Arquitetura renascentista em Portugal

A arquitetura do Renascimento Português intimamente ligada à arquitetura gótica e gradual em seus elementos clássicos. O estilo manuelino (por volta de 1490-1535) foi um estilo de transição que combinou elementos ornamentais renascentistas e góticos a edifícios que eram arquitetonicamente mais próximos da arquitetura gótica, como é o estilo isabelino da Espanha. O manuelino foi sucedido por uma breve fase do início da Renascença (c. 1530-1550), mais próxima dos cânones clássicos, seguida da adoção de formas maneiristas (do renascimento tardio). O Maneirismo Português, especialmente na arquitetura secular, caracteriza-se pela simplicidade na organização das fachadas e relativa falta de decoração, sendo muitas vezes referido como Estilo Chão. Mesmo com a chegada da arquitectura barroca no final do século XVII, a arquitectura portuguesa continuou a utilizar as formas maneiristas até ao século XVIII.

Arquitetura religiosa
Um dos exemplos mais importantes do estilo manuelino é o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde os ornamentos renascentistas decoram portais, colunas de igrejas e closets. O abandono definitivo da arquitectura gótica e as primeiras estruturas renascentistas “puras” surgem mais tarde no século XVI, sob o reinado de D. João III, como a capela de Nossa Senhora da Conceição em Tomar (1532-40), a Porta Especiosa da Catedral de Coimbra e a Igreja da Graça em Évora (c. 1530-1540), bem como os claustros da Sé de Viseu (c. 1528-1534) e Convento de Cristo em Tomar (João III Claustros, 1557-1591).

Igrejas manuelinas como a do Mosteiro dos Jerónimos anteciparam a unificação do espaço interior (ver Igreja Hall) que caracterizaria igrejas renascentistas como a Igreja da Misericórdia de Santarém (depois de 1559), a Igreja de Santo Antão de Évora (1557-1563) e as catedrais de Leiria (depois de 1550) e Portalegre (depois de 1556).

A Igreja de São Roque (1565-1587) e o Mosteiro Maneirista de São Vicente de Fora (1582–1629), ambos localizados em Lisboa, influenciaram fortemente a arquitetura religiosa tanto em Portugal quanto em suas colônias no exterior nos próximos séculos. Igrejas maneiristas influenciadas por estes incluem as igrejas jesuítas de Coimbra (Nova Catedral de Coimbra, iniciado em 1598) e Salvador da Bahia, no Brasil (agora Catedral de Salvador, segunda metade do século 17).

Arquitetura secular
Um exemplo importante e raro do palácio urbano do Renascimento é a Casa dos Bicos (c. 1525), em Lisboa, com uma fachada coberta de relevos de diamantes à moda italiana. Durante a primeira metade do século XVI, a nobreza portuguesa construiu várias quintas (mansões) na zona envolvente de Lisboa. Entre estes, a Quinta da Bacalhoa (1528-1554), perto de Setúbal, é a mais importante, embora recentemente arruinada e degradada após a sua venda a uma adega. Em contraste com os palácios medievais portugueses, como o Palácio Real de Sintra, as fachadas do palácio da Bacalhoa têm um arranjo simétrico de janelas, galerias e torres e o edifício está rodeado por um lago artificial e jardins geométricos, um conjunto que revela inspiração italiana. Também perto de Setúbal está localizada a Quinta das Torres (c. 1560), também caracterizada pelas suas fachadas simétricas e um pavilhão tempietto no meio do seu lago artificial.

O Palácio da Ribeira de Lisboa, um palácio real construído no início do século XVI em estilo manuelino pelo rei Manuel I, foi remodelado no final do século XVI pelas ordens de Filipe I (Filipe II de Espanha). Neste momento a fachada do palácio foi modernizada e uma grande torre de estilo renascentista com uma cúpula foi construída pelo rio Tejo. O palácio e a sua proeminente torre dominaram a paisagem urbana de Lisboa até 1755, quando o Grande Terremoto de Lisboa a destruiu. Com o palácio real destruído, talvez o mais importante palácio renascentista tardio em Portugal seja o Palácio Ducal de Vila Viçosa, construído entre o final do século XVI e início do século XVII para os duques de Bragança.