História da arquitetura de Portugal

Desde o segundo milênio antes do nascimento de Cristo, que existe no território hoje conhecido como Portugal, importantes edifícios no panorama da arquitetura nacional. Construída antes da chegada dos romanos, a Citânia de Briteiros, em Guimarães, é um bom exemplo da arquitetura nativa, desenvolvida na Idade do Ferro. As casas eram redondas, feitas de granito, sem argamassa, e organizadas em castros – pequenas comunidades no alto das montanhas, cercadas por estruturas defensivas.

Período romano
A arquitetura portuguesa desenvolveu-se significativamente com a chegada dos romanos no século II aC, evoluindo para um estilo mais mediterrânico já existente na época. Os romanos construíram um conjunto considerável de infraestruturas e estruturas de apoio para os assentamentos mais importantes, como estradas, aquedutos e pontes. Há muitos vestígios desse tempo espalhados por todo o território nacional, cumprindo funções variadas como moradias, teatros, templos e outros edifícios públicos. Conímbriga, o Teatro Romano e as Termas dos Augustais em Lisboa, o Templo Romano em Évora e as Ruínas do Cerro da Vila em Vilamoura são bons exemplos disso.

Período muçulmano
No século VIII a Península Ibérica foi ocupada pelos muçulmanos. As influências romanas na arquitetura já haviam sido perdidas após as invasões bárbaras. As cidades eram aglomerados de casas mal equipadas, as ruas eram esgotos a céu aberto e igrejas eram erguidas para adorar a religião cristã recém-estabelecida. Os muçulmanos trouxeram nova vida à arquitetura civil, militar e religiosa. Mesquitas e palácios foram erguidos, organizando as cidades da época. Os materiais mais usados ​​eram a taipa, às vezes intercalada com alvenaria de pedra. A cor típica dos edifícios muçulmanos é branca quando eles caem no exterior.

Românico (1100 – 1230)
Sob o comando do conde Henrique, fundador da Casa da Borgonha, em Portugal, um grupo de nobres e monges franceses introduziu gradualmente o românico no país. Durante a Reconquista, muitas igrejas foram construídas neste estilo, com a intenção de reconverter as populações para a fé cristã. É devido ao fato de que a reconquista partiu do norte de Portugal, que ao sul de Lisboa, não há vestígios de arquitetura românica.

Existem dois tipos de românico em Portugal:

O românico da influência francesa, intimamente relacionado com o estilo da Catedral de Santiago de Compostela, na Galiza. (Sé Velha de Coimbra e Sé de Lisboa) Existem duas formas de conceber igrejas de influência francesa:
Igreja orientada para o Ocidente, geralmente com duas torres sineiras e três naves em abóbada de berço.
Igreja orientada para o leste, com três naves em berço e uma torre sineira no transepto; a nave central termina em uma abside com três capelas radiantes.
O estilo românico deriva da Abadia de Cluny. (Sé de Braga)
No entanto, as igrejas românicas portuguesas fugiram um pouco para o estilo original, lembrando mais fortalezas devido a paredes grossas e poucas aberturas.

O início da construção da Sé de Évora encerra o período românico em Portugal que, ao contrário dos outros países europeus, entrou no século XIII.

Gótico (c.1230 – c.1450)
O gótico chegou mais tarde em Portugal do que no resto da Europa, concentrando-se principalmente no centro do país, principalmente espalhado pelas ordens mendicantes. Muitas igrejas românicas e sés foram ampliadas com um transepto gótico ou com elementos desse estilo. Exemplos disso são a Catedral do Porto, a Sé de Évora e o Convento de Cristo em Tomar.

O Mosteiro de Alcobaça (iniciado em 1178, segundo a Abadia Cisterciense em França) foi o primeiro edifício gótico a ser construído em Portugal, juntamente com o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, um dos mais importantes mosteiros medievais portugueses.

O esplendor e a beleza das igrejas góticas portuguesas quase não enfrentam muitos outros espalhados por toda a Europa, no entanto, o Mosteiro da Batalha, arquitetonicamente, supera todos os outros edifícios nacionais da época. O gótico flamejante, claro, as linhas do mosteiro, aproximando-se do gótico muito internacional

Gótico tardio – manuelino (c.1490 – c.1520)
Os lucros do comércio de especiarias nas primeiras décadas do século XVI financiaram um suntuoso estilo de transição, mais tarde chamado de manuelino, dado que foi no reinado de Manuel I que a maioria dos edifícios foi iniciada. O manuelino mistura o gótico final com elementos renascentistas, a influência dos elementos plateresco, elisabetano e italiano, flamengo e mudéjar. Distingue-se pela decoração luxuriante, com motivos marinhos naturalistas, cordas e uma rica variedade de animais e motivos vegetalistas. Revela o crescente gosto pelo exotismo desde o início da expansão. O primeiro edifício manuelino conhecido é o Mosteiro de Jesus de Setúbal (1490-1510) pelo arquitecto Diogo Boitaca, considerado um dos criadores do estilo, no qual colaborou com o escultor francês Nicolau de Chanterene. A nave da igreja, sustentada por colunas em espiral, revela a tentativa de unificar o espaço interior numa igreja-salão, característica do renascimento português, que atinge o seu clímax na igreja do Mosteiro dos Jerónimos, concluída em 1520 pelo arquitecto João de Castilho. O mesmo acontece na Sé da Guarda, nas igrejas paroquiais de Olivença, Freixo de Espada a Cinta, Montemor-o-Velho e outras. Existem também portais elaborados com colunas em espiral, nichos e motivos renascentistas e góticos, como o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e a ilusória porta da Sé Velha de Coimbra. A Torre de Belém de Francisco de Arruda e a janela do Capítulo do Convento de Cristo são exemplos bem conhecidos do estilo manuelino, que se estende a outras artes, como a iluminação e a ourivesaria (custódia de Belém).

Renascimento e maneirismo (c.1520 – c.1650)
O austero classicismo renascentista não prosperou em Portugal. Introduzido a partir da década de 1530 por arquitetos estrangeiros, evoluiu naturalmente, mas lentamente, para o maneirismo. O pintor e arquiteto Francisco de Holanda no livro “Dialogues on Ancient Painting” divulgou seus fundamentos.

O Eremitério de Nossa Senhora da Conceição (Tomar), 1532-1540, do castelhano Diogo de Torralva é um bom exemplo do puro estilo renascentista em Portugal. A pequena igreja do Convento do Bom Jesus de Valverde, em Évora, atribuída a Manuel Pires e Diogo de Torralva, é outra. Da arquitectura civil renascentista, exemplos da casa dos bicos de 1523 e do palácio da Bacalhoa.

Testemunhos maiores deste estilo são a Igreja de São Roque (Lisboa), iniciada em 1555 por Afonso Álvares, um dos poucos grandes edifícios de Lisboa que sobreviveram ao terramoto de 1755, e o magnífico claustro de dois andares de D. João III no Convento de Cristo em Tomar iniciado por Diogo de Torralva em 1557. Concluídos anos depois já durante o reinado de Filipe II pelo arquitecto italiano Filippo Terzi, ambos viriam a evoluir para o maneirismo, de que o claustro é considerado um dos mais importantes exemplos portugueses.

Notável arquitecto português deste período, os trabalhos de Afonso Álvares incluem a Igreja de São Roque (Lisboa), que mais tarde evoluiria para um estilo maneirista. Ele projetou a Catedral de Leiria (1551 – 1574), a Catedral de Portalegre (1556) e a Igreja de São Roque em Lisboa. Este último foi feito pelo arquitecto italiano Filippo Terzi, que também construiu o Colégio dos Jesuítas de Évora, a Igreja de São Vicente de Fora em Lisboa e o Palácio Episcopal em Coimbra. Além das muitas igrejas que construiu, ele também projetou fortalezas e aquedutos. Sob a influência de Terzi muitos arquitectos portugueses foram formados, dos quais se destacaram:

Miguel de Arruda – Igreja de Nossa Senhora da Graça, Évora;
Baltasar Álvares – Sé Nova de Coimbra e a Igreja de São Lourenço no Porto.
Francisco Velázquez – Catedral de Miranda do Douro e o Mosteiro de San Salvador de Grijó.
Manuel Pires (engenheiro militar) – Igreja de Santo Antão em Évora.

Chá da arquitetura (1580 – 1640)
Durante o domínio filipino, Portugal e Espanha foram unidos, e um novo estilo foi desenvolvido para a planície de Arquitetura ou Estilo Chão (arquitetura simples em inglês) proposto por George Kubler. Era basicamente maneirista, mas com uma estrutura clara e robusta, com superfícies lisas e pouca decoração. É uma grande ruptura com o Manuelino, porque este foi bastante decorativo. Esse estilo mais contido e simplista se deveu principalmente às limitações econômicas da época. Como resistência ao barroco, que já se encontrava em vigor na vizinha Espanha, em Portugal continuou a ser utilizado o arquitecto para demonstrar a diferença de identidades das duas nações, então unidas. Havia alguns arquitetos que se destacavam naquela época, como:

Baltasar Alvares – Igreja dos Grilos (1614) no Porto e a Igreja de Santo Antão (1613 – 1656), em Lisboa, que hoje em dia já não existe.
João Turriano – Remodelação do Mosteiro de Tibães e do Mosteiro de São Bento.
Francisco de Mora) – Convento de Nossa Senhora dos Remédios (1601 – 1614), em Évora.
Pedro Nunes Tinoco – Igreja de Santa Marta (1616), em Lisboa.
Quando o rei Filipe II fez sua entrada triunfal em Lisboa em 1619, alguns arcos de triunfo provisório foram erguidos no estilo flamengo de Hans Vredeman de Vries. Foi também nesta altura que o azulejo e a talha dourada foram afirmados com importantes elementos decorativos da arquitectura religiosa portuguesa.

A arquitetura da Restauração (1640 – 1717)
O Barroco aparece na arquitetura internacional no âmbito da Contra-Reforma, isto é, como uma reação da Igreja Católica à insurgência do protestantismo na Europa. No entanto, como em Portugal as ideias de Martinho Lutero não foram seguidas, o barroco não estava intimamente ligado à cultura portuguesa. Além disso, o estilo já estava associado à Espanha e aos jesuítas.

Portanto, em vez de um novo estilo, moveu-se directamente da arquitectura château para um barroco tardio assim que Portugal restaurou a sua independência em 1640. Foram tempos de miséria e decadência económica, militar e consequentemente cultural, perdendo qualquer tipo de desejo de grandiosidade. projetos.

A nobreza foi a primeira a vencer de novo. Um bom exemplo disso é o Palácio dos Marqueses de Fronteira (1667) na freguesia de São Domingos de Benfica em Lisboa. Esta mansão ainda segue as linhas maneiristas italianas, mas você já pode ver uma grande influência barroca na harmonia da casa e dos jardins ao redor. Os painéis de azulejos que cobrem as paredes mostram episódios bélicos e retratos equestres, entre outros, criados por Jan van Oort e Willem van der Kloet em Amsterdã.

Ainda a destacar neste período são os arquitetos:

Jacome Mendes – Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia (1665) em Santarém.
João Turriano – Mosteiro de Santa Clara-a-Nova (1649 – 1696) em Coimbra.
João Nunes Tinoco – alegadamente fez a Igreja Matriz de Portimão (1660).
No período entre 1690 e 1717 houve uma lenta introdução ao barroco em Portugal.

A Igreja de Santa Engrácia (hoje Panteão Nacional), começou a ser construída em 1682, por João Nunes Tinoco, e foi continuada por João Antunes. É uma estrutura centrada, construída em forma de cruz-cruz grega com todos os braços do mesmo tamanho – encimada por uma enorme cúpula, que só foi concluída em 1966 (daí a expressão Obras de Santa Engrácia para caracterizar obras atrasadas). . As fachadas são ondulantes como o estilo barroco de Borromini. É, talvez, o único edifício verdadeiramente barroco em todo o país.

Barroco (1670 – 1755)
O ano de 1697 é uma data importante para a arquitetura portuguesa. Nesse ano foi descoberto em Minas Gerais, no Brasil, ouro, pedras preciosas e diamantes. A extração desses materiais enriqueceu muito a coroa portuguesa, que aplicava impostos muito altos para sua exploração. Este evento fez de Portugal o país mais próspero e rico da Europa do século XVIII. O rei João V tentou rivalizar com o rei francês Luís XIV, o Rei Sol, construindo o máximo possível de prédios luxuosos. O rei português, diferentemente de Luís XIV, não dispunha de arquitetos nacionais disponíveis para executar seus planos megalomaníacos. Portanto, o grande dinheiro vindo do Brasil serviu para contratar arquitetos que projetaram numerosas obras, algumas delas nem mesmo terminadas.

O Convento de Mafra é um dos mais suntuosos edifícios barrocos do país. Este complexo monumental de infra-estruturas religiosas foi desenhado por Johann Friedwig Ludwig (conhecido em Portugal por João Frederico Ludovice). O projeto de Ludovice tenta sintetizar a Basílica de São Pedro na Cidade do Vaticano, a Igreja de Sant’Ignazio em Roma e o Palazzo Montecitorio em um prédio. Isto deveu-se ao desejo do rei de ter a Cidade Eterna nas margens do rio Tejo.

Outros trabalhos importantes:

Aqueduto das Águas Livres (1729 – 1748) em Lisboa, Manuel da Maia, Antonio Canevari e Custódio Vieira. Forneceu água para a cidade junto com muitas fontes projetadas pelo húngaro Carlos Mardel.
Quinta de Santo Antão do Tojal (1728 – 1732) pelo arquitecto italiano Antonio Canevari.
Palácio das Necessidades (1750) por Caetano Tomás de Sousa.
Palácio de Queluz (1755 – 1758) por Mateus Vicente de Oliveira, Manuel Caetano de Sousa e Jean-Baptiste Robillon. É um dos melhores exemplos do barroco em Portugal, embora a sua fachada tenha alguns detalhes em estilo rococó.
Teatro Real da Ópera do Tejo (1755 – 1755) de Giovanni Carlo Sicinio Galli de Bibbiena (1717-1760). Inaugurado em 31 de março de 1755 com a ópera Alessandro Nell’Indie de Pietro Metastasio e música do compositor napolitano David Perez. Foi destruído em 1 de novembro de 1755, como resultado do terremoto de Lisboa.

Rococó
O barroco evoluiu naturalmente para o rococó. Foi desenvolvido principalmente no norte do país. Um exemplo desta época é o trabalho do arquitecto italiano Nicolau Nasoni, a igreja e a Torre dos Clérigos no Porto.

O Santuário do Bom Jesus do Monte, perto de Braga, desenhado por Carlos Amarante é um exemplo notável do rococó, contendo uma escadaria barroca com 116 m.

Estilo pombalino (1755 – 1780)

No terramoto de 1755 e o tsunami que se seguiu destruíram grande parte da capital portuguesa. D. José I e seu Primeiro Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, organizaram um grupo de homens para reconstruir o centro da cidade.

O Pombalino é novamente, como a arquitetura Chã, fruto da necessidade e do espírito de iniciativa de Portugal. Recebe este nome devido ao Marquês de Pombal, poderoso ministro de D. José, principal promotor da reconstrução e verdadeiro governante do reino, sem o qual não teria sido possível obra de tão grande escala. Igualmente importante é a referência aos arquitetos Eugénio dos Santos, Manuel da Maia e Carlos Mardel, verdadeiros autores das propostas apresentadas. É um tipo de arquitetura inteligente e muito bem projetada, incluindo o primeiro sistema anti-sísmico e o primeiro método de construção pré-fabricada em larga escala no mundo. Consiste em uma estrutura de madeira flexível inserida nas paredes, pisos e telhados, posteriormente coberta por materiais de construção pré-fabricados, que, como foi dito na época, “queima, mas não cai”. O centro de Lisboa, a área mais afetada, é construído em uma área instável, e é necessário fortalecer toda a área. Outro sistema anti-sísmico é usado, consistindo de uma floresta real de pilhas enterradas. Estes, como são expostos à água salgada, não correm o risco de apodrecer, mantendo a sua elasticidade natural. A cidade foi protegida de maneira revolucionária e, sem dúvida, pela primeira vez no mundo nessa escala. O sistema pré-fabricado é completamente inovador para a época. O edifício é inteiramente fabricado fora da cidade, transportado em partes e posteriormente montado no local. Pela primeira vez, uma cidade é construída nesses termos. Embora as obras de reconstrução da cidade tenham se arrastado até o século XIX, alguns anos depois, ainda na vida do rei, a população estava devidamente abrigada e com condições que não existiam antes do terremoto.

A cidade está completamente modificada. As ruas de traçado medieval, com aspecto labiríntico, dão lugar a um traçado rectilíneo ortogonal, regularizando a área compreendida entre as antigas praças da cidade, Rossio e Terreiro do Paço, também corrigidas e ordenadas. Os espaços são amplos, permitindo condições de iluminação e aeração que não existem na cidade medieval. A Praça do Comércio, sem o Palácio Real, transferida para a Ajuda, está aberta ao rio Tejo e destina-se a receber os vários ministérios. É dominada por duas torres gémeas, inspiradas na antiga torre do Palácio Real, monumentalizada por uma estátua do rei D. José, de Machado de Castro, e recebe um arco de triunfo, construído apenas no século XIX segundo o projecto do original, simbolizando o triunfo sobre o terremoto. É o quadrado do poder. O Rossio perde o antigo e despedaçado Hospital de Todos os Santos, e torna-se o “fórum” da cidade, tentando manter o caráter popular apesar dos edifícios elegantes. As ruas são hierarquizadas, condicionando a tipologia dos edifícios construídos.

O edifício Pombalino é uma estrutura de até quatro andares, com galerias para lojas no piso térreo, varandas ou sacadas no primeiro andar e água de cobertura. Todas as construções seguem a mesma tipologia, sendo acrescentados detalhes decorativos na fachada de acordo com a importância do local. Os edifícios são isolados por queimas de fogo e respeitando o volume máximo imposto – considerou-se que os quatro andares eram o ideal no caso de uma nova catástrofe. A construção dos palácios também é regulada, forçando uma sobriedade sem ostentação, muito impopular entre a aristocracia, permitindo efeitos decorativos apenas no portal e nas janelas um pouco mais elegantes que os edifícios residenciais. As igrejas seguem o espírito do tempo. O número é drasticamente reduzido, seguindo os mesmos princípios construtivos, alguma decoração arquitetônica exterior e tipologias bem definidas. São edifícios de nave única com altares laterais, Pedro Alexandrino de Carvalho) e escultura. Os espaços são agradáveis, suaves, luminosos e, apesar da construção pré-fabricada, bem ao gosto rococó. De particular interesse são as igrejas de Santo António da Sé (onde Santo António nasceu), a Encarnação, Santo Domingo, Magdalena, Mártires e muitos outros. Mantendo o vocabulário estético e os elementos decorativos pré-fabricados, houve a preocupação de individualizá-los. Em edifícios menos destruídos tentou-se harmonizar as formas pombalinas com a decoração existente.

A pombalina, apesar de ser despoticamente imposta em Lisboa, agradou e foi construída noutro local, sendo o principal exemplo Vila Real de Santo António no Algarve.

Simplicidade é total. Esse espírito de funcionalidade, eliminando tudo o que é supérfluo, incluindo a decoração, impondo uma sobriedade racional, não é mais realmente rococó. Reflete o espírito do Iluminismo e um forte caráter neoclássico, ainda sem ordens arquitetônicas clássicas, mas submetendo o acessório à razão. Esse detalhe foi sistematicamente esquecido pela história da arte, desejando ver o rococó francês ou o neoclassicismo tradicional em um programa construtivo que é moderno e moderno demais para o seu tempo.

Neoclassicismo (. 1780 – final do sec XIX)
Devido ao facto de aparecer num período muito conturbado, o Neoclassicismo em Portugal desenvolve-se de uma forma muito própria, debatendo com problemas artísticos e económicos, impondo uma periodização diferente do resto da Europa. É muito cedo no desenvolvimento de uma arquitetura pré-clássica, que permanece por todo o final do século XVIII. Na segunda metade do século, um pouco depois no resto da Europa, surge principalmente em Lisboa e no Porto, o Neoclassicismo, para ver, no início do século XIX, uma quase parada de programas artísticos. Isso se deve à grande instabilidade causada por uma sucessão de eventos avassaladores para o país, a saber, a fuga da família real para o Brasil em 1807 (fato de fundamental importância para os dois países), invasões francesas, subseqüente / revolução liberal em 1820, o retorno da família real em 1821, a independência do Brasil e a perda do comércio colonial em 1822. Pouco depois, a revolução absolutista começou, resultando em guerras liberais, que mantiveram a instabilidade até 1834, permitindo desenvolvimento artístico normal e econômico. somente no meio do século. Em vista do exposto, não é de admirar que o estilo permaneça, ao lado do romantismo, até o início do século XX. Considera-se que em termos internacionais o neoclassicismo surge entre 1750 e 1760, enquanto em Portugal, pelas razões apresentadas acima, começa a desenvolver-se durante a década de 1770, com a construção do Royal Riding (atual National Car Museum), em Lisboa, e Hospital de Santo António no Porto.

Fato bastante curioso é a clara diferença entre as duas cidades. Lisboa recebe influências italianas devido ao seu gosto dominante em tribunal, enquanto a cidade do Porto, como resultado da importante comunidade britânica, desenvolve edifícios de forte influência inglesa, por vezes quase paladiana como o Hospital de Santo António. No entanto, o forte caráter funcionalista é uma das características comuns entre os dois pólos. Posteriormente, devido ao fato de que os estudantes de arte terminam seus estudos em Roma, o norte converte-se ao classicismo romano em detrimento do paladianismo.

Basicamente pode-se considerar que o edifício neoclássico português é simples, muito funcional, sujeitando tudo ao caráter utilitário, simetria, três corpos sendo o central sugerido ou pouco avançado, pilastras, poucas colunas, sacadas ou varandas, arcade no térreo como porão (rustado ou não), balaustradas, com pouca ou nenhuma decoração escultural, sendo esta essencialmente arquitectónica (talvez uma consequência dos tempos difíceis, mas também, sem dúvida, como reflexo da simplicidade pombalina muito prática). No entanto, esta afirmação é muito redutora porque, ao estudar os edifícios individuais, percebemos uma grande diversidade de soluções. Os exemplos são numerosos, variando entre edifícios mais simples mas muito marcantes, como a fábrica inglesa no Porto ou os banhos de São Paulo em Lisboa, o Teatro Nacional de São Carlos, o Teatro Nacional D. Maria II, o Palácio Nacional da Ajuda e o Palácio de São Bento. Parlamento) em Lisboa, ou no Hospital de Santo António e no Palácio da Bolsa no Porto. Há também vários exemplos, como igrejas, palácios ou edifícios públicos em todo o país.

Início do século 20. XX (1900-1920)

Nova arte
Arquitetura Industrial
Primeiro Modernismo (1920-1940)
Pardal Monteiro destaca-se como arco. da nova geração projeta vários edifícios, a habitação na Av. 5 de Outubro (Primo Valmor), o Instituto Superior Técnico, a Estação Ferroviária do Cais do Sodré.

Após a instalação da ditadura, edifícios de boa qualidade, como o Cinema Éden e o Hotel Vitória, ambos de Cassiano Branco, continuam sendo projetados e construídos. Após um hiato de cinco anos, o Prémio Valmor é atribuído à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, projectada por Pardal Monteiro, gerando alguma controvérsia o edifício marcadamente modernista de 1938. O conjunto arquitectónico é pontuado por várias intervenções de artistas, sendo os vitrais de Almada Negreiros importante na iluminação do altar que se encontra a poente.

Arquitetura Moderna e o Estado Novo (1933-1974)
Introdução
Com a instalação de um regime totalitário através da Revolução de 1926, depositando a república frágil, foi necessário criar uma linguagem arquitetônica que apoiasse a nova imagem de Portugal. Este processo foi consolidado e teve o seu principal expoente sob a tutela de Duarte Pacheco como Ministro das Obras Públicas e Comunicações, no seu segundo mandato, acumulando o cargo com o Presidente da Câmara de Lisboa. Havia uma variedade de atitudes de arquitetos e artistas perante o regime, alguns deles colaboradores mais resistentes, sem perder qualidade na arquitetura. Durante estas quatro décadas foram desenvolvidas numerosas propostas e planos de desenvolvimento para todo o país, sendo privilegiada a capital do império – Lisboa.

Vários conjuntos de trabalhos podem ser definidos, tanto individual como coletivamente, e a datação por décadas neste caso não é adequada devido ao prolongamento cronológico de alguns trabalhos e tendências que naturalmente se sobrepõem e à ocorrência de vários fatos, fenômenos e movimentos sociais durante o período. ditadura que irá moldar e encontrar diversos movimentos de ação e reflexão sobre a arquitetura. No entanto, enfatiza-se o uso das décadas durante o período do novo estado para uma organização cronológica de projetos e obras, facilitando sua leitura diacrônica.

Foram construídas obras com grande identidade, desde o suave português de Raul Lino – em busca de uma ruralidade bucólica perdida, o modernismo de Pardal Monteiro – exercendo vários programas e declinando o estilo com um rigor de excelência, os planos dos parques de Keil do Amaral ou a elegante sumptuosidade de Cassiano Branco no já existente Hotel Vitória ou no final do filme Éden.

Cada década teve o selo de alguns criadores em particular, mas nos anos cinquenta as propostas de conjuntos de edifícios que continham um conteúdo de programa e ideologia expressos nas casas eram prolíficos. O bairro das apostas, o infante santo e as avenidas unidas da américa representam paradigmas urbanos, cada um com sua identidade e ideologia bem definidas. Na década seguinte, o complexo de edifícios deu origem a planos urbanísticos que foram além dos bairros. Os planos urbanísticos dos Olivais e Chelas abriram o futuro do leste de Lisboa.

OI Architecture Congress
O vislumbre da Democracia em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, levou à elaboração de um manifesto para a realização de eleições livres. Após a garantia de um membro do governo em não revelar a identidade dos assinantes, ocorre o contrário, com uma onda de repressão que resultou em demissões, demissões e sanções.

O ICAT – Iniciativas Culturais Arte e Técnica – em Lisboa e ODAM – Organização de Arquitetos Modernos do Porto. OI Congresso de Arquitetura é realizado em 1948, com o lançamento das bases críticas para vários problemas relacionados à arquitetura. Neste congresso são definidas posições intelectuais, com diferentes interpretações de certos princípios, o que dará origem a várias diferenças na forma de abordar o exercício da profissão. Segundo Pedro Vieira de Almeida, é natural que “eles o tenham percebido como um compromisso de sua independência moral, que só revela novamente aspectos da fragilidade teórica de sua formação em termos profissionais”. As influências de Le Corbusier e da carta de Atenas são ouvidas na maioria das teses apresentadas. Nuno Teotónio Pereira e Costa Martins constituem uma exceção referente às dimensões simbólicas da arquitetura do cotidiano.

Anos setenta
A sede da Fundação Gulbenkian é inevitável neste contexto, testemunhando a transição do novo estado para a revolução.

O Projeto SAAL
Anos 80 – O pós-moderno
Durante essa década houve uma consolidação da profissão de arquiteto, ganhando um destaque que veio a se confirmar nas décadas seguintes, existindo vários edifícios que constituem paradigmas da posição intelectual dos autores.

A influência teórica de Aldo Rossi e Roberto Venturi foi assimilada a diferentes interpretações por todos os arquitetos desde os anos sessenta. Este facto conduziu a uma pluralidade de posições teóricas e práticas, muito evidentes na escola de Lisboa e mais discretas na escola do Porto. Das gerações de arquitetos dos anos sessenta e setenta, com prática na urbanização da cidade, está Tomás Taveira, que viria a personificar o status do arquiteto pós-moderno em todas as direções.

O percurso da Taveira já demonstrou domínio de várias linguagens e programas arquitetônicos, culminando no projeto do shopping Amoreiras. A influência de Michael Graves é clara, mas o mais marcante do edifício em questão é o modo como foi assimilado pela sociedade portuguesa, sendo hoje o melhor exemplo que temos da mídia pós-moderna. Considerado ofensivo por sua estética foi no entanto sua poética que veio a perpetuar como síntese entre o popular e o erudito.

A par desta produção centrada na capital, Siza Vieira oferece-nos uma visão muito diferente do pós-moderno, com a reabilitação do Chiado, desafiada por alguns membros da classe por falta de ousadia e contenção no desenvolvimento do programa. Trinta anos depois, temos a Casa das Histórias como um bom exemplo desta interpretação discreta da escola do Porto pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura.

Todos esses exemplos são baseados no pressuposto interpretativo de Rossi, no qual ele “coloca suas expectativas de comunicação na capacidade da forma de ativar as camadas profundas da consciência” e “simultaneamente desperta níveis de memória coletiva e individual”, segundo Denise Xavier.

Anos noventa

Arquitetura Contemporânea – início do século XX XXI

As antigas tradições de Portugal, o isolamento geográfico, o período prolongado sob um governo autoritário, juntamente com um grupo de arquitetos muito talentosos, mantiveram a arquitetura portuguesa limpa de imitações caprichosas. Portugal tem uma arquitectura que evoluiu cuidadosamente dentro da tradição local através de um processo equilibrado de absorção de influências universais, até emergir lentamente no palco central do mundo da arquitectura.

Uma das melhores escolas de arquitetura do mundo, conhecida como “Escola do Porto”, está localizada em Portugal. Seus ex-alunos incluem Fernando Távora, Álvaro Siza (vencedor do Prêmio Pritzker 1992) e Eduardo Souto de Moura (vencedor do Prêmio Pritzker 2011). Seu herdeiro moderno é a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.

Embora a arquitetura portuguesa seja geralmente associada ao internacionalmente reconhecido Alvaro Siza, há outros igualmente responsáveis ​​pelas tendências positivas da arquitetura atual. “Muitos arquitetos portugueses são filhos de Siza, mas Távora é um avô para todos nós.” A influência do próprio professor de Sizas, Fernando Tavora, ecoa através das gerações.

A Fundação Calouste Gulbenkian, construída na década de 1960 e desenhada por Rui Atouguia, Pedro Cid e Alberto Pessoa, é um dos melhores exemplos da arquitectura portuguesa do século XX.

Em Portugal Tomás Taveira é também digno de nota, particularmente devido ao design do estádio. Outros renomados arquitetos portugueses incluem Pancho Guedes e Gonçalo Byrne.

O Centro de Documentação da Presidência da República, de Carrilho da Graça, é um dos segredos arquitectónicos mais bem guardados de Lisboa.