muitas feitas por artistas como Rugendas, Chamberlain e Taunay, destacando mais de 500 originais de Jean-Baptiste Debret, adquiridos em Paris.
A Biblioteca Castro Maya possui cerca de oito mil volumes entre livros de arte, literatura brasileira e europeia, além de algumas publicações importantes dos primeiros viajantes do século XIX: Maria Graham, Maximilian von Wied-Neuwied, Henry Chamberlain, William Gore Ouseley e Victor Frond.

Exibição

Hall de entrada
Recepção, loja e parte da coleção de arte brasileira.

Segundo andar
Projetado para a arte européia, parte da coleção de arte oriental, móveis, peças decorativas, livros raros e exposições temporárias. Nesse andar estão os dois ambientes originais da antiga residência: a Biblioteca e a Sala de Jantar. No primeiro, há o acervo bibliográfico de obras raras, que pode ser consultado mediante agendamento. Há também cópias da coleção de arte moderna européia. A sala de jantar, por outro lado, exibe objetos de diferentes épocas e origens e faz alusão ao personagem do anfitrião de Castro Maya. O Winter Garden é a principal sala de exposições temporárias do Museu Chácara do Céu.

Terceiro andar
No salão, são exibidas telas da coleção Brasiliana ao lado do conjunto de móveis brasileiros. O antigo quarto de hóspedes abriga a outra parte da coleção de arte brasileira, incluindo uma seleção da coleção de arte popular.

As antigas instalações pessoais de Castro Maya são as outras salas de exposições temporárias, que recebem principalmente as obras dos artistas do projeto Os Amigos da Gravura (vestiários e dormitórios) e destinam-se principalmente a obras de arte em papel, com ênfase no display mostrando seleções de aquarelas de Jean-Baptiste Debret e a série de desenhos “Don Quixote”, de Candido Portinari.

luzes

Lustre (1751-1800)
por Unknown
A peça pertencia originalmente a uma igreja barroca em Minas Gerais e foi adquirida por Castro Maya em Congonhas na primeira metade do século XX.

Paisagem brasileira (ca. 1637-1669)
por Frans Post
Confirmando seu interesse em construir uma coleção com grande ênfase em obras de arte relacionadas à história do país, Castro Maya adquiriu essa tela em 1950. Faz parte de um conjunto de obras produzidas pelo artista flamengo Franz Post, membro da delegação de Maurício de Nassau, que chegou ao país em 1637. São as primeiras imagens das terras do Novo Mundo pintadas pelos europeus a partir de observação direta.

Nesta foto, o pintor retrata uma plantação de açúcar no Nordeste em pleno fluxo de processamento e produção de cana, além da vegetação tropical que tanto encantou o olhar europeu.

Café (ca. 1818)
por Jean Baptiste Debret
A coleção de Braziliana de Castro Maya foi considerada a coleção particular mais importante do Brasil na década de 1950, com destaque para mais de 500 obras originais de Jean-Baptiste Debret.

Queima de Judas (1823)
por Jean Baptiste Debret
Durante o século XIX, foram artistas estrangeiros que gravaram imagens do Brasil. A Europa romântica abrigava um grande interesse em territórios distantes carregados de exotismo e buscava avidamente conhecimento de ambientes e sociedades tão diferentes dos seus.

Mulher negra tatuada vendendo frutas de caju (1827)
por Jean Baptiste Debret
O retrato do Brasil composto por Debret entre 1816 e 3131 permaneceu no exterior por cerca de um século, até Castro Maya repatriar essas obras da França no início da década de 1940.

Vista da Colina Gloria, Praia e Igreja (ca. 1817)
por Nicolas Antoine Taunay
Duas pinturas a óleo de Nicolas Antoine Taunay, um dos principais pintores participantes da Missão Artística Francesa que chegou ao Brasil em 1816, foram adquiridas pelo pai de Castro Maya em leilões parisienses em 1892. Mais tarde, Castro Maya dobrou esse número com a compra de pinturas pertencente a Djalma da Fonseca Hermes. Em 1953, as obras foram exibidas na II Bienal de São Paulo, em uma sala dedicada à paisagem brasileira até 1900, para a qual a coleção Castro Maya contribuiu com 11 obras.

A fazenda em Saint-Simeon (1856)
de Eugène Boudin
O trabalho foi adquirido por Castro Maya em 1923 em uma exposição de arte francesa no Rio de Janeiro e marca o início de sua atividade como colecionador de arte. Nesse momento, em sua primeira aquisição, Castro Maya mostra afinidade com os parâmetros de seleção que orientaram a formação da coleção de seu pai. Ele tendia às pinturas de artistas contemporâneos, expostas nas salas e com um tema predominantemente realista, embora um pouco idealizado, mas que assegurava um padrão de narrativa e legibilidade sem incorrer na ruptura estética articulada pelo impressionismo.

Os penhascos de Etretat (1869)
de Gustave Courbet
O perfil da coleção Castro Maya deriva, em grande parte, da aspiração de criar um panorama da evolução dos movimentos artísticos modernos, com um horizonte internacional, da Constantin Guys à abstração, através do impressionismo, do cubismo e de outras escolas. Enquanto isso, o filho de um colecionador, Raymundo, herdou a vocação de seu pai, bem como uma série de pinturas de paisagens francesas de meados do século XIX. As obras mais significativas de membros proeminentes da escola de Barbizon, como Theodore Rousseau e Félix Ziem, ou a Escola Realista de Courbet, foram vendidas em leilões de Paris ou galerias de arte entre 1890–1920.

Retrato de mulher (1918)
por Jean Metzinger
Na década de 1940, a pintura pertencia à coleção Marques Rebello e, como tal, foi exibida na exposição Pintura européia contemporânea, organizada por Castro Maya para inaugurar as atividades do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, do qual foi fundador e presidente até 1952 Em 1961, Castro Maya teve a oportunidade de adicioná-lo à sua coleção através de uma compra feita na galeria de arte Barcinsky no Rio de Janeiro. Participando dos estágios iniciais do cubismo, Metzinger escreveu o tratado Du Cubisme em 1912, em colaboração com Albert Gleizes, que propunha uma base teórica para o movimento.

Marinho (1896)
por João Batista Castagneto
Um dos artistas brasileiros associados à pintura da academia que fazem parte da coleção Castro Maya, pode-se dizer que todos são pintores que apresentaram inovações formais e temáticas em relação aos padrões canônicos da época.

A tela de Castagneto, por seu tratamento estético, lembra diretamente uma pintura de transição para a arte moderna, mais preocupada com as questões de coloração, luminosidade e expressão pessoal do artista.

Carrinho de bebê (ca. 1911-1916)
de Eliseu d’Angelo Visconti
Visconti era tradicionalmente “lido” na época como impressionista nacional e, portanto, um predecessor direto do modernismo.

Os Noivos (1937)
de Guignard
A pintura, que anteriormente pertencia à coleção Correa de Araújo, exemplifica, em certa medida, algumas das idéias postuladas pelo modernismo brasileiro e seu ambicioso projeto de representar a vida nacional e afirmar os traços específicos de nossa cultura.

Possui uma linguagem formal mais moderna, que apresenta os elementos que constroem um retrato de nacionalidade, com ênfase na cultura popular na figura do casal dos estratos mais baixos da sociedade e na sala decorada com cores vivas, bandeira e símbolos brasileiros da religião popular.

Menino com Pião (1947)
por Candido Portinari
Castro Maya foi patrono e amigo de artistas brasileiros de sua época, especialmente Candido Portinari, com quem desenvolveu muitos projetos desde a década de 1940 até a morte do artista. Essa relação de vinte anos resultou no acúmulo de 168 obras originais, incluindo pinturas, desenhos, gravuras e ilustrações de livros, fazendo desta uma das maiores coleções públicas da obra do pintor.

Estação de Rádio PRA 8 (ca. 1950)
por Mestre Vitalino
A partir de 1950, peças de ceramistas e pinturas do nordeste de artistas populares e emergentes fazem parte da coleção Castro Maya, sendo a primeira aquisição um lote de figuras de Vitalino. Castro Maya marcou sua participação no processo de reconhecimento e aclamação que a arte popular ou regional receberia das elites intelectuais.

A Cidade Grande (1957)
por Antônio Bandeira
Nos anos 50, a coleção de Castro Maya começou a contar com obras não figurativas. Todos estão alinhados com as correntes informais de abstração, caracterizadas pela expressão da subjetividade do artista e geralmente pelo lirismo ou pela emoção, em oposição a aspectos construtivos, nos quais os trabalhos se distinguem por formas geométricas.

Conservação
O Museu Chácara do Céu, por ter sido construído para ser residência, apresenta inúmeras deficiências em relação às necessidades específicas inerentes às atividades de um museu. Como resultado, existem espaços físicos com alta taxa de ocupação, com prejuízo da segurança, manuseio e conservação de coleções e serviços ao público. Diante dessa realidade, é necessário construir um anexo que, além de cumprir os objetivos mencionados acima, proporcionará também um acesso novo e mais confortável ao Museu, permitindo a entrada de visitantes em transporte público, através de um plano inclinado que levará ao nível do piloto, o principal acesso à casa, sem ter que percorrer um longo caminho em uma encosta atualmente exigida pelos pedestres para acessar o Museu Chácara do Céu.

A primeira etapa do trabalho, iniciada em 2009, com apoio do BNDES e recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, foi suficiente para fundações e cortinas. A segunda etapa, iniciada em julho de 2014, com recursos da PETROBRAS, foi concluída em abril de 2015. Continha a estrutura e a superestrutura de concreto. A terceira etapa consistiu na estrutura / subestação e leito do plano inclinado, com recursos do Fundo Nacional de Cultura – FNC. Após o término da quarta etapa da obra, em andamento, finalmente teremos um novo acesso de pedestres ao Museu Chácara do Céu, com a inauguração do plano inclinado, graças à contribuição do IBRAM / MinC.