Casas: o endereço das almas, Museu Casa Brasileira

A exposição Casas – o endereço das almas, fruto de dez anos de pesquisa da fotógrafa Zaida Siqueira na documentação de técnicas de construção ancestral utilizadas em diferentes regiões do Brasil. Com curadoria de Maria Lucia Montes, o show é patrocinado pela AkzoNobel e apoiado pela Atlas Cerâmica e Cromex.

Casas – o endereço das almas apresenta fórmulas tradicionais de construção, suas variações e adaptações. No desenvolvimento deste projeto, Zaida Siqueira visitou 20 estados brasileiros, registrando a sabedoria do homem ao lidar com a natureza para construir sua casa, manejando a terra, pedras e madeira. Ao estabelecer semelhanças de acordo com as características climáticas e do solo, ela também observou aspectos da flora e fauna.

Influências culturais também aparecem em seu trabalho, como nas malocas (tipo de cabana comunitária usada por indígenas da região amazônica) nas terras indígenas do Mato Grosso. No interior de São Paulo e Minas Gerais, estados que experimentaram o culminar da cultura do café, há registros de mansões feitas de barro e terra batida. Na capital de São Paulo, a construção do Pátio do Colégio, por exemplo, empregava originalmente essas duas técnicas na construção dos muros.

A exposição é composta por setenta e duas fotografias, revelando aspectos curiosos da construção de casas brasileiras, como o uso de elementos como cupinzeiros e açúcar mascavo; seis instalações criadas pelo engenheiro civil Felipe Pinheiro, nas quais peças de paredes semi-acabadas ilustram a estrutura interior dos edifícios; seis arquivos audiovisuais que fazem parte da série documental de episódios “Habitar Habitat”, produzida em 2013 por Paulo Markun e dirigida por Sérgio Roizenblit, abordando habitações brasileiras que trazem de volta a terra batida, o bastão, o adobe, palhoças, palafitas e tranças para cobertura vegetal, feita com materiais como bambu e palha.

“A pesquisa revelou que essas técnicas estão sendo retomadas na bioconstrução, pois são sustentáveis ​​e apresentam bons resultados acústicos e térmicos, além da qualidade ecológica. Esses edifícios geram menos impacto durante a construção e podem ser reabsorvidos pela natureza”.

Para Heder Frigo, diretor AkzoNobel Brasil, patrocinador da exposição, valorizar o que já foi feito nos lares brasileiros é uma maneira de aprimorar conceitos mais modernos na arquitetura atual. “O conceito de casa como resgate da cultura, sociedade e meio ambiente reforça nossa estratégia de Cidades Humanas”, comenta.

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Biografia
Há 15 anos, a jornalista e fotógrafa paulista Zaida Siqueira busca registros diários, estabelecendo pontes entre o ancestral e o contemporâneo. Seu trabalho é resultado de uma intensa e extensa pesquisa de tradições e suas aplicações atuais na vida do homem, no ambiente rural e urbano, resgatando e valorizando esse conhecimento. Aos 53 anos, desenvolveu pesquisas em vários estados brasileiros, também em comunidades indígenas, publicou seis livros e fez cinco exposições, Casas – a morada das almas, seu sexto projeto.

O Museu da Casa Brasileira realizou outra exposição de Zaida Siqueira, denominada Utensílios: o espírito da forma, realizado em parceria com a ceramista Caroline Harari. A exposição apresentou um registro artístico da produção e uso de utensílios presentes no cotidiano doméstico das casas brasileiras.

Museu da Casa Brasileira
O Museu da Casa Brasileira (MCB), uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, dedica-se às questões do lar brasileiro através da arquitetura e design. Ao longo de mais de quatro décadas de existência, tornou-se referência nacional e internacional nessas áreas para a promoção de programas como o Design MCB Award, um concurso criado em 1986 com o objetivo de incentivar a produção brasileira no segmento e as Casas do Brasil projeto, resgate e preservação da memória sobre a diversidade da vida brasileira.

Primeiro museu do Brasil dedicado à arquitetura e design, o MCB (Brazilian House Museum) apresenta exposições temporárias e mantém uma coleção de móveis brasileiros do século XVII até os dias atuais. Entre as principais características do museu estão o MCB Design Award, um concurso anual realizado desde 1986, e um projeto de documentação mapeando tipos típicos de moradias no Brasil chamado “Brazilian Houses”, um trabalho em andamento em sua quinta edição com exposições e publicações anuais. A coleção MCB reúne móveis e objetos representativos da casa brasileira, ultrapassando três séculos de história. O calendário de eventos culturais da MCB inclui concertos gratuitos de música ao vivo aos domingos e visitas noturnas guiadas gratuitas a cada quinzena. O museu também possui uma agenda baseada em oficinas, mesas redondas, lançamentos de livros e revistas sobre uma ampla gama de temas relacionados à arquitetura e design, como planejamento urbano, sustentabilidade, conservação, patrimônio histórico e economia criativa, que formam o núcleo de suas atividades. Educação e Pesquisa, possibilitando intercâmbios nacionais e internacionais.

O programa do MCB inclui exposições temporárias e uma agenda baseada em debates, palestras e publicações que contextualizam a vocação do museu para arquitetura e design, contribuindo para a formação de um pensamento crítico sobre vários temas, como urbanismo, habitação, economia criativa, mobilidade urbana e sustentabilidade. O museu dedica seu espaço a duas exposições de longa duração: Remanescentes da Mata Atlântica e Coleção MCB, com painéis fotográficos e textuais que correlacionam os vários tipos de madeira da coleção MCB às várias espécies nativas existentes na Mata Atlântica, além de apresentar uma seção do acervo da instituição, composta por móveis e objetos representativos da casa brasileira do século XVII até os dias atuais, e A Casa e a Cidade – Coleção Crespi Prado, que aborda o uso residencial da propriedade que hoje abriga o museu pelo cotidiano e trajetória de seus moradores originais: o casal Renata Crespi e Fábio Prado, protagonista das transformações históricas, culturais e urbanas da cidade de São Paulo.

Na versão digital, o MCB disponibiliza ao público um levantamento detalhado de informações relacionadas aos hábitos da vida privada desde o século XVI no Brasil. O banco de dados da Casa Brasileira de Equipamentos, Usos e Alfândegas – Arquivo Ernani Silva Bruno contém 28.000 arquivos contendo relatos de viajantes, literatura fictícia, inventários familiares e testamentos que revelam os hábitos culturais da casa brasileira. Sob a coordenação do historiador Ernani Silva Bruno, primeiro diretor do MCB, o trabalho conhecido como Arquivo Ernani está organizado em 24 temas entre alimentação, construção, costumes domésticos, móveis e outros, e faz parte do acervo de arquivos do museu.

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