Arquitetura barroca no Brasil

O barroco no Brasil foi o estilo artístico dominante durante a maior parte do período colonial, encontrando um terreno receptivo para um rico florescimento. Surgiu no país no início do século XVII, introduzido pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que ali catequizavam e aculturavam os indígenas e ajudavam os portugueses no processo de colonização. Ao longo do período colonial houve uma associação íntima entre a Igreja e o Estado, mas como na colônia não havia corte que servisse de patrono, pois as elites não se preocuparam em construir palácios ou patrocinar as artes profanas até o final do período. e como a religião exerceu enorme influência no cotidiano de todos, desse conjunto de fatores deriva que a grande maioria do legado barroco brasileiro está na arte sacra: a estatuária, a pintura e o trabalho de esculpir para decoração de igrejas e conventos ou para adoração privada.

As características mais típicas do barroco, geralmente descritas como um estilo dinâmico, narrativo, ornamental, dramático, cultivando os contrastes e uma plasticidade sedutora, transmitem um conteúdo programático articulado com refinamentos de retórica e grande pragmatismo. A arte barroca era uma arte essencialmente funcional, indo muito bem para os fins que ela servia: além de sua função puramente decorativa, facilitava a absorção da doutrina católica e dos costumes tradicionais pelos neófitos, sendo um instrumento pedagógico e catequético eficiente. Logo os mais qualificados índios pacificados, e depois os negros importados como escravos, expostos maciçamente à cultura portuguesa, a partir de meros espectadores de suas manifestações artísticas passaram a ser agentes produtores, sendo responsáveis, principalmente os negros, por grande parte do barroco produzido em o país. Eles e os artesãos populares, em uma sociedade em processo de integração e estabilização, passaram a dar ao barroco europeu características novas e originais, e por isso considera-se que esta aclimatação constitui um dos primeiros testemunhos da formação de um genuíno Cultura brasileira.

Na literatura, o poema épico Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira, é considerado um de seus primeiros marcos, alcançando o apogeu com o poeta Gregório de Matos e com o orador sagrado padre Antônio Vieira. Nas artes plásticas, seus maiores expoentes foram Aleijadinho e Mestre Ataíde. No campo da arquitetura, essa escola estava principalmente enraizada no Nordeste e em Minas Gerais, mas deixou numerosos e numerosos exemplos para quase todo o restante do país, do Rio Grande do Sul ao Pará. Quanto à música, pelos relatos literários sabe-se que também foi pródiga, mas, ao contrário das outras artes, quase nada foi salvo. Com o desenvolvimento do neoclassicismo e do academismo das primeiras décadas do século XIX, a tradição barroca rapidamente caiu em desuso na cultura de elite. Mas ele sobreviveu na cultura popular, especialmente nas regiões de interior, na obra de santeiros e em algumas festividades.

Desde que os intelectuais modernistas iniciaram um processo de resgate do barroco nacional no início do século XX, um grande número de edifícios e coleções de arte já foram protegidos pelo governo em suas várias instâncias por meio de gorjetas, musealizações ou outros processos, atestando o reconhecimento oficial da importância do Barroco para a história da cultura brasileira. Os centros históricos barrocos como as cidades de Ouro Preto, Olinda e Salvador e complexos artísticos como o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos receberam o status de Patrimônio da Humanidade, pelo selo da Unesco. Esse precioso patrimônio é uma das grandes atrações do turismo cultural do país, ao mesmo tempo em que se torna um ícone identificável do Brasil, tanto para os nativos da terra como para os estrangeiros. Apesar de sua importância, grande parte do legado material do barroco brasileiro está em péssimo estado de conservação e requer restauração e outras medidas conservadoras, com freqüentes perdas ou degradação de exemplos valiosos em todas as modalidades artísticas. O país ainda tem muito a fazer para preservar uma parte tão importante de sua história, tradição e cultura. Por outro lado, parece aumentar a conscientização da população em geral sobre a necessidade de proteger um patrimônio que pertence a todos e que pode reverter em benefício de todos, benefício mesmo econômico se bem manejado e mantido. Todos os dias os museus nacionais se esforçam para melhorar suas técnicas e procedimentos, a bibliografia está em franca expansão, o governo investiu pesadamente nessa área e até o bom mercado que a arte barroca nacional sempre encontra ajuda na sua valorização como peças dignas de atenção e cuidado.

Arquitetura

Edifícios da Igreja
Os primeiros edifícios sagrados de alguma forma do Brasil foram erguidos a partir da segunda metade do século XVI, quando algumas aldeias já tinham uma população para justificá-lo. Esses foram os casos de Olinda e Salvador. Os mais simples usavam a técnica pau-a-palma, sendo cobertos com folhas de palmeira, mas desde o início os missionários se preocupavam com a durabilidade e solidez dos prédios, preferindo sempre que possível construir alvenaria, embora muitas vezes devido a várias circunstâncias, foram obrigados a usar a lama ou o adobe. As plantas buscavam prioritariamente a funcionalidade, compondo basicamente um quadrângulo sem divisão em navios e sem capela lateral, com uma fachada elementar que implantava um frontão triangular sobre uma base retangular, e pode-se dizer que nesse período inaugural não houve maior preocupação com ornamentos. Esse estilo, uma derivação do maneirismo, cuja austeridade se referia aos edifícios clássicos, era conhecida pelo nome de “arquitetura chã”. Em 1577 Frei e o arquiteto Francisco Dias chegaram a Salvador com a missão declarada de introduzir melhorias técnicas e refinamento estético nas igrejas da colônia. Tinha a influência de Vignola, cujo estilo tinha caído ao gosto da corte portuguesa, e foi o autor do primeiro templo barroco na Europa, a Igreja de Jesus em Roma, que imediatamente se tornou um modelo para muitas outras igrejas jesuítas em todo o mundo. No Brasil o modelo foi adaptado, mantendo o traçado da nave único, mas dispensando a cúpula e o transepto e favorecendo as torres.

Apesar das melhorias, até meados do século XVII os edifícios jesuítas, concentrados no nordeste, permaneciam externamente nos contornos tradicionais de grande simplicidade, nos quais influenciavam outras ordens religiosas, reservando aos interiores o luxo que se podia acrescentar, em entalhes esculpidos. altares, pinturas e estátuas. No entanto, se os jesuítas fossem bastante fiéis ao modelo italiano original, os franciscanos se permitiram introduzir variações nas fachadas, que poderiam ser precedidas por um pórtico ou incluir uma galiléia, enquanto o campanário recuava. No interior, a capela-mor franciscana tendia a ser menos profunda do que a dos jesuítas, e a ausência de corredores laterais podia ser compensada por dois estreitamentos longitudinais. Próximo a este modelo está a Igreja de Santo Antônio em Cairu, considerada a primeira a exibir características claramente barrocas. Seu criador, Frei Daniel de São Francisco, criou a fachada em um esquema triangular, com pergaminhos fantasiosos no frontão e nas laterais; Foi uma novidade completa, sem paralelos, mesmo na Europa.

Durante o domínio holandês no nordeste muitos dos edifícios católicos foram destruídos, e na segunda metade do século XVII, após a expulsão dos invasores, o esforço principal concentrou-se na restauração e reforma de estruturas pré-existentes com relativamente poucos. novas fundações. A essa altura, o barroco já era o estilo dominante. Mas recebeu outras influências, como a de Borromini, emprestando mais movimento às fachadas com a adição de aberturas de arco, gradis, relevos e copos. Nos interiores, a decoração também ganhou riqueza, mas os esquemas eram algo estáticos, no que é convencionalmente chamado de “estilo nacional português”.

Com o tempo, as fachadas adquiriram mais verticalidade e movimento, com aberturas em formas inusitadas – pera, diamante, estrela, oval ou circular – e os frontões, mais curvas, relevos em pedra e estátuas. Exemplos são a Matriz de Santo Antônio e a Concatedral de São Pedro dos Clérigos, no Recife, e em Salvador a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Um fenômeno um tanto diferente ocorreu nas reduções do sul, embora nesse período esse território ainda pertencesse a Spain. Ali as construções mostraram um caráter mais monumental, e com uma maior variedade de soluções estruturais, com pórticos, colunatas e frontispícios. Também nas Reduções foi desenvolvido um notável programa de desenvolvimento urbano para a aldeia dos nativos. Hoje em ruínas, parte desse núcleo de arquitetura civil e religiosa do sul do Brasil foi declarada Patrimônio da Humanidade.

A partir de meados do século XVIII, sob a influência do Rococó francês, percebe-se no exterior dos edifícios uma leveza nas proporções, tornando-as mais elegantes; as aberturas são mais largas, permitindo uma maior penetração da luz externa, e o detalhamento nos relevos de pedra atinge um alto nível. O rococó também deu frutos importantes no Nordeste, como o Convento e a Igreja de São Francisco, em João Pessoa, considerado por Bazin o mais perfeito do gênero na região. Mas deve-se notar que, enquanto por um lado a fachada e as decorações internas se tornaram cada vez mais sumptuosas e movimentadas, os pavimentos dos edifícios, ao longo de toda a trajectória Barroca no país, deslocaram-se pouco mais do que o estilo térreo. Nas palavras de John Bury,

“Mesmo no século XVIII, quando fachadas, cúpulas, torres, retábulos, púlpitos e a ornamentação interna das igrejas geralmente se libertavam completamente de todas as limitações precedentes de traçados estáticos e retilíneos, e as fachadas das igrejas do Barroco e Rococó desenvolveu um forte dinamismo e uma predileção por formas curvas e sinuosas quase sem precedentes na Europa, mas os andares inferiores dessas igrejas permaneceram monotonamente fiéis aos traçados retangulares dos séculos XVI e XVII. ”
Também é necessário lembrar em todas as fases a contribuição popular em muitos projetos de comunidades pobres, em matrizes e pequenas capelas que pontilham o sertão brasileiro, contribuindo para a diversidade e simplificando proporções, ornamentos, técnicas e materiais muitas vezes em soluções criativas, de grande plasticidade. Paralelamente à construção de igrejas, religiosos construíram muitos conventos, mosteiros, escolas e hospitais, alguns deles de dimensões avantajadas e que, nos dois primeiros casos, podiam ser decorados com um luxo comparável ao encontrado nas igrejas mais abastadas. Quanto aos outros, destacam-se pela simplicidade e funcionalidade, sem ornamentos.

Arquitetura civil
Na arquitetura civil, privada ou pública, o barroco deixou relativamente poucos edifícios de maior magnitude, sendo em geral linhas bastante modestas. Por outro lado, os conjuntos de centros históricos de algumas cidades (Salvador, Ouro Preto, Olinda, Diamantina, São Luís e Goiás), declarados Patrimônio da Humanidade pela Unesco, ainda permanecem praticamente intactos, apresentando uma extensa e valiosa paisagem ininterrupta da arquitetura civil. do barroco, com soluções urbanísticas muitas vezes originais e com plena ilustração de todas as adaptações do estilo aos diferentes estratos sociais e suas transformações ao longo dos anos. Muitas outras cidades também preservam agrupamentos significativos de casas coloniais como Paraty, Boulder, Marechal, Cananeia e Rio Pardo.

A residência durante o período barroco caracterizou-se pela grande heterogeneidade de soluções estruturais e pelo uso de materiais, muitas vezes empregando técnicas aprendidas com os índios, uma diversidade que se encontra entre ricos e pobres. No entanto, no meio urbano a fórmula que se tornou mais frequente, herdada da arquitectura portuguesa, era a de um só pavimento, com uma fachada que se abria directamente para a rua e se ligava à de casas vizinhas, e com quartos em linha, muitas vezes mal ventilada, mal iluminada e uso múltiplo. Nesta estrutura simples, muitas vezes ampliada em casas de dois ou até quatro andares, os traços barrocos distintos podem ser mais facilmente identificados em alguns detalhes, como telhados curvados com beirais terminando em extremidades amarradas, arcos abatidos nos pátios, o ornamental. quadros e ripas nas janelas, algumas pinturas decorativas e ladrilhos, já que, via de regra, a residência colonial sempre teve uma estrutura muito austera e era escassamente mobiliada e decorada. No interior rural, sem as limitações de espaço encontradas no ambiente da cidade, a diversidade era muito mais pronunciada.

Merecem nota muitos engenhos e fazendas da matriz solar e antiga, como casas bandeiristas, a Casa das Onze Janelas, o Solar do Visconde de São Lourenço, a Fazenda Imperial de Santa Cruz, a Fazenda Mato de Pipa a Fazenda de Sant’Ana, Fazenda Salto Grande , A Fazenda Tatu, o Solar Ferrão e várias outras mansões rurais e urbanas de famílias ricas, que se por um lado podem ser bastante espaçosas e confortáveis, mesmo imponentes, geralmente têm linhas muito despojadas e decoração interna econômica, sendo muitas vezes apenas uma ampliação do modelo de habitação popular, privilegiando a funcionalidade e não o luxo. No litoral nordestino, as lindas casas de azulejos destacam-se pelo rico efeito decorativo e pelas soluções criativas encontradas para suavizar os efeitos do clima quente e úmido da região, com grande concentração de exemplares no Centro Histórico de São Luís.

A espoliação da arquitetura civil poderia ser surpreendente no caso das casas de elite, dada a grande riqueza de muitas famílias que vivem na terra, mas é explicada pelo fato de que o contexto colonial da vida foi marcado pela dispersão, instabilidade e mobilidade, com famílias que estavam fracamente estruturadas, o que se refletiu no caráter provisório, simplificado e improvisado de tantos edifícios, evitando gastos com o que seria utilizado em um curto espaço de tempo. De fato, quanto menos se gastava na colônia, melhor, pois nos primeiros séculos da colonização boa parte dos portugueses se deslocava para os distantes e distantes Brasis imaginando ficar sozinhos para a estação, ansiando por voltar a Portugal logo como fez uma fortuna, deixando para trás uma terra reconhecidamente bela e rica mas inóspita e selvagem, considerada clima insalubre, Desde o início do processo de colonização esse sentimento de inconstância será aparente, como notado, por exemplo, o crítico de Brevicente de Salvador , formulada em 1627 em sua história no Brasil, aversão geral que despertou a idéia de ter o Brasil como residência definitiva:

“Os colonos que, arraigados como eram na terra, e mais ricos do que eram, pretendiam levar Portugal, e se as fazendas e posses que possuíam soubessem falar, também lhes ensinariam como dizer papagaios, quem primeiro ensina é ‘verdadeiro papagaio para Portugal’, porque tudo quer ir para lá, e isso não só tem os que vieram de lá, mas ainda quem nasceu, ambos usam a terra, não como mestres, mas como usufrutuários, apenas para desfrutá-lo e deixá-lo destruído “.
Além disso, mesmo as elites dominantes mais poderosas eram constantemente afligidas no cotidiano colonial por dificuldades, incertezas e deficiências de todos os tipos, como manifestado nas queixas eternas do Marquês de Lavradio e outros oficiais do Reino, com o resultado que até seus próprios palácios e importantes edifícios públicos eram pobres e imprecisos em comparação com os congéneres portugueses. Dos poucos exemplos significativos na categoria de palácios públicos destacam-se algumas antigas Casas de Câmara e Rede, como Ouro Preto, talvez a mais famosa, com uma fachada rica e movimentada onde há um alpendre com colunas, escadaria monumental, torre e estatuária ; para Mariana, e de Salvador, além dos palácios de uso misto como residência oficial e ordens caseiras, como o Palácio dos Governadores em Ouro Preto, o Palácio dos Governadores do Pará e o Palácio dos Vice-reis no Rio, que era um deles. das residências da família reinante quando se mudou para a colônia em 1808. Outras sobrevivem, mas suas características barrocas foram bastante desfiguradas por reformas posteriores, como foi o caso dos governadores do Maranhão e da Bahia. Embora pertencente à Igreja, o importante Palácio Arquiepiscopal de Salvador deve ser incluído nesta categoria.

O caso de mineração
As minas tinham a peculiaridade de ser uma área de assentamento mais recente, e era possível construir uma estética mais atualizada, no caso do rococó, e com mais liberdade, uma profusão de novas igrejas, sem ter que se adaptar ou remodelar. edifícios mais antigos já estabelecidos e ainda em uso, como era o caso da costa, o que os torna exemplares em relação à unidade estilística. O conjunto de igrejas em Minas Gerais tem uma importância especial tanto por sua riqueza e variedade quanto por ser um testemunho de uma fase muito específica da história brasileira, quando a região era a “menina dos olhos” da Metrópole por seus grandes depósitos de ouro e diamantes.

A arquitetura de Minas Gerais é interessante porque geralmente é realizada em um terreno acidentado, cheio de morros e vales, dando uma forma atraente à urbanização das cidades. Mas isso não é o que torna Minas especial, já que a construção civil segue modelos formais comuns a toda a arquitetura colonial brasileira. No entanto, o caso da mineração tem a atração de ser o primeiro núcleo no Brasil de uma sociedade eminentemente urbana. Várias das antigas cidades coloniais de Minas Gerais ainda possuem arquitetura rica da época. Os centros históricos de Ouro Preto e Diamantina são Patrimônio da Humanidade; muitos outros também preservaram igrejas e casas ricas. Em qualquer caso, suas características estilísticas distintas são mais claramente expressas na arquitetura religiosa, nas igrejas que proliferam em grande número em todas essas cidades. Segundo Telles, a originalidade do edifício da Sacra Minera está em dois elementos:

“A combinação de curvas e linhas ou planos, criando pontos e bordas de contenção, em plantas, elevações e espaços internos;
“A organização das fronteiras tendo como centro de composição o portal esculpido em pedra-sabão, portais que se constituem, visualmente, no núcleo, dos quais derivam os demais elementos: pilastras, colunas, cimalhas, frontão e para os quais convergem.
No entanto, esses elementos só chegaram ao fim perto do final do ciclo. No início do século as igrejas ainda derivavam seus planos da arquitetura plana, com desenho retangular, fachada austera e frontão triangular, modelo exemplificado na Catedral de Mariana. Pedro Gomes Chaves introduziu em 1733 importantes inovações na Matriz do Pilar em Ouro Preto, com uma fachada em planos disjuntos e uma planta retangular, mas cuja escultura redefiniu o espaço interno na forma de um decágono. A partir da década de 1750 é a fachada do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Seu frontispício de soapstoneis é considerado o primeiro exemplo brasileiro dessa solução decorativa, possivelmente por Jerônimo Félix Teixeira. Hoje Patrimônio da Humanidade, o santuário destaca-se principalmente por sua implantação cênica e monumental, ainda abrigando o maior e mais importante conjunto de esculturas de Aleijadinho.

Na segunda metade do século foi construída a Igreja do Carmo de Ouro Preto, com uma inovadora composição de fachadas: o plano frontal deu lugar a uma parede ondulada, com torres de parede curvas e uma porta trilobada. Traçado por Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, seu plano foi mudado em 1770 por Francisco de Lima Cerqueira. Aleijadinho esculpiu a capa. Aleijadinho, junto com Cerqueira, se tornaria os mais importantes arquitetos do barroco brasileiro, e suas obras sintetizam a maioria das novidades que distinguem o barroco / rococó de Minas Gerais. De fato, a contribuição de Cerqueira, há muito obscurecida pela grande fama de Aleijadinho, foi recentemente reavaliada, dando-lhe uma importância possivelmente maior que a da outra no campo da arquitetura. A Igreja de São Francisco em São João del-Rei é obra de ambos, com uma nave com paredes sinuosas com um perfil que se aproxima de uma lira, torres cilíndricas e um adro monumental. A mais famosa e original é a Igreja de San Francisco em Ouro Preto, cujo projeto é de Aleijadinho. Sua fachada é marcada pela tridimensionalidade, com um volume central fortemente projetado, limitado por colunas em vez das pilastras usuais, que se conecta ao plano das torres por paredes curvas, além de substituir o óculo por um relevo e integrar originalmente o torres cilíndricas corpo do edifício, resultando em um conjunto que é considerado uma jóia de harmonia entre o exterior eo interior. Sua imagem já se tornou icônica, possivelmente sendo a igreja barroca mais conhecida no Brasil e no exterior. Ainda mais arrojada e inédita na arquitetura brasileira e portuguesa é a Igreja Rosário dos Pretos, em Ouro Preto, atribuída a Antônio Pereira de Sousa Calheiros, com uma planta composta por três elipses ligadas, uma fachada meio cilindro com galilé de três arcos, e torres cilíndricas. Segundo o IPHAN, “a Igreja de Nossa Senhora do Rosário é considerada pelos especialistas como a expressão máxima da mineração colonial barroca”.

Apesar de todas as inovações, elementos da arquitetura inglesa ou maneirista permaneceriam vivos por muito tempo. Para Sandra Alvim, “a arquitetura maneirista tem grande penetração, raízes e torna-se um protótipo formal. No que diz respeito a plantas e fachadas, orienta o caráter rígido das obras até o século XIX”, e a visão de John Bury,

“Paralelamente à breve floração do estilo Aleijadinho, o estilo anterior continuou a ser praticado, pouco influenciado pelas inovações rococós. O padrão convencional básico da igreja mineira, com sua fachada e torres adjacentes, permaneceu mais ou menos constante durante estes dois séculos.Pelo meio do século XVIII, pelo menos, o tratamento foi maneirista no estilo jesuíta, e apesar do surgimento do brilhante Rococó, que eclipsou o estilo anterior nos principais centros urbanos da província durante o último trimestre No século XVIII, a severidade e monotonia do maneirismo continuaram exercendo forte influência sobre os edifícios menos ambiciosos da época, características essas que retomaram um papel preponderante no estilo tradicional adotado para a construção e reconstrução de igrejas, ocorrido em larga escala. durante o Império, na própria cidade de Ouro Preto, a capital de Minas Gerais, a cidade onde nasceu o Aleijadinho e o centro da cidade. O desenvolvimento de uma variante do estilo rococó que recebeu seu nome, é uma versão rústica da arquitetura maneirista que se apresenta com mais insistência, evidenciada com clareza, apesar dos disfarces, nas fachadas mais imponentes da cidade ”

O papel da Igreja Católica
Na Europa, a Igreja Católica era, ao lado dos tribunais, o maior patrono da arte nesse período. Na imensa colônia do Brasil não havia corte, a administração local estava confusa e demorada, e assim um vasto espaço social permaneceu vago para a ação da Igreja e de seus empreendedores missionários, destacando-se entre eles os jesuítas, que administravam além os escritórios divinos uma série de serviços civis, como registros de nascimento e morte, estavam na vanguarda da conquista do interior do território, servindo como pacificadores de povos indígenas e fundadores de novos assentamentos, organizaram grande parte do espaço urbano na costa e dominado ensino e assistência social através da manutenção de faculdades e orfanatos, hospitais e asilos. Construindo templos grandes e luxuosamente decorados, encomendando peças musicais para o culto e dinamizando imensamente o ambiente cultural como um todo e, claro, ditando as regras na temática e maneira de retratar os personagens do cristianismo, a Igreja centralizou a arte colonial brasileira, com uma rara expressão profana. No Brasil, então, quase toda arte barroca é arte religiosa. A profusão de igrejas e a escassez de palácios prova isso. Lembre-se também de que o templo católico não era apenas um local de culto, mas o mais importante espaço de comunhão do povo, um centro de transmissão de valores sociais básicos e muitas vezes o único lugar relativamente seguro na vida muitas vezes turbulenta e violenta do povo. a Colônia. Gradualmente, houve uma mudança nesse equilíbrio em direção a uma secularização, mas não chegou a ser concluída durante o período do barroco. As instituições laicas começaram a ter um peso maior em torno do século XVIII, com a multiplicação de demandas e instâncias administrativas na colônia que se desenvolveu, mas não constituía um grande mercado para os artistas, não havia tempo. A administração civil só ganhou força com a chegada da corte portuguesa em 1808, que transformou o perfil institucional do território.

Assim como em outras partes do mundo onde floresceu, o Barroco também foi no Brasil um estilo impulsionado em grande parte por inspiração religiosa, mas ao mesmo tempo colocou grande ênfase na sensorialidade e riqueza de materiais e formas, de forma tácita e ambígua. acordo entre a glória espiritual e o prazer dos sentidos. Este pacto, quando as condições permitiram, criou algumas obras de arte de enorme riqueza e complexidade formal. Uma entrada para um dos principais templos do barroco brasileiro é suficiente para que os olhos se percam subitamente em uma explosão de formas e cores, onde as imagens dos santos são emolduradas por vislumbres, cariátides, anjos, guirlandas, colunas e esculturas em volume de tal modo que em alguns casos não deixam um pé quadrado de espaço à vista sem intervenção decorativa, com paredes e altares de cobertura de ouro. Como disse Germain Bazin, “para o homem deste tempo, tudo é um espetáculo”.

Na perspectiva da época, essa prodigalidade decorativa se justificava: os religiosos educavam o povo para a valorização das virtudes abstratas, buscando seduzi-lo primeiro pelos sentidos corpóreos, principalmente pela beleza das formas. Mas tanta riqueza também foi considerada um tributo devido a Deus, por Sua própria glória. Apesar da denúncia protestante do luxo excessivo dos templos católicos e da recomendação de austeridade do Concílio de Trento, o catolicismo prático ignorou as restrições. De fato, o próprio Concílio, convocado essencialmente para planejar a luta contra o avanço protestante, orquestrou, principalmente através dos jesuítas, uma agressiva campanha de proselitismo através da arte, tornando-a mais atraente ao gosto popular, satisfazendo suas necessidades de compreensão, tocando suas paixões, esperanças. e medos, acrescentando um caráter doutrinário sistemático, e também introduzindo novos temas, novos modos de representação e um novo estilo. Esses fatores criaram um projeto cultural que, além de ter refinamentos pedagógicos, foi nas diversas artes um divisor de águas e promoveu o surgimento de uma cornucópia de obras-primas, antecipando uma verdadeira imersão do público em ambientes onde receberia um bombardeio massivo de variadas e estímulos emocionais, entre os quais as narrativas sagradas pintadas nas telas, a grande e comovente música, a cintilação das velas arrancando reflexos místicos de ouro nos ricos casebres, a piedosa encenação de mistérios, as estátuas “milagrosas” prometendo aos crentes ‘fortunas e intimidantes pecadores, o cheiro de incenso para criar uma atmosfera sugestiva, liturgias em coro, procissões festivas com fogos de artifício e as suntuosas cerimônias, os sermões retóricos, tudo em sintonia, entendendo que arte “pode ​​seduzir a alma, perturbar e encantar nas profundezas não percebidas pela razão, que isto seja feito em prol da fé. “Tal programa, baseado num discurso de forte sentido cênico e declamatório, exprimindo-se repleto de alegorias e descrições verbais, exigindo emoções intensas, traduzidas plasticamente em extrema complexidade, fortes contrastes e dinamismo das formas artísticas barrocas em todos os países onde o estilo prosperou, já que era a expressão visível do intrincado, paradoxal e dramático espírito da época.

No Brasil, a ameaça protestante não existia, mas seu povo incluía a maioria dos negros e índios – e assim o modelo ainda era válido: tinha que ser uma arte sedutora e didática, para que os pagãos fossem atraídos e convertido, e os brancos tolos e bebês, bem ilustrados; seria para todos os meios de educação, impondo-lhes crenças, tradições e modelos de virtude e conduta. Ao mesmo tempo, fortaleceria a fé daqueles que já a tinham, estimulando sua perfeição. Na sociedade colonial, onde havia brechas intransponíveis entre classes sociais, onde prevalecia a escravidão, e os índios e negros, na prática e com rara exceção, não eram considerados seres humanos, mas mera propriedade privada, instrumento de exploração e fonte de lucro, Uma religião unificada também serviu como forma de atenuar essas graves desigualdades e tensões, permitindo ao poder colonizador controlá-las melhor, social e político. Como explicado Alfredo Bosi,

“Nas entranhas da condição colonial, uma retórica foi concebida para as massas, o que só poderia assumir nos grandes esquemas alegóricos os conteúdos doutrinários que o agente aculturante se propusera a instilar”. A alegoria exerce um poder singular de persuasão, muitas vezes terrível pela simplicidade de suas imagens e pela uniformidade da leitura coletiva, daí seu uso como instrumento de aculturação, daí sua presença desde a primeira hora de nossa vida espiritual, plantada na Contra-Reforma que uniu as extremidades do último Medieval e o primeiro Barroco. ”

Além da beleza das formas e riqueza de materiais, durante o barroco, o catolicismo usou enfaticamente o aspecto emocional do culto. O amor, a devoção e a compaixão foram visualmente estimulados pela representação dos momentos mais dramáticos da história sagrada, e assim abundam os Cristãos em leque, as virgens com o coração perfurado pelas facas, os crucifixos sangrentos e as imagens patéticas da rocha, verdadeiras marionetes. articulados, com cabelos, dentes e roupas reais, que eram transportados em procissões solenes e alimentadoras onde não faltavam lágrimas e mortificações físicas e pecados eram confessados ​​com uma voz alta.Festividades religiosas eram, de fato, mais do que uma forma de expressão piedosa; The colonial is the major the socialization coletiva on the colonial colonial, many vezes se estending for the environment private. Uns comedimentos foram registrados em muitos relatos do período, como o padre Antônio Gonçalves, que participaram de uma procissão da Semana Santa em Porto Seguro:

“Eu nunca vi a vaga em Paixão como eu vi nisto, porque desde o começo até o fim foi um grito contínuo e não tão baixo que escaneou o que foi feito. Auto-flagelações) havia cerca de cinco anos. that had a mortar, that a big one size is well as the non-hand … and had as you will had to be you?
Este não foi um exemplo; pelo contrário, uma mentalidade católica barroca gostava especialmente de exageros e dramas; Hetero em milagres e devoção a relíquias e santos era uma prática geral, muitas vezes misturando-se com superstições e heterodoxos altamente práticos, às vezes aprendidos dos índios e negros, que o clero tinha grande dificuldade em conter, sempre tendo que os fiéis recorressem a feitiçaria. , que os relatos dos Visitantes da Inquisição afirmaram em todos os lugares, mesmo entre os próprios clérigo ignorantes. Como afirmou Luiz Mott: “Apesar do problema da Inquisição e da própria legislação vigente, proibindo a feitiçaria e superstição, no Brasil antigo, em todas as ruas, cidades, bairros rurais ou paróquias, havia os enlutados,curandeiros e adivinhadores prestavam serviços tão valorizados ao bairro “. Mas essa mesma devoção mística e apaixonada, que muitas vezes adorava o trágico e o bizarro e aproximava perigosamente a heresia e a irreverência, também incorporava incontáveis ​​cenas de êxtase e visões celestes, Madonas de graça ingênua e juvenil e charme perene, e garotos bondosos, jesus, cujo apelo ao coração simples do povo era imediato e altamente eficaz. ”Novamente, a Bazin foi incluída nas suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração simples do povo era imediato O poder de compreender as práticas de ensino e de execução:que as vezes adoravam o trágico e o bizarro e aproximava-se perigosamente a heresia e a irreverência, incorporavelmente incontáveis ​​cenas de êxtase e visões celestes, Madras de graça ingênua e juvenil e charme perene, e garotos bondosos, jesus, seu apelo ao coração simples do A era era rápida e altamente eficaz. ”Novamente, Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente, a Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente Bazin comprehendeu a as essências do processo:que as vezes adoravam o trágico e o bizarro e aproximava-se perigosamente a heresia e a irreverência, incorporavelmente incontáveis ​​cenas de êxtase e visões celestes, Madras de graça ingênua e juvenil e charme perene, e garotos bondosos, jesus, seu apelo ao coração simples do A era era rápida e altamente eficaz. ”Novamente, Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente, a Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente Bazin comprehendeu a as essências do processo:Madras de graça ingênua e juvenil e charme perene, e garotadas bondosas, jesus, seu apelo ao coração do povo, e as formas eficazes. ”Novamente, Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente, a Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente Bazin comprehendeu a as essências do processo:Madras de graça ingênua e juvenil e charme perene, e garotadas bondosas, jesus, seu apelo ao coração do povo, e as formas eficazes. ”Novamente, Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente, a Bazin compreendeu as suas teorias: e garotos doces Jesus, seu apelo ao coração do povo era rápido e altamente efetivo. Novamente Bazin comprehendeu a as essências do processo:that apelo the heart single of the people era once etamente eficaz. Novamente Bazin comprehendeu a as essências do processo:that apelo the heart single of the people era once etamente eficaz. Novamente Bazin comprehendeu a as essências do processo:

“A religião foi o grande princípio da unidade no Brasil, e impôs às várias raças aqui misturado, cada um trazendo um mundo psíquico diferente, um mundo de representações mentais, que são facilmente acessíveis ao mundo pagão no caso dos índios e negros, através de de hagiografia, tão completa para abrir o caminho para o cristianismo para os originários do politeísmo “.