Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa, Portugal

O Museu Nacional de Arte Contemporânea de Portugal (MNAC) é um museu de arte localizado no bairro do Chiado, em Lisboa, Portugal. Foi criado em 1911 e reinaugurado, em novas instalações, em 1994.

O museu cobre o período entre 1850 e 1950, com obras dos principais artistas portugueses do período, além de alguns estrangeiros. Possui a melhor coleção de pintura e escultura portuguesa dos períodos Romantismo, Naturalismo e Moderno.

O Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, foi um dos primeiros museus de arte contemporânea a serem criados em todo o mundo. Localizado no centro histórico de Lisboa, com a principal coleção de arte portuguesa da segunda metade do século XIX até os dias atuais, o museu é uma visita obrigatória para a compreensão e apreciação da arte portuguesa moderna e contemporânea. O programa de exposições temporárias é de grande importância dentro do escopo geral das atividades do museu. A apresentação da coleção é renovada periodicamente em seus segmentos temáticos ou temporais, de acordo com um trabalho sustentado de pesquisa histórica e crítica, mas o programa não se limita à arte portuguesa,

O Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado foi criado por decreto do governo em 26 de maio de 1911. Nasceu da divisão do antigo Museu Nacional de Belas Artes no Museu Nacional de Arte Antiga, que herdou do antigo as obras produzidas antes de 1850 e permaneceram no Palácio das Janelas Verdes, e no Museu Nacional de Arte Contemporânea, que incluiu todas as obras concluídas após essa data e foi abrigado no Convento de S. Francisco, em uma área vizinha à Academia de Belas Artes. A criação de uma rede de museus, que espalhou a extensão do país, foi a realização de um projeto baseado no conceito de iluminação humana do século XVIII, dotando o país com as ferramentas necessárias para salvaguardar e exibir a arte do país. A criação de um museu de arte contemporânea foi,

Entre os artistas representados estão António Silva Porto, António Carneiro, António Soares dos Reis, Miguel Ângelo Lupi, Columbano Bordalo Pinheiro, Amadeo de Souza Cardoso, Abel Manta, Dórdio Gomes, Adriano Sousa Lopes, José de Almada Negreiros, Nadir Afonso, Mário Eloy. , Francisco Augusto Metrass, Auguste Rodin e muitos outros. O museu também abriga exposições temporárias.

História
Desde 1911, o Museu do Chiado ocupa parte do antigo Convento de São Francisco (São Francisco) em Lisboa, um edifício de origem medieval. A adaptação e reforma de 1994 das áreas dos museus foram feitas pelo arquiteto francês Jean-Michel Wilmotte

A performance do primeiro diretor do museu, o pintor Carlos Reis, foi discreta. Sua nomeação representou um triunfo inesperado para o lobby conservador, em detrimento dos jovens artistas estabelecidos em Paris. O museu, na época, ocupava três de suas salas atuais e foi inserido pela Academia de Belas-Artes. Em 1914, o pintor Columbano Bordalo Pinheiro tornou-se diretor, continuando e desenvolvendo plenamente a abordagem tradicionalista adotada anteriormente, resistindo às manifestações de desagrado despejadas pelos modernistas que então se centravam no Café Brasileira no Chiado. Durante seu tempo como diretor (1914-1929), o museu foi ampliado para preencher várias outras salas, uma das quais dedicada à escultura. O pintor Adriano de Sousa Lopes, considerado por Columbano o único artista dentre as gerações mais jovens apto a sucedê-lo, deu continuidade ao seu projeto e introduziu, moderadamente, alguns elementos modernos que ele próprio não pôde aceitar. Até 1944, Sousa Lopes seria um diretor mais ousado do que o esperado. Foi durante esse período que os modernistas finalmente começaram a fazer incursões nas coleções do museu e que importantes esculturas de Rodin, Bourdelle e Joseph Bernard foram adquiridas. Também nesse período, o museu cresceu, incorporando o ateliê adjacente de Columbano Bordalo Pinheiro na Escola de Belas-Artes, abrindo assim uma nova sala dedicada ao pintor.

Foi o escultor Diogo Macedo que, como diretor, após ampla reforma da estrutura e do interior, abriu o museu diariamente ao público em 1945, com entrada própria na Rua Serpa Pinto. Tendo se envolvido no movimento modernista e, posteriormente, historiador da arte, esperava-se que sua nomeação inaugurasse uma nova era no museu. Foi implementado um programa de exposições temporárias, bem como pesquisas sobre artistas representados na coleção na forma de breves monografias publicadas pelo museu. No entanto, não havia uma definição clara de uma postura modernista, e o compromisso pernicioso com o naturalismo tardio descontextualizado a partir de seu tempo continuou. Algumas obras de artistas que surgiram na segunda metade da década de 1940 foram adquiridas, embora de maneira incerta e não planejada.

Assim, até 1959, o museu era ultrapassado e conservador e tinha pouco em comum com outros museus da Europa. A nomeação política do pintor Eduardo Malta naquele mesmo ano, apesar dos protestos gerais da comunidade artística e dos críticos, colocou ainda mais ênfase em uma abordagem retrospectiva que teve conseqüências catastróficas para a posição modernista da coleção e seu respectivo e necessário ajuste ao cenário. cena internacional de arte. Foi produzido um catálogo, mas os princípios nazistas sobre os quais a apresentação da coleção estava fortemente condenada pelos líderes do próprio regime que havia nomeado o diretor em primeiro lugar. Em 1970, Maria de Lourdes Bártholo, conservadora treinada, foi nomeada diretora do museu, que estava em avançado estado de degradação. Nos 17 anos seguintes, o prédio passou por obras de restauração muito superficiais. A coleção se estendeu até a era contemporânea, mas os critérios que governam a representação dos diversos movimentos, tendências e figuras de destaque na arte portuguesa, que a partir da década anterior passaram por profundas transformações quantitativas e qualitativas, não foram nem um pouco equacionados e tampouco as aquisições do museu definem um entendimento consistente e amplo da contemporaneidade.

Com o incêndio do Chiado em agosto de 1988, e apesar de o museu ter escapado incólume, as obras de arte foram removidas como medida de precaução. A então secretária de Estado da Cultura, Teresa Gouveia, decidiu que a casa da coleção deveria ser repensada. O governo francês apresentou um projeto de reforma do museu pelo arquiteto Jean-Michel Wilmotte, que, com uma equipe liderada pelo historiador de arte Raquel Henriques da Silva, redefiniu o museu da forma que exibia desde a reintegração no dia 12. Julho de 1994.

O projeto procurou integrar os espaços historicamente importantes do edifício em uma linguagem arquitetônica neo-moderna, aprimorando a autonomia dos planos que constituem as passarelas suspensas, o próprio piso e os tetos e as paredes repentinas que definem grandes extensões verticais. Com uma gama original e econômica de materiais e cores, sua austeridade discreta estabelece um diálogo completo com as funções do edifício.

Quando o museu foi reaberto, um catálogo intitulado Museu do Chiado, Arte Portuguesa 1850-1950, produzido por Pedro Lapa, Raquel Henriques da Silva e Maria de Aires Silveira, apresentou os núcleos mais consistentes e coerentes de sua extensa coleção, mais de dois mil itens, com estudos individuais sobre cada trabalho, bem como respectivas bibliografias e antecedentes históricos. Dadas as falhas da coleção em relação à sua representação da arte a partir da segunda metade do século XX, a política de aquisições do museu se concentrou nas obras seminais dos movimentos daquele período. Foi instituído um programa sistemático de exposições temporárias sobre artistas portugueses que surgiram nas décadas menos bem representadas na coleção, além de uma forte ênfase nos estudos e pesquisas apresentados nos respectivos catálogos. Foi criado um programa de arte contemporânea voltado para artistas emergentes, cujo trabalho se baseava nas interpretações da coleção do museu, permitindo a aquisição de obras variadas que iniciavam uma atualização do corpo de arte contemporânea da coleção. Desde a reabertura, a falta de espaço do museu, tanto para a coleção quanto para as exposições temporárias, tornou-se notória.

No final de 1998, Pedro Lapa, membro da equipe de reorganização do museu, tornou-se diretor. O programa de exposições temporárias assumiu maior importância e o foco passou para quatro áreas específicas, direta ou indiretamente relacionadas ao escopo cronológico da coleção. Foi assim iniciada uma série de exposições retrospectivas sobre artistas portugueses do século XIX. Continuaram as grandes retrospectivas do museu sobre movimentos e artistas modernistas portugueses, com o primeiro catálogo raisoneé de um artista português, Joaquim Rodrigo. Paralelamente, grandes exposições sobre artistas e movimentos na vanguarda histórica foram coproduzidas com outros prestigiados museus internacionais. O programa Interferências (1998-2002) decorreu paralelamente às exposições anteriores e apresentou trabalhos produzidos especificamente por artistas contemporâneos portugueses e internacionais. Outro aspecto a que esse programa deu importância particular foi o formato das publicações que acompanharam as exposições e que apresentaram análises científicas e ensaísticas aprofundadas.

A política de aquisições foi desenvolvida em duas linhas, a fim de mitigar as deficiências mencionadas na coleção, e as décadas de 1950 e 1960, assim como a década de 1990, já estão significativamente bem representadas. Também se iniciou a incorporação de outros gêneros artísticos à coleção, como fotografia e vídeo, mídias muito exploradas na arte contemporânea. Vários dos guardiões do museu mais ativamente envolvidos em dar ao Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea os recursos que seu título sugere sugeriram ter contribuído bastante para esse processo.

A falta de espaço tem sido um dos fatores que mais dificultaram a implementação da ampla gama de atividades que o museu procurou desenvolver. A chance de exibir suas coleções de maneira contínua, ou de desenvolver exposições temporárias da escala desejada, ou até de desenvolver atividades pedagógicas, todos esses aspectos da atividade de um museu estão sujeitos a limitações pelas quais uma solução está muito atrasada.

Arquitetura
Instalado desde a sua fundação em 1911, no mosteiro de São Francisco da Cidade, que foi fortemente danificado pelo terremoto de 1755, o atual Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado foi reaberto em 1994 após um incêndio que danificou a área em 1988 e após a conclusão das obras de renovação do arquiteto francês Jean-Michel Wilmotte.

O átrio do museu serve como área de entrada e recepção de visitantes e revela o design geral adotado para o complexo: um estilo arquitetônico neo-moderno que respeitava os vestígios históricos pré-existentes – uma estrutura monástica que data do período de reconstrução pós-terremoto que foi posteriormente adquirida, após a abolição das ordens religiosas em 1834, pelo comerciante inglês Abraham Wheelhouse. O átrio revela dois pilares de sustentação que sustentam um cofre de tijolo de seis lados em uma austeridade de linhas construídas que se enquadra na tradição da arquitetura das planícies portuguesas. O trabalho de reforma respeitou e aprimorou esses vestígios, explorando o teto alto com a adição de uma plataforma suspensa que fornece um piso intermediário atualmente usado para exibir escultura. A passarela suspensa e as escadas de acesso, recepção,

O cinza-cinza predomina na sala subseqüente e superior, usada para exibir escultura, cuja alta abertura vertical amplia ilusoriamente o pequeno espaço expositivo do museu. Através de uma escada de pedra, o visitante chega ao segundo andar do edifício. Aqui entra-se na Sala dos Fornos, originalmente construída entre 1830 e 1840 por Abraham Wheelhouse, que na época a equipou com uma série de notáveis ​​fornos de tijolos. A abertura quadrangular no piso que se conecta ao corredor inferior, atualmente revestida com vidro de rocha, era quase certamente destinada ao levantamento e movimentação de farinha.

Um novo lance de escadas leva a uma galeria quadrangular que se abre para a sala de esculturas e permite o acesso aos escritórios administrativos e ao terraço, com vista para o rio, e para a outra área de exibição, duas galerias longitudinais unidas em um ‘L’ cruzados por estreitos raios de luz natural.

Da galeria seguinte, chega-se a uma sala anexa, um espaço experimental revestido de madeira, onde a luz natural e artificial se alternam.

Ao lado dessa sala estão a biblioteca e o Gabinete de Desenhos, as duas áreas onde o legado monástico é possivelmente mais evidente, por exemplo, nos tetos abobadados e nos pilares duplos, que se destacam em meio à variedade de equipamentos técnicos.

Concluindo o passeio, o visitante desce através de uma escada suspensa para o café e entra no terraço aberto e no jardim com sua exibição de escultura em bronze dos séculos XIX e XX. Do jardim, volta-se, através de uma porta de vidro, para a passarela suspensa do átrio e de lá para a área de recepção.

Coleção
A coleção do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado atravessa a história da arte portuguesa desde a segunda metade do século XIX até hoje, constituindo um ponto de referência obrigatório para os interessados ​​em seu estudo.

O início da coleção é marcado pelo surgimento do romantismo, em meados do século XIX. Artistas como Tomás da Anunciação e Cristino da Silva transmitem o espírito romântico através de paisagens colossais, cenários rústicos e vibrantes e iluminação de fundo crepuscular. Animalismo e retrato, cujos maiores expoentes foram Anunciação e Luiz de Menezes, completam os temas românticos. O retrato da obra de Miguel Ângelo Lupi também foi reconsiderado de uma perspectiva realista.

Um momento de renovação foi vivenciado com a introdução, por Silva Porto e Marques de Oliveira, de pesquisas sobre as possibilidades da luz natural, atualizando o entendimento da natureza e a maneira como ela foi abordada pictoricamente. A paisagem representada como observada foi a principal área de experimentação do naturalismo, ao lado do retrato, que encontra sua melhor expressão na obra de António Ramalho e, acima de tudo, de Columbano Bordalo Pinheiro.

Introduzindo novos elementos artísticos, o Simbolismo de António Carneiro e Sousa Lopes marca a transição para o século XX, que começou com uma breve mas impressionante explosão de vanguarda, melhor exemplificada pela obra de Amadeo de Souza-Cardoso, obra quase única. de Santa Rita e o orfismo de Eduardo Viana. Outros cursos de renovação foram definidos pelo Expressionismo de Mário Eloy na década de 1920 e pelo Dimensionismo e Surrealismo que António Pedro desenvolveu na década de 1930, estabelecendo um vínculo com os jovens surrealistas posteriores da década de 1940.

Paralelamente a esses estudos inovadores, o Modernismo Português, definido por um ‘equilíbrio indispensável’ consistente com a ‘política do espírito’ de António Ferro, estava sendo desenvolvido por um grupo de artistas. Assim, Almada Negreiros, Dordio Gomes, Abel Manta, Bernardo Marques, Carlos Botelho e Viana e Eloy, e os escultores Canto da Maia, Diogo de Macedo e Francisco Franco basearam suas pesquisas em um classicismo que tomou suas referências fundamentais da organização volumétrica de Cezánne e o trabalho do período clássico de Picasso.

As preocupações políticas permaneceram fora da expressão artística até o neo-realismo da década de 1940, quando um grupo de artistas, entre os quais Manuel Filipe e Júlio Pomar se destacam, deu à crítica social uma forma formal por meio de distorção expressiva. Ao mesmo tempo, desenvolveu-se o surrealismo, que atualizou o discurso artístico através da experimentação e do acaso nos processos de produção. António Dacosta, Marcelino Vespeira, Fernando Lemos, Fernando de Azevedo, Jorge Vieira e Mário Cesariny foram os principais protagonistas do movimento. A Arte Abstrata, introduzida em 1944 por Fernando Lanhas, completa esse panorama. Lanhas trabalhou sozinho até Jorge Vieira na escultura e Nadir Afonso e Joaquim Rodrigo na pintura também desenvolveram interesse pela abstração.

As décadas de 60 e 70 consolidaram uma quebra, em termos artísticos, da atualização de pressupostos e métodos. O espírito de vanguarda foi recuperado e os artistas e tendências que os interessavam se multiplicaram, variando de Nova Figuração nas obras de Paula Rego e Joaquim Rodrigo, até a Nova Abstração que objetiva a pintura de Jorge Pinheiro, a experimentação do objeto conduzida por vários membros. do grupo KWY, em particular Lourdes Castro e René Bértholo, a adaptação da Pop Art ao contexto português por Sá Nogueira, o exame de questões de percepção de Noronha da Costa e Jorge Martins, a pesquisa de sinais de António Sena e João Vieira , e o trabalho ligado à pressão do movimento Land Art e Pós-conceitual, dominante externamente, entre os quais Alberto Carneiro, Helena Almeida e Julião Sarmento se destacam. O retorno à pintura, às formas e ao expressionismo vivenciado nos anos 80, bem como outras questões gravidas internacionalmente relacionadas à imagem e sua identidade, são representadas na coleção através do trabalho dos principais artistas da década: Júlia Ventura, José Pedro Croft, Julião Sarmento, Jorge Molder, Pedro Cabrita Reis e Rui Sanches.

Autoria, desvio e semelhança são os temas expressos na obra de João Penalva, que, juntamente com o romantismo de Rui Chafes e a consciência crítica do grupo Homeostético, faz a transição para os anos 90, marcada por preocupações diferentes, mas consumidoras (Ângela Ferreira João Tabarra, Miguel Palma e Augusto Alves da Silva), ao estabelecer um diálogo reflexivo com declarações politicamente, social e culturalmente comprometidas. Em constante processo de atualização, a coleção contém exemplos de obras recentemente produzidas por artistas na vanguarda da arte do século XXI, como Alexandre Estrela, João Onofre e João Pedro Vale.