Culturas do Mediterrâneo, Museu Nacional do Brasil (Restauração Digital)

A coleção clássica de arqueologia do Museu Nacional consistia em aproximadamente 750 peças, cobrindo principalmente as civilizações grega, romana, etrusca e italiana, as maiores do gênero na América Latina. Grande parte dessa coleção correspondeu à coleção greco-romana da imperatriz Teresa Cristina, interessada em arqueologia desde a juventude. Quando desembarcou no Brasil em 1843, logo após seu casamento por procuração com Dom Pedro II, a imperatriz trouxe consigo uma coleção de obras recuperadas de escavações nas antigas cidades de Herculano e Pompéia, destruídas em 79 por uma erupção do vulcão Vesúvio. Algumas dessas peças vieram da coleção da rainha Carolina Murat, irmã de Napoleão Bonaparte e esposa do rei de Nápoles, Joaquim Murat.

Por sua vez, o irmão da imperatriz, o rei Fernando II das Duas Sicílias, ordenou que as escavações iniciadas no século 18 fossem retomadas em Herculano e Pompéia. As peças recuperadas foram enviadas ao Museu Bourbon, em Nápoles. Com o objetivo de aumentar a presença de artefatos clássicos no Brasil e considerando a criação de um futuro museu de arqueologia greco-romana neste país, a imperatriz estabeleceu trocas formais com o Reino de Nápoles. Ele pediu a Fernando II que enviasse peças greco-romanas para o Rio de Janeiro, enquanto enviava artefatos de origem indígena para a Itália. A própria imperatriz também financiou escavações em Veios, um sítio arqueológico etrusco localizado quinze quilômetros ao norte de Roma, trazendo grande parte dos objetos encontrados para o Brasil. A maior parte dessa coleção foi formada entre 1853 e 1859, mas continuou a ser enriquecida pela imperatriz até a queda do império em 1889, quando Teresa Cristina deixou o país.

Entre os destaques da coleção, havia um conjunto de quatro afrescos de Pompéia, executados por volta do século I. Duas dessas peças foram decoradas com motivos marinhos, representando respectivamente um dragão e um cavalo marinho como motivos centrais, e adornavam as paredes inferiores da sala dos devotos no templo de Ísis. Os outros dois afrescos tinham representações de plantas, pássaros e paisagens, aproximando-se estilisticamente das pinturas de Herculano e Estábia. Também de Pompéia veio um amplo conjunto de peças que retratavam o cotidiano dos moradores: fíbula, jóias, espelhos e outras peças da penteadeira romana, recipientes de vidro e bronze, amuletos fálicos e luminárias modeladas em terracota.

A vasta coleção de cerâmica cobriu dezenas de objetos e é marcada pela diversidade de origens, formas, decorações e fins utilitários. Os principais estilos e escolas da antiguidade clássica estão representados, da cerâmica geométrica coríntia do século VII aC às ânforas de terracota romana do início da era cristã. Cópias de crateras, enócoas, jarros, taças, copos, tigelas, hídrias, lécitos, asci e lekanides. Os conjuntos de Bucaros Etruscos (século VII aC), os vasos gregos de figuras negras (séculos VII aC), os vasos de Egnatia (quarto século aC) e, acima de tudo, a ampla variedade de figuras em cerâmica italiotes (V século III aC) , de Apúlia, Campânia, Lucânia e Magna Grécia.

A coleção de esculturas apresentava um conjunto de tanagras, figuras de terracota de origem grega popularizadas a partir do século IV aC, além de uma série de miniaturas de bronze etrusca representando guerreiros e figuras femininas. A coleção de artefatos militares inclui fragmentos de capacetes, pontas de maça, bainhas e lâminas de bronze, broches e faleras.

CULTURAS DO MEDITERRÂNEO
A coleção greco-romana do Museu Nacional é resultado do fascínio da imperatriz Teresa Cristina Maria pela arqueologia, bem como de sua forte determinação. Casada por procuração de D. Pedro II em 1843, no mesmo ano em que a Infantaria de Bourbon e Sicília chegou ao Brasil, trazendo sua bagagem, por iniciativa pessoal, recuperou peças das escavações promovidas em Herculano e Pompéia, todas elas alimentou o interesse pela imperatriz desde muito jovem. Algumas dessas peças faziam parte da coleção da rainha Carolina Murat, irmã de Napoleão Bonaparte e esposa do rei de Nápoles.

Seu irmão, rei Fernando II, continuou as escavações iniciadas no século 18 nas duas cidades, e Teresa Cristina Maria realizou escavações em Veii, um local etrusco a 15 km ao norte de Roma. As peças recuperadas nutriram o Museu Bourbon, em Nápoles. Decidiu aumentar a presença italiana no Brasil por meio de trocas formais, além de considerar a criação de um museu de arqueologia romana aqui, a Imperatriz pediu a Fernando novas peças, enquanto ela estava enviando simultaneamente obras de arte indígena para a Itália. A maior parte dessa coleção greco-romana chegou ao Brasil entre 1853 e 1859, mas continuou a ser aprimorada até que a imperatriz deixou o país em 1889, quando passou à custódia do Museu Nacional. Hoje, a coleção é composta por cerca de 700 peças.

luzes

Oenochoe Italo-Corinthian
Vaso característico dos ceramistas coríntios que se estabeleceram em Magna Greacia.

Cálice com cariátides
Cerâmica preta (bucchero nero).
Cálice montado sobre quatro suportes em forma de cariátides, em estilo oriental. A peça faz parte das descobertas da imperatriz Teresa Cristina das escavações que ela executou no local etrusco de Veii.

Torso nu
Representação de Vênus encontrada em escavações realizadas em 1853. A posição da deusa, levantando-se, sugere que é uma representação do mito de Leda e do cisne. Vênus – uma figura central do panteão romano – é a deusa do amor, da fertilidade, da beleza, protetora de amantes e viajantes. Ela defendia interesses públicos e privados, de homens e mulheres, de jovens e idosos. Ela geralmente aparece acompanhada de seus atributos: uma maçã, uma romã, um sândalo, um golfinho e um pombo. Vênus e seu correspondente grego, Afrodite, geralmente são representados nus ou semi-nus.

Vaso tripé com apliques de máscara
O vidro possui particularidades físicas que permitem procedimentos impossíveis de serem executados em argila ou metal. Os artesãos romanos exploraram essa qualidade ao máximo. Além dos frascos soprados, havia também os feitos com o auxílio de moldes.

Cratera de cálice, Italiote
Cerâmica
A cena representa o combate entre os dois guerreiros Etéocle e Polinice. Um pássaro entre os dois carregava uma faixa (taenia) de vitória. À esquerda, uma mulher sentada segura uma bandeja de oferendas. Na decoração superior, um rosto feminino frontal é cercado por um grifo e uma pantera.

Cratera de sino
Cerâmica
A cena representa três mulheres segurando arcas de oferendas, um cacho de uvas e uma coroa de flores. A figura central está sentada sobre uma pilha de pedras.

Oenochoe coríntio com tampa
Cerâmica coríntia
O oenochoe é um pote com uma única alça, usado para servir vinho da cratera às taças. A tigela estava coberta de motivos florais e representações de animais: leões, corujas, cabras, panteras e cisnes.

Askos ítalo-coríntios em forma de anel
O Askos é um tipo de vaso usado para misturar e purificar óleos

Guerreiro etrusco
Bronze.
Figura esquemática de um guerreiro em pé, carregando um capacete. Suas pernas estão afastadas, com o peso do corpo apoiado em uma delas, numa atitude de ataque.

Cabos espelho
Bronze.
Os espelhos à direita representam um Kouros de estilo iônico, do século VI dC. Muito frequentes em contextos funerários, os espelhos foram enterrados não apenas com mulheres, mas também com homens, aparecendo em estelas e em pinturas de tumbas. Os discos refletores, ausentes nesses exemplos, eram frequentemente adornados com cenas mitológicas.

Escultura feminina sem cabeça.
Mármore branco e rosa.
A peça retratada é uma estatueta de kore em estilo arcaico, possivelmente uma cópia da época romana. A figura feminina em pé veste uma túnica longa e drapeada, delicadamente levantada com as duas mãos. O escultor habilidoso que o produziu fez uso do contraste entre o corpo, feito de mármore branco, e os pés, feitos de mármore rosa e a cabeça, agora desapareceram e provavelmente também feitos do mesmo material, com a intenção de representar a pele humana. Pertence ao conjunto de objetos encontrados em uma tumba durante as escavações realizadas em Veii, em 1853.

Museu Nacional no Rio de Janeiro
O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é a instituição científica mais antiga do Brasil que, até setembro de 2018, figurava como um dos maiores museus de história natural e antropologia das Américas. Está localizado dentro do parque Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, sendo instalado no Palácio São Cristóvão.

O Museu Nacional / UFRJ faz parte do Ministério da Educação. É a instituição científica mais antiga do Brasil e o maior museu de história natural e antropologia da América Latina. Fundada por D. João VI em 6 de junho de 1818, e inicialmente sediada em Campo de Sant’Anna, serviu ao país para promover o desenvolvimento cultural e econômico do país.

Originalmente chamado Museu Real, foi incorporado à Universidade do Brasil em 1946. Atualmente, o Museu faz parte da estrutura acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O Museu localizado no Paço de São Cristóvão, de 1892 – residência da Família Imperial Brasileira até 1889 – conferiu-lhe um caráter diferenciado se comparado a outras instituições da região. É o mesmo lugar em que a família real viveu há tantos anos (onde D. Pedro II nasceu e a Primeira Assembléia Constituinte Republicana), e hoje é a interface entre memória e produção científica.

O Museu Nacional abrigava uma vasta coleção com mais de 20 milhões de itens, abrangendo alguns dos registros mais relevantes da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como conjuntos de itens amplos e diversos de diferentes regiões do planeta, ou produzido por povos e civilizações antigas. Formada ao longo de mais de dois séculos através de coleções, escavações, trocas, aquisições e doações, a coleção foi subdividida em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e antropologia biológica (incluindo os remanescentes do esqueleto de Luzia nesse núcleo). fósseis nas Américas), arqueologia e etnologia. Foi a base principal da pesquisa realizada pelos departamentos acadêmicos do museu – que desenvolve atividades em todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.