Maneirismo no Brasil

A introdução do maneirismo no Brasil representou o lançamento da pedra angular da história artística dos descendentes de europeus. Descoberto pelos portugueses em 1500, o Brasil era habitado por povos indígenas, cuja cultura tinha ricas tradições imemoriais, mas era diferente da cultura portuguesa. Com a chegada dos colonizadores, os primeiros elementos de uma dominação em larga escala começaram a ser introduzidos. Nesse século de fundação de uma nova civilização americana, a principal corrente cultural na Europa era o maneirismo, síntese complexa e muitas vezes contraditória de elementos clássicos derivados da Renascença italiana – agora questionada e transformada pelo colapso dos conceitos unificado, otimista, otimista, idealista e antropocêntrico. A cosmovisão cristalizada na Alta Renascença – e de tradições regionais cultivadas em várias partes da Europa, incluindo Portugal, que ainda tinha no estilo gótico inicial uma forte base de referência. Ao longo dos anos, a corrente foi aumentada por novos elementos de um contexto profundamente perturbado pela Reforma Protestante contra a qual a Igreja Católica organizou, na segunda metade do século XVI, um agressivo programa disciplinar e proselitista denominado Contra-Reforma, revolucionando as artes e a cultura. geral na época.

Devido ao fato de que a implantação da civilização portuguesa no Brasil começou do zero, havia condições escassas para um florescimento cultural ao longo de quase um século. Assim, quando começaram a surgir os primeiros testemunhos artísticos de algumas figuras brasileiras, quase exclusivamente localizadas no campo da arquitetura sacra e de sua decoração interior, o maneirismo já estava em declínio na Europa, sendo sucedido pelo barroco no primeiro semestre. do século XVII. No entanto, devido principalmente à atividade dos jesuítas, que foram os missionários mais ativos e empreendedores, e que adotaram o maneirismo quase como um estilo oficial da Ordem, resistindo muito em abandoná-lo, essa estética poderia se expandir abundantemente no Brasil, influenciando outros ordens. No entanto, a parte mais cultivada da colônia foi o estilo Chão, com características austeras e regulares, fortemente baseada nos ideais classicistas de equilíbrio, racionalidade e economia formal, em contraste com outras correntes em voga na Europa, que eram muito mais irregulares, anticlássico, experimental, ornamental e dinâmico. O modelo básico da fachada e em particular o plano baixo da igreja jesuíta foi o padrão mais duradouro e influente na história da construção religiosa brasileira, sendo adotado em grande escala e com poucas modificações até o século XIX. O Estilo Chão também teve um profundo impacto na construção civil e militar, criando uma arquitetura de grande homogeneidade em todo o país. Quanto à decoração de interiores, incluindo talha dourada, pintura e escultura, o maneirismo experimentou uma permanência muito mais curta, desaparecendo quase por completo a partir de meados do século XVII, ocorrendo o mesmo nos campos literário e musical. Apesar de uma presença tão marcante, grande parte das igrejas maneiristas foi descaracterizada em reformas posteriores, sobrevivendo hoje um número relativamente pequeno de exemplos em que as características mais típicas da arquitetura Chã ainda são visíveis. Suas decorações internas, assim como os testemunhos na música, sofreram um destino ainda mais dramático, perdendo-se quase na sua totalidade.

A atenção da crítica ao Maneirismo é um fenômeno recente, até a década de 1940, o estilo em geral não era sequer reconhecido como entidade autônoma na História da Arte, considerada até então uma triste degeneração da pureza renascentista ou mera etapa de confusa transição entre a Renascença e o Barroco, e por isso a descrição de seu legado ainda é flutuante de imprecisões e controvérsias, mas desde a década de 1950 uma grande série de estudos começou a enfocá-lo, melhor delimitando suas especificidades e reconhecendo seu valor como um rico estilo de propostas e soluções inovadoras, e interessante por si só. No caso brasileiro, no entanto, as dificuldades são muito maiores, a pesquisa está em fase inicial e a bibliografia é ruim, ainda existem muitos equívocos, anacronismos e divergências em sua análise, mas alguns acadêmicos já fizeram importantes contribuições para sua recuperação. .

Arquitetura

Igrejas: primeira fase
Devido ao caráter sagrado da grande maioria dos edifícios maiores erigidos na colônia, a influência da estética cultivada pelas diferentes ordens religiosas foi decisiva para a conformação do maneirismo arquitetônico brasileiro, tendo nos jesuítas e, até certo ponto, representantes mais ativos. O primeiro núcleo de atividade importante foi o Nordeste, destacando-se as cidades de Olinda, Recife e Salvador. Um pouco mais tarde núcleos foram formados no Rio de Janeiro e São Paulo. Os jesuítas formaram uma Ordem caracterizada pela grande cultura geral e pelo pragmatismo e adaptabilidade de seus membros aos contextos locais. Os seus edifícios adoptaram como modelo básico a vertente maneirista portuguesa conhecida como Arquitetura Chã, caracterizada pela funcionalidade e adaptabilidade a múltiplos usos, facilidade de construção e custos relativamente baixos, podendo ser praticada nos mais variados contextos. A grande versatilidade e viabilidade prática do modelo Chão serviu tanto aos interesses da Igreja como do Estado Português, numa altura em que ambos estavam intimamente ligados através do sistema de mecenato, sendo os religiosos agentes importantes na organização e educação da sociedade e também no processo de construção do império ultramarino. Outro aspecto, o estilo manuelino, muito mais complexo e refinado, com forte ênfase no património gótico e incorporando influências mouriscas, não teve impacto significativo fora de Portugal continental. Nem a versão mais ornamentada e dinâmica do maneirismo italo-português floresceu no Brasil, exceto por uma rara exceção, que deixou importantes monumentos em Portugal, como a Igreja de São Vicente de Fora e a Igreja da Graça de Évora, e em as colônias do Oriente, onde se destacam por sua riqueza ornamentalBasílica de Bom Jesus na Velha Goa e a Igreja da Mãe de Deus em Macau, entre outras. A Catedral de Santa Catarina de Goa, por outro lado, é muito semelhante em sua austeridade e equilíbrio aos padrões de solo adotados no Brasil.

O plano básico do estilo Chão foi definido por uma única nave retangular, sem transepto e sem cúpula, e com uma capela-mor ao fundo, onde ficava o altar-mor, delimitado por um grande arco de cruzeiro, cujas extremidades poderiam ser instaladas a dois altares secundários ou nenhum. Edifícios especialmente importantes poderiam ter três naves ou outros altares secundários instalados em nichos ao longo da nave única. Nestes altares, aplicava-se principalmente a riqueza decorativa que as condições de cada lugar podiam permitir. Segundo Gustavo Schnoor, é possível que este modelo tenha sido inspirado nas igrejas góticas portuguesas de nave única. As fachadas eram extremamente simples por regra, derivadas do modelo do templo clássico, com um quadrado ou retângulo como o corpo principal, perfurado por uma fileira de janelas de verga reta no nível superior, e coroado por um frontão triangular. A superfície das fachadas era pouco movimentada em três dimensões e tinha uma ornamentação despojada, ocasionalmente adornando os frontões com rolos e pináculos, portais com colunas e discretos relevos no frontispício, enfatizando a sobriedade, equilíbrio e ordem apreciados pelos classicistas. Os campanários, um ou dois, foram plantados no plano da fachada, seguindo a austeridade do resto do edifício, e cobertos por pirâmides em forma de pirâmide ou cúpula nervurada, mas às vezes se assemelhavam a torres integradas no corpo principal ou colocadas além da igreja. Esse modelo de igreja seria a contribuição mais influente e duradoura do maneirismo para a arte brasileira, sendo adotado em larga escala até o século XIX.

Em 1577, os jesuítas enviaram ao Brasil o padre Francisco Dias, renomado arquiteto, com o objetivo de dar aos templos brasileiros a dignidade que ainda lhes faltava. Ele era um seguidor de Vignola e Giacomo della Porta, italianos famosos cujo estilo agradou a corte e que participou da construção da Igreja de Jesus em Roma, que se tornou um modelo para uma miríade de outros templos jesuítas em todo o mundo. Logo após outro italiano, Filippo Terzi, construiu a importante Igreja de São Vicente de Fora e terminou a primeira igreja jesuítica de Portugal, São Roque, em Lisboa, cujo mestre de obras tinha sido o mesmo Francisco Dias. Dias deixaria o trabalho em várias partes do Brasil, entre elas a reforma da Igreja de Nossa Senhora da Graça, Olinda.

Para John Bury, os jesuítas foram então expostos a duas grandes influências, a tradição inaugurada pela Igreja de Jesus em Roma, a matriz de todas as igrejas jesuítas no mundo, e a tradição de São Vicente de Fora, a matriz da Igreja. As igrejas portuguesas e as construções brasileiras ou revelariam uma predominância de uma vertente, ou outra, ou produziriam sínteses originais de ambas, que exibissem estilos bem diferentes: a primeira derivada do modelo do retângulo encimado por um frontão triangular e sem torres e o outro com um bloco retangular ladeado por duas torres e sem frontão.

Enquanto isso, os franciscanos também se dedicavam a uma intensa atividade construtiva e, como os jesuítas, tinham um destacado expoente na pessoa do Frei Francisco dos Santos. Suas únicas obras sobreviventes são o Convento de São Francisco em Olinda, parcialmente destruído pelos holandeses e cuja igreja foi restaurada em estilo barroco, e o Convento de Santo Antônio no Rio de Janeiro, também com a igreja modificada posteriormente. Outros trabalhos dele foram totalmente perdidos, mas relatos da época referem que ele e seus colaboradores eram donos de um estilo original. Estas novidades provavelmente se refletem em outras igrejas franciscanas da época, expressas em frontão inferior, na presença de um alpendre ou agalilee em frente à entrada, em fachadas mais ornamentais e dinâmicas, no campanário recuado contra a fachada, em um nave estreita, muitas vezes ladeada por ambulatórios, com altares laterais instalados em nichos e sacristia na parte de trás da igreja, ocupando geralmente toda a largura da igreja. construção. Eles também se distinguiram dos jesuítas por seu amor pelo luxo decorativo e pela grande variedade de soluções arquitetônicas, e pela maior velocidade com que adotaram fórmulas decorativas típicas do barroco. Outros importantes edifícios franciscanos do século XVI são os conventos e igrejas de Igarassu e João Pessoa.

A Igreja Matriz de São Cosme e São Damião, em Igarassu, iniciada em 1535, é a igreja mais antiga do Brasil que ainda preserva suas características originais reconhecíveis, embora a torre seja parcialmente barroca. Outros bons exemplos da primeira fase construtiva são a Igreja de Nossa Senhora da Graça, erguida em Olinda entre 1584 e 1592 em uma capela em 1551, e a Catedral de Olinda, levantada entre 1584 e 1599, que depois de muita modificação foi devolvida a uma conformação bastante próxima do primitivo na década de 1970.

Igrejas: segunda fase
Um segundo estágio desenvolvido a partir de meados do século XVII, após as dificuldades iniciais terem sido superadas, quando o território já possuía uma vida própria significativa, enriqueceu e passou a desenvolver uma cultura autóctone diferenciada da metrópole, já com muitos artesãos e nativos artistas em atividade. No entanto, o Estado Português ainda tinha como interesse primordial a exploração econômica da colônia, e pouco investido em melhorias, assistência social, arte e educação, continuando a colocar na Igreja as principais responsabilidades de educar as pessoas, cuidando delas. os órfãos, as viúvas e os velhos, para registrar os nascidos e enterrar o falecido, continuando a dominar grande parte da vida brasileira e, além disso, como foi desde o início, o grande patrono cultural, já que a grande maioria dos projetos artísticos, grandes ou pequenos, permaneceram no campo sagrado. Nesta fase, as distinções entre os estilos jesuíta e franciscano e as das outras ordens tornam-se mais difíceis de determinar, com uma grande sobreposição de tendências.

John Bury destaca duas igrejas como as mais representativas desta segunda fase: a Catedral de Salvador e a Igreja de Santo Alexandre de Belém do Pará. Esta catedral é a quarta a ser erigida no mesmo lugar, e foi concluída em 1672. Antigamente a igreja do colégio Jesuíta, após a demolição da Antiga Catedral de Bahia, passou a ter status de Catedral. “Um edifício excepcionalmente vasto e imponente, que indubitavelmente exerceu influência considerável nas igrejas construídas posteriormente, não apenas pelos jesuítas, na Bahia e em outros lugares da colônia.” Sua fachada tem uma grande severidade, com pequenas torres integradas ao corpo principal. O interior também é austero em seu projeto básico, com nave única, capela-mor ladeada por duas capelas secundárias e outras dispostas ao longo da nave. Por outro lado, a decoração dos altares é luxuosa e refinada, alguns deles ainda preservando traços maneiristas, e outros já em estilo barroco. Já a Igreja de Santo Alexandre, inaugurada em 1719, é mais arcaizante, tem afinidades com o Estilo Fundamental, apesar de seu frontão voluptuoso. O interior é semelhante ao exemplo de Salvador, embora menos sumptuoso.

Igrejas: Terceira Fase
A última fase do Maneirismo Arquitetônico se desenvolveu principalmente em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII, quando ocorre o ciclo do ouro e a região torna-se um grande centro econômico, político e cultural. Mais recente área da cidade, seus primeiros monumentos construídos ainda seguem o modelo da Arquitetura Chã em sua austeridade e aderência às linhas retas, embora os interiores já estejam decorados em estilo barroco. Bons representantes são a Catedral de Mariana e a Matriz de Sabará.

O maneirismo arquitetônico ainda experimentaria uma longa sobrevivência no Brasil, embora sua influência tenha passado por certo declínio a partir da segunda metade do século XVIII, dando lugar ao barroco e ao rococó. Vários autores importantes já reconhecem sua longa história. Segundo Sandra Alvim, “a arquitetura maneirista tem grande penetração, raízes e torna-se um protótipo formal. Quanto às plantas e fachadas, orienta o caráter rígido das obras até o século XIX”, diz Gustavo Schnoor, “a longa duração do maneirismo”. ..] o colocaria em contato, quase em continuidade, com o advento do gosto neoclássico, que recorreu aos modelos de sua própria tradição clássica, isto é, ao maneirismo, antes de se interessar pela Roma Antiga,

Outras tipologias
Os edifícios militares, onde se destacam as fortificações, foram outro campo em que o barroco foi amplamente ignorado, com os princípios da Arquitetura Chã dominando a simplicidade, o desprendimento ornamental e a adaptabilidade. Suas características específicas favoreceram isso, já que, em relação a esses edifícios, as principais preocupações eram sobre funcionalidade e eficiência, sem grandes considerações estéticas.

As fortificações também passaram por uma evolução tipológica reconhecível. Entre o final do século XIV e a primeira metade do século XVI, Portugal construiu no chamado “Estilo de Transição”, adaptando-se à recente introdução de armas de fogo, produzindo uma arquitectura que fundiu elementos dos antigos castelos medievais e a primeira fortalezas modernas. Segundo Edison Cruxen, entre os elementos mais modificados nessa transição estavam as antigas torres góticas, que diminuem sua altura e perdem sua festa poligonal, assumindo uma festa circular ou semicircular, mais resistente à artilharia, sendo chamadas de cubelles, volumosos e proeminente na parede, e constituindo “o início da muralha que viria a ganhar definição e se estabelecer em um período de pleno uso da artilharia pirobalística”. As ameias são reforçadas e o arnês é introduzido, uma proteção extra na base da parede nos fortes localizados no litoral.Ao mesmo tempo, a barreira, uma evolução do barbacã, na base das paredes de chão, ganha importância crescente e começou a receber aberturas para instalação de artilharia para defender contra a borda fogo que destruiu a base das paredes.

No entanto, essas mudanças não foram adotadas em todas as fortes ao mesmo tempo, observando-se um longo período de experimentação e adaptação à evolução da artilharia, surgindo uma variedade de soluções construtivas. Além disso, as primeiras defesas brasileiras devido a deficiências em materiais e construtores técnicos foram levantadas em argila ou na forma de paliçadas de madeira, necessitando de reparos frequentes, mas depois a preocupação com a força e resistência imposta, sendo substituída por alvenaria. O primeiro grande forte a ser erguido na colônia foi o Forte de São João em Bertioga, construído em 1553 em uma antiga paliçada, seguindo uma estética maneirista.

O período entre a Dominação Espanhola e a Restauração no século XVII representa uma nova fase na construção militar, houve uma reestruturação em larga escala das antigas fortificações, que se tornaram mais baixas e mais compactas, para serem melhor confundidas com a linha do horizonte. e deixam de ser alvos fáceis, e algumas das principais características do Estilo de Transição, como torres e ameias, desaparecem. Refletindo as modificações artísticas da guerra, houve novos tratados, em especial o método Draw das fortificações lusitanas (1680) de Serrão Pimentel e da Engenharia Portuguesa (1728) de Azevedo Forte. Ao mesmo tempo, a conquista portuguesa avançou pelo interior do continente sobre as áreas espanholas, e muitas outras novas fortificações foram construídas, especialmente na fronteira terrestre a oeste do território, a fim de assegurar a conquista. O século XVIII ainda testemunhou uma atividade importante, e a partir desta data a maioria dos exemplos sobreviventes data. No século XIX, as fortificações encontradas eram cada vez menos úteis, poucas foram construídas e, em 1829, havia quase 180 em operação; em 1837, havia apenas 57. Muitas foram abandonadas e degradadas e outras foram adaptadas a novos usos.

Não obstante a priorização da funcionalidade nas fortificações, os engenheiros militares estavam bem preparados e eram frequentemente informados sobre a arte e a arquitetura erudita de seu tempo, como evidenciam seu conhecimento dos tratados Vitrúvio, Vignola e Spanocchi, entre outros, sua colaboração frequente na religião. construções e os muitos projetos que eles deixaram para igrejas e capelas. Além disso, muitas das fortificações mais importantes tinham alguns detalhes ornamentais nos portais, nos quartéis e nas capelas que tinham dentro.

Alguns exemplos são suficientes para mostrar a enorme importância dos engenheiros militares. A Igreja de Santa Cruz do Rio, foi obra do Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria. A Igreja do Mosteiro de São Bento na mesma cidade, foi projetada pelo renomado Francisco Frias de Mesquita, engenheiro-chefe do Brasil, designer da fábrica na cidade de São Luis e autor de algumas das mais importantes fortificações do século XVII. , como a Fortaleza dos Magos e o Forte de São Marcelo. Em São Paulo, o engenheiro militar João da Costa Ferreira foi elogiado pelo governador-geral Bernardo José de Lorena, que mencionou ter sido amado pelo povo por sua atuação ensinando a todos como construir bem com a disponibilidade local. O brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim é considerado o difusor de portões abatidos nas janelas e portas em meados do século XVIII, a partir de seu projeto do Palácio dos Governadores de Ouro Preto, que se tornou um padrão quase onipresente na construção civil, fortemente associado no estilo barroco. Além do Palácio dos Governadores, Alpoim projetou a reforma do Aqueduto da Carioca e do Convento de Santa Teresa, o Convento da Ajuda, o Palácio dos Viceroys, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e da Boa Morte, o claustro do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição. São Bento e várias fortificações, desenhou o plano da cidade de Mariana, no curso de artilharia e fortificações e escreveu dois importantes tratados, o Exame de Artilheiros (1744) e o Exame de Bombeiros (1748).

De fato, os engenheiros militares desempenharam um papel fundamental na evolução arquitetônica brasileira, não apenas nos campos militar e religioso, mas também nos campos populares e civis, projetando, construindo, supervisionando obras, organizando sistemas de produção, abrindo estradas, planejando cidades, política e também ensino.

Casas, colégios e mosteiros são outras tipologias notáveis ​​que foram erguidas com as características simples de simplicidade e regularidade de linhas e austeridade decorativa nas fachadas, com janelas de postes retos e ocasionalmente algum portal discretamente ornamentado, procurando funcionalidade ao invés de luxo. A grande maioria dos edifícios originais foi derrubada ou desfigurada em reformas posteriores. podem ser citados como exemplos mais ou menos intactos a antiga Prefeitura e Rede Salvador, a Casa Torre de Garcia d’Avila em Mata de São João, o Convento de Santo Antônio no Rio de Janeiro (sua igreja é barroca), a Misericórdia Convento de Salvador, o antigo colégio jesuíta de Belém do Pará, o Solar de São Cristóvão, nos arredores de Salvador, o Palácio das Onze Janelas, em Belém, e o Solar Ferrão, em Salvador.

Entre as casas, uma categoria separada é formada pela chamada arquitetura bandeirista, geralmente de fazendas, desenvolvida mais intensamente na antiga Província de São Paulo e tipificada por uma planta matricial clássica, onde se destaca a grande sala centralizada de uso múltiplo e a varanda entre duas salas de função social, que geralmente serviam de capela e outra de quarto de hóspedes. Seu telhado era de quatro águas e suas linhas muito despojadas. Tipologia muito comum nos séculos XVI e XVII, hoje são poucos os exemplos, entre eles a Casa do Butantã, a Casa do Sítio Tatuapé e a Casa do Regente Feijó.

Foi na arquitetura que o maneirismo deixou no Brasil seu legado mais extenso, duradouro e influente, e pouco de sua expressão permanece nas demais categorias artísticas.

Música
Praticamente nada foi salvo da música praticada nos primeiros dois séculos de colonização, exceto referências literárias. Através deles, sabe-se que a música, especialmente vocal, era parte integrante do culto religioso e foi cultivada com intensidade. Na esfera profana também esteve presente em todos os momentos, tanto em cerimônias públicas como no recesso do lar, mas ainda menos se sabe sobre esse aspecto do que sobre a música sacra. Parece não haver nada comparável à música sofisticada e hermética dos tribunais maneiristas italianos, com suas harmonias extravagantes, melodias irregulares e ritmos quebrados. Por outro lado, existem registros citando a prática da música polifônica nas principais igrejas, que já tinham coros e conjuntos instrumentais estáveis ​​a partir do século XVII. No entanto, a música sacra estava intimamente ligada às convenções estabelecidas pelo Contra Reforma, quando reverteu parcialmente a práticas polifônicas no chamado “Estilo Antigo” ou Prima Prattica, mas caracterizou-se pela solenidade, simplicidade de escrita e acessibilidade, evitando o complexo. técnicas contrapontísticas do fim do gótico e do renascimento que freqüentemente obscureciam os textos em uma massa de vozes cantando palavras diferentes ao mesmo tempo, em oposição ao “Estilo Moderno” ou Seconda Prattica, que descrevia a música mais avançada. Não obstante os impedimentos canónicos, em Portugal desenvolveu-se um estilo paralelo exuberante e artificial, que possivelmente teve reflexos também nas práticas brasileiras.

Nery e Castro salientam ainda que o maneirismo persistiu na música portuguesa muito depois de o barroco já ser o estilo musical dominante na Itália, processo que ocorreu entre 1630 e 1640, com uma cultura principal dos géneros de Missa, motete e vilania no sagrado. a terra e o tento e a fantasia da música profana, todos herdados do século XVI, ainda perdendo alguns dos gêneros fundamentais do barroco italiano do século XVII, como a ópera, a cantata, o oratório, a sonata e o concerto. Um upgrade consistente para o barroco só começaria em Portugal durante o reinado de Dom João V (1706-1750). No Brasil, a partir da escassa evidência disponível – um pequeno punhado de obras anônimas, algumas outras referências literárias e o tratado Escola de Canto de Órgão (1759-1760) de Caetano de Melo de Jesus, que faz referências a práticas mais antigas – após começos tímidos no início do século XVIII, o novo estilo só parece ter sido estabelecido a partir da década de 1760, no entanto, ainda cultiva arcaísmos e ambiguidades estilísticas. No entanto, a presença barroca parece ter sido tão breve quanto frágil, e no final do século começava a transição para o neoclassicismo, quando a música brasileira começou a ser melhor documentada e compreendida.

Escultura e douradura
Contrastando com as austeras fachadas da arquitetura Chã, os interiores das mais importantes igrejas e conventos puderam ser decorados com grande luxo, incluindo estatuária, pinturas e talha dourada. No entanto, pouco resta da primitiva decoração maneirista nesses lugares, em sua vasta maioria distorcida por reformas posteriores ou totalmente perdida. Na escultura, traços de um classicismo quase só aparecem na produção inicial de estatuária sagrada, caracterizada por sua solenidade e estaticidade, por rostos com expressão impassível, e pelas roupas que caem suavemente no chão, que contrastam com os padrões agitados e dramáticos. do barroco do século XVII em diante. A coleção sobrevivente é pequena e quase sempre feita de barro, e as peças são pequenas. Sua caracterização como parte do maneirismo é controversa e, em geral, essa produção é analisada como um proto-barroco. De qualquer forma, as imagens criadas por João Gonçalves Viana e pelos religiosos Frei Domingos da Conceição da Silva, Frei Agostinho da Piedade e seu discípulo Frei Agostinho de Jesus, ativos entre os séculos XVI e XVII.

Também estão incluídos na categoria de escultura os relevos arquitetônicos que ainda permanecem em portais de terrenos, igrejas e conventos, dos quais uma boa ilustração é a primeira página do Pacto de São Pedro do Clero em Recife, mas o exemplo mais significativo está na Igreja da Ordem Terceira de San Francisco de Salvador, um caso absolutamente único no Brasil pela extraordinária riqueza ornamental de sua fachada, mostrando afinidades com o estilo plateresco, uma vertente do maneirismo espanhol, que alguns críticos identificam como um proto Barroco. Seu único estilo estilístico, muito menos rico e exuberante, é a Igreja de Nossa Senhora do Guia em Lucena, na Paraíba.

Pintura e Gráficos
Outras categorias em que escassos testemunhos sobrevivem são a pintura e as artes gráficas. Os primeiros viajantes e exploradores freqüentemente tinham designers e gravadores em suas expedições, encarregados de fazer o registro visual da fauna, flora, geografia e povos nativos. Entre eles podemos citar Jean Gardien, ilustrador do livro Histoire d’un Voyage faiter en terre du Brésil, autrement dite Amerique, publicado em 1578 por Jean de Léry, Theodor de Bry, ilustrador do livro Duas viagens ao Brasil de Hans Staden. e o padre André Thevet, provável ilustrador de seus três livros científicos publicados em 1557, 1575 e 1584. As gravuras desses artistas mostram traços maneiristas em sua representação dos corpos humanos, com uma descrição anatômica e um sistema de proporções padronizadas, herdeiros do naturalismo idealista da Renascença, mas já impregnado de uma abordagem mais preciosa e dinamismo miquelangelesco contorcido, em composições que muitas vezes desvirtuam a perspectiva de um ponto central tão caro ao Renascimento, criando uma nova espacialidade, e escapam à clareza e ordem tipicamente clássico.

Na pintura, o primeiro registro conhecido é o padre jesuíta Manuel Sanches (ou Manuel Alves), que passou por Salvador em 1560 a caminho das Índias Orientais e deixou pelo menos um painel pintado no colégio jesuíta. Pouco depois apareceu o jesuíta Belchior Paul, quem chegou em 1587 junto com outros sacerdotes e deixou obras decorativas espalhadas em muitas das escolas maiores da Companhia de Jesús até princípios do século XVII, mas só se lhe conhecem poucos trabalhos atribuídos, entre outros. lhes uma Adoração dos Magos, hoje na Igreja dos Magos de Nova Almeida, que mostra a influência flamenga.

Em um ambiente separado, houve um notável florescimento artístico em torno da corte do invasor holandês Maurício de Nassau, estabelecido em Pernambuco entre 1630 e 1654, reunindo ilustradores, pintores, filósofos, geógrafos, humanistas e outros intelectuais e técnicos especializados. Na pintura, destacam-se as figuras de Frans Post e Albert Eckhout, deixando obras de alta qualidade e dentro de um espírito classicista calmo e organizado que tem pouca afinidade com o maneirismo pictórico nervoso e irregular mais típico, e que até hoje são um dos fontes primárias mais importantes para o estudo da paisagem, natureza e vida dos índios e escravos daquela região. Por outro lado, o caráter alegórico e decorativo das composições de Eckhout e sua tendência ao artificial “branqueamento” de negros e índios, e as doses de fantasia e incongruências na montagem de cenas que não poderiam ter existido na realidade em Post, criando ambas imagens que tinham um contexto cultural e político de conteúdo programático reconhecido e explicado naquela época, e eram mais a materialização dos desejos e idealizações da nobreza e da burguesia iluminada dos Países Baixos – que compravam suas obras e mitologizavam o mundo tropical – do que descrições científicas da terra, são elementos que de certa maneira os maneiristas abordam. A maior parte dessa produção retornou à Europa, mas um pequeno grupo ainda é encontrado em museus brasileiros.

Também sobrevivendo em várias igrejas e conventos há vários painéis e tetos de pintura decorativa, incluindo alguns em azulejos, que revelam uma transição para o estilo barroco, derramando-se em profusos motivos vegetais em intrincados entrelaçamentos, reminiscentes de decorações platerescas, intercaladas com símbolos religiosos , images of saints and other figures, as exemplified by the important sacristy ceiling of the Church of Santo Alexandre in Belém do Pará.Outro grande exemplo, um Maneirismo muito puro, é o teto da sacristia da Catedral de Salvador, derivado do declive grottesco da inspiração romana, com uma série de medalhões inseridos no entalhe, com molduras florais e retratos de santos e mártires jesuítas. Centro. [64] Schnoor identifica como maneiristas um grande retrato de corpo inteiro de Gonçalo Gonçalves, o Moço e sua esposa Maria, na galeria dos benfeitores da Santa Casa do Rio de Janeiro, o célebre Cristo dos Mártires de Frei Ricardo do Pilar, embora outros identifiquem como uma obra barroca, e uma pintura retratando a igreja Santa Rita de Cassiainhis Carioca.

No caso da pintura sobre azulejos, é quase invariavelmente ornamental, sem cenas figurativas, ou no máximo com pequenas figuras espalhadas entre ricos padrões de motivos vegetais ou geométricos, no chamado “Estilo Tapete”, feito com uma paleta de cores. limitado a alguns tons. Essa telha era geralmente aplicada como uma barra no fundo das paredes do corredor e ao redor dos claustros do pátio do convento, nos interiores das igrejas e, mais raramente, em residências particulares e prédios públicos.

Literatura
O contexto paupérrimo dos primeiros tempos coloniais condicionou e limitou a produção literária brasileira ainda com maior intensidade do que nas outras artes. Não havia escolas além das escolas de padres, e o estudo era praticamente limitado à alfabetização básica e à catequese religiosa, o analfabetismo era amplamente divulgado, a imprensa era proibida há muito tempo, a circulação de livros era muito pequena e passava invariavelmente pelo escrutínio do governo censura, sendo em geral romances de cavalaria, catecismos, almanaques e lunários e alguns dicionários e tratados de Direito, Legislação e Latim, não houve produção de papel, e até a língua portuguesa se estabeleceu em grande escala até meados do século XVIII. . Pelo contrário, eles eram principalmente falados em línguas híbridas de línguas portuguesas e indígenas,o que combinou para tornar a cena literária local quase inexistente. Depois dos grandes precursores ativos da segunda metade do século XVI, os jesuítas José de Anchieta, autor de crônicas históricas, gramáticas, autos sagrados e poemas, e Manuel da Nóbrega, autor do Diálogo sobre a Conversão dos Gentios e um rico epistolar, no século XVII começam a aparecer outros escritores, entre eles Bento Teixeira, autor de Prosopopeia, o primeiro épico brasileiro, o poeta Manuel Botelho de Oliveira, o jesuíta António Vieira, expoente da prosa sagrada, e Gregório de Matos, grande autor da poesia sagrada, lírica e satírica. Apesar de abordar temas locais, o seu trabalho continua a ser uma extensão direta da literatura portuguesa.Depois dos grandes precursores ativos da segunda metade do século XVI, os jesuítas José de Anchieta, autor de crônicas históricas, gramáticas, autos sagrados e poemas, e Manuel da Nóbrega, autor do Diálogo sobre a Conversão dos Gentios e um rico epistolar, no século XVII começam a aparecer outros escritores, entre eles Bento Teixeira, autor de Prosopopeia, o primeiro épico brasileiro, o poeta Manuel Botelho de Oliveira, o jesuíta António Vieira, expoente da prosa sagrada, e Gregório de Matos, grande autor da poesia sagrada, lírica e satírica. Apesar de abordar temas locais, o seu trabalho continua a ser uma extensão direta da literatura portuguesa.Depois dos grandes precursores ativos da segunda metade do século XVI, os jesuítas José de Anchieta, autor de crônicas históricas, gramáticas, autos sagrados e poemas, e Manuel da Nóbrega, autor do Diálogo sobre a Conversão dos Gentios e um rico epistolar, no século XVII começam a aparecer outros escritores, entre eles Bento Teixeira, autor de Prosopopeia, o primeiro épico brasileiro, o poeta Manuel Botelho de Oliveira, o jesuíta António Vieira, expoente da prosa sagrada, e Gregório de Matos, grande autor da poesia sagrada, lírica e satírica. Apesar de abordar temas locais, o seu trabalho continua a ser uma extensão direta da literatura portuguesa.autor do Diálogo sobre a Conversão dos Gentios e um rico epistolário, no século XVII começam a aparecer outros escritores, entre eles Bento Teixeira, autor de Prosopopeia, o primeiro épico brasileiro, o poeta Manuel Botelho de Oliveira, o jesuíta António Vieira, expoente da prosa sagrada, e Gregorio de Matos, grande autor da poesia sagrada, lírica e satírica. Apesar de abordar temas locais, o seu trabalho continua a ser uma extensão direta da literatura portuguesa.autor do Diálogo sobre a Conversão dos Gentios e um rico epistolário, no século XVII começam a aparecer outros escritores, entre eles Bento Teixeira, autor de Prosopopeia, o primeiro épico brasileiro, o poeta Manuel Botelho de Oliveira, o jesuíta António Vieira, expoente da prosa sagrada, e Gregorio de Matos, grande autor da poesia sagrada, lírica e satírica. Apesar de abordar temas locais, o seu trabalho continua a ser uma extensão direta da literatura portuguesa.seu trabalho ainda é uma extensão direta da literatura portuguesa.seu trabalho ainda é uma extensão direta da literatura portuguesa.