Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

Com cerca de 6.630 obras, é, entre as coleções do MAM Rio, que nos permite formar um panorama quase completo da produção artística brasileira, desde o modernismo, passando pelas fortes transformações nas décadas de 1950, 1960 e 1970, até as manifestações mais recentes. da produção contemporânea.

A exposição abrangerá cerca de 50 artistas, com obras que vão desde pintura, gravura, fotografia e escultura, totalizando mais de 150 reproduções. Os artistas incluem Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Hélio Oiticica, Cícero Dias, Lasar Segall, Jose Pancetti e Guignard. Artistas brasileiros e estrangeiros com forte ligação com o Brasil foram priorizados.

A coleção de arte Gilberto Chateaubriand reúne mais de 8.000 obras de arte de vários movimentos brasileiros e manifestações artísticas. Nascido em 1925, Gilberto dedicou a maior parte de sua vida ao amor pela arte. Ele começou a colecionar arte em 1953 e montou a coleção mais completa do Brasil. Como colecionador, seu papel vai muito além do de um mero comprador de obras de arte. Gilberto influenciou várias gerações de artistas que sempre o reverenciaram como mestre e maior apoiador de belas artes do país. Com uma política permanente de aquisição de obras de arte, a coleção tornou-se referência para nossa cultura. Grande parte de sua coleção é emprestada ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e as principais obras da coleção são de suma importância.

Biografia
Gilberto Francisco Renato Allard Chateaubriand Bandeira de Melo (Paris, França, 1925). Colecionador, diplomata e empresário. Filho de Assis Chateaubriand (1892-1968), jornalista proprietário do grupo empresarial Diários Associados e fundador do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand-Masp, Gilberto Chateaubriand possui uma das maiores e mais importantes coleções particulares de arte moderna e contemporânea brasileira.

Em 1948, ele faz parte da primeira turma de diplomatas formada pelo Instituto Rio Branco do Ministério de Relações Exteriores e vive até o início dos anos 50 no Rio de Janeiro. Começa a formar seu acervo durante uma viagem à Bahia, em 1953, quando o pintor José Pancetti (1902-1958) apresenta a pintura de sua autoria, A Paisagem de Itapuã, 1953. Posteriormente adquire outras obras de Pancetti e pinturas de Carlos Scliar (1920-2001). Na década de 1950, ele comprou obras de Ismael Nery (1900-1934), Lasar Segall (1891-1957) e outros artistas, e da comerciante de arte Pie tro Maria Bardi (1900-1999), então diretora da Masp. Naquela época, como não há mercado sistemático de arte no Brasil, Gilberto Chateaubriand negocia a maioria das compras diretamente com os artistas.

Entre 1956 e 1960, trabalha como diplomata em Paris e adquire obras de artistas internacionais. De volta ao Brasil, ele decide focar sua coleção na produção artística nacional. Vende e troca suas peças estrangeiras por obras de artistas modernos locais como Djanira (1914-1979), Guignard (1896-1962), Di Cavalcanti (1897-1976) e Tarsila do Amaral (1886-1973). Além de adquirir obras nos estúdios, negocia principalmente com a Galeria Bonino, no Rio de Janeiro, que vende obras representativas do modernismo brasileiro. Nos anos 1960, frequentou os estúdios de Djanira, Milton Dacosta (1915-1988) e Maria Leontina (1917-1984)., No Rio de Janeiro e São Paulo, e vive com o médico Aloysio de Paula (1907-1990), diretor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro-MAM / RJ e Carlos Scliar, que agora o influencia na escolha dos artistas.

No final da década de 1960, além de continuar adquirindo obras de modernistas históricos, ele é um dos primeiros colecionadores a se interessar por obras que constituem o movimento da nova figuração. Compra produções de jovens artistas como Glauco Rodrigues (1929- 2004), Antonio Manuel (1947), Carlos Zilio (1944), Rubens Gerchman (1942-2008), Wesley Duke Lee (1931-2010) e Carlos Vergara (1941). , entre outros que, na época, são pouco comercializados por causa do conteúdo político de suas obras e por rejeitar a institucionalização de suas obras. Gilberto Chateaubriand também é um dos primeiros a chamar atenção para a produção de Waltercio Caldas (1946), Arlindo Daibert (1952-1993) e Milton Machado (1947), por exemplo.

Ao mesmo tempo, fundou Carlos Scliar e José Paulo (1922-2004) com a Ediarte, editora pela qual publica livros e catálogos de Di Cavalcanti, Pancetti e Guignard. Em 1969, Gilberto Chateaubriand tornou-se consultor da coleção de arte da Instituto Brasil Estados Unidos – Galeria Ibeu, no Rio de Janeiro. No início da década seguinte, atua como jurado em duas edições do Salão de Verão, na mesma cidade, e sua coleção começa a ganhar dimensão pública ao integrar shows de viagens no Brasil e no exterior.

Em 1976, é lançado o livro Arte Brasileira Contemporânea. Coleção Gilberto Chateaubriand, com textos do crítico Roberto Pontual. A publicação traça um panorama evolutivo da arte brasileira desde o início do século XX, com base em sua coleção. Dez anos depois, é lançado o segundo livro da coleção: Between Two Centuries. Arte Brasileira do Século XX na Coleção Gilberto Chateaubriand. Com textos de Pontual, mostra uma expansão do estudo anterior, com a leitura histórica reconsiderada com base em novas aquisições, incluindo obras de artistas emergentes na década de 1980, representantes do movimento de volta à pintura no cenário artístico nacional, como Jorge Guinle (1947-1987).) E Leda Catunda (1961).

Sobre a coleção, o crítico declara: “(…) através dela, a arte brasileira do século XX, do modernismo à contemporaneidade, tem sua ilustração mais completa e melhor.” Desde as duas publicações, a maioria dos discursos desta coleção publicou na imprensa nacional e internacional, descreve-o como um retrato exemplar da história da arte no Brasil no século XX.

O crítico Frederico Morais, curador da coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato de arte brasileira, o primeiro a apresentar a coleção em São Paulo em 1984, considera que o conjunto de obras coletadas pelo colecionador permite uma reavaliação do acervo. Arte brasileira, mas “é necessário, no entanto, não confundir arte brasileira e coleção de Gilberto Chateaubriand. Seria um erro fatal” sobre a exposição organizada, ele diz que nela a produção artística nacional parece “mais expressionista do que o habitual, levemente surrealista (…) lírico, emocional e íntimo “.

A coleção Gilberto Chateaubriand apresenta cerca de 7.000 obras e está em constante expansão. Apesar de possuir cópias de quase todos os períodos e movimentos que compõem a história da arte nacional do século XX, também se caracteriza por irregularidades, revelando, sobretudo, as idiossincrasias e preferências do colecionador. Chama a atenção por reunir trabalhos de nomes paradigmáticos do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti (1889 – 1964), Di Cavalcanti, Candido Portinari (1903 – 1962), Victor Brecheret (1894 – 1955), Tarsila do Amaral e Flávio de Carvalho ( 1899 – 1973). ) e obras de jovens artistas contemporâneos.

Possui conjuntos de telas modernistas das décadas de 1920 e 1930 e obras das décadas de 1960 e 1970. Até essa data, a coleção é composta principalmente de pinturas e desenhos figurativos. Nas décadas seguintes, as técnicas diversificam e a coleção também é composta de objetos, livros e instalações de artistas. Na década de 1990, há um aumento nas obras fotográficas, pois Gilberto Chateaubriand adquire obras de artistas de destaque nesse período, como Rosângela Rennó (1962) e Miguel Rio Branco (1946). Outra peculiaridade da coleção é o grande número de autorretratos.

No início dos anos 90, um acordo entre o Serviço Social da Indústria – Sesi de São Paulo e o MAM / RJ promoveu a exposição de abertura da Galeria de Arte Sesi em São Paulo, evento seguido de uma série de exposições. temas desenvolvidos com base na Coleção Gilberto Chateaubriand, por um período de doze meses, o que contribui para sua divulgação e prestígio.

Em 1993, Gilberto Chateaubriand transferiu, sob empréstimo, cerca de 700 obras de sua coleção para o MAM / RJ, que perde parte de sua coleção em um incêndio em 1978. E após a reconstrução da reserva técnica, o colecionador se torna a maior parte de sua coleção. toca para a instituição, o que expande ainda mais a visibilidade e a dimensão pública do conjunto.

Esta coleção brasileira faz parte da exposição de abertura do Museu Metropolitano de Arte de Pusan, na Coréia do Norte, em 1988, além de uma exposição itinerante na Alemanha. No mesmo ano, a Masp promove a mostra O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira, hospedando pela primeira vez as obras desta coleção.

Gilberto Chateaubriand foi presidente da Sociedade dos Amigos do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro. É membro do Conselho Internacional do Museu de Arte Moderna de Nova York – MoMa, da Fundação Cartier de Arte Contemporânea, França, do Comitê Administrativo da Fundação Bienal de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Paulo – MAC / USP, do conselho do Palácio Imperial, MAM / RJ e Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM / SP. Fora de sua carreira como diplomata, ele trabalha como agricultor, administra plantações de laranja e cana-de-açúcar em sua fazenda em Porto Ferreira, São Paulo, onde mantém uma pequena parte de sua coleção.

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Criado em 1948, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro ocupa um lugar único no cenário da produção artística brasileira, devido à sua importância como centro de difusão da cultura. O edifício, em operação desde 1958, foi projetado por Affonso Eduardo Reidy com jardins assinados por Roberto Burle Marx, e é reconhecido internacionalmente como um marco da arquitetura moderna no Brasil. Foi desenhado para dialogar com a paisagem: a horizontalidade da composição contrasta com o perfil das colinas cariocas e as fachadas envidraçadas trazem a paisagem de Burle Marx. Não há distância entre estrutura e aparência final. Os espaços livres têm um objetivo prático: a liberdade de composição oferecida ao espaço expositivo, o convite a jardins no térreo.

Com uma localização privilegiada no Parque do Flamengo, às margens da Baía de Guanabara, o Museu de Arte Moderna fica a dez minutos a pé do centro histórico da cidade, entre a Zona Sul e o Centro, com vista para vários cartões postais do Rio de Janeiro. : o Pão de Açúcar, a igreja histórica de Outeiro da Glória, o Corcovado e a própria baía.

Lugar histórico de vanguarda e experimentalismo no país, viu uma parte considerável de nossos movimentos artísticos nascer e lançar muitos dos mais importantes artistas nacionais. Inúmeros eventos e artistas passaram ou tiveram pelo MAM Rio uma referência fundamental para o florescimento de suas obras, como Grupo Frente (1954), Neoconcretismo (1959), Ateliê de Gravura (1959), Nova Objetividade Brasileira (1967), Parecer 65 e Parecer 66, Domingos da Criação (1971) e Área Experimental (1975-1978), e os Movimentos do Cinema Novo (1960), Marginal Cinema (1970), Curta-Metragem Independente e Documentarismo (1970) 1980) e os Cinema Experimental Contemporâneo (2000).

O Museu de Arte Moderna reúne a maior coleção de obras internacionais, além de importantes obras de artistas brasileiros. É formado a partir de doações pessoais, como a coleção de Esther Emílio Carlos; além de empresas como a Petrobras, que permitiu a aquisição de importantes instalações por artistas brasileiros, e a White Martins, composta principalmente por fotografias. A coleção hoje tem cerca de 6.600 obras.