Geologia, Museu Nacional do Brasil (Restauração Digital)

O Museu Nacional possuía um acervo de aproximadamente 70 mil itens relacionados às ciências da Terra, subdivididos em núcleos de paleontologia, mineralogia, petrologia e meteorologia, compostos por objetos de diferentes locais do Brasil e do mundo. Formada desde o final do século XVIII, era uma das maiores e mais diversas coleções geológicas brasileiras, caracterizada por seu alto valor científico, histórico e artístico, declarada patrimônio nacional e desenvolvida em grande parte com a ajuda de alguns dos mais renomados cientistas. e pesquisadores da geologia e paleontologia do país.

Entre os colaboradores das atividades científicas do museu, realizadas sistematicamente desde 1842, estavam Wilhelm Ludwig von Eschwege (responsável pela primeira exploração geológica de natureza científica no Brasil), Claude-Henri Gorceix (fundador da Escola de Minas de Ouro Preto) , Orville Derby (pioneiro da geologia brasileira), Alberto Betim Paes Leme (pioneiro em pesquisa de meteoritos no Brasil) e Ney Vidal (um dos pioneiros na coleta de espécimes fósseis de vertebrados no Nordeste do Brasil), entre outros. Também estiveram presentes na coleção objetos das primeiras grandes expedições científicas realizadas em território brasileiro, organizadas ou integradas pelos colaboradores do museu, a saber, a Thayer Expedition (liderada por Louis Agassiz) e a Morgan Expeditions (organizada por Charles Frederick Hartt). Por fim, o museu manteve a coleção coletada pela Comissão Geológica do Império, criada em 1875 e dirigida por Charles Frederick Hartt, composta principalmente por itens das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Meteorológico
O Museu Nacional possui a maior coleção de meteoritos do Brasil, com 62 peças. Meteoritos são corpos celestes do meio interestelar ou do próprio sistema solar (asteróides, cometas, fragmentos de planetas e satélites naturais desintegrados) que colidem com a superfície da Terra. Eles são divididos em três grupos principais: aerolitos (rochosos), siderites (metálicos) e siderolitos (mistos). A coleção do museu abrigava espécimes desses três grupos, incluindo peças de grande relevância para o estudo da meteorologia. Destacam-se os seguintes:

O meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil e um dos maiores do mundo. É uma siderita, constituída por uma massa compacta de ferro e níquel, pesando 5,36 toneladas e medindo mais de dois metros de comprimento. Foi descoberta em 1784 por Domingos da Motta Botelho, em uma fazenda nos arredores da cidade de Monte Santo, no interior da Bahia. Uma primeira tentativa de transferi-lo para Salvadorit falhou, quando o carrinho de madeira que o carregava ficou fora de controle e o meteorito caiu no riacho Bendegó, permanecendo lá por mais de 100 anos. Dom Pedro II ordenaria posteriormente a remoção do meteorito para o Rio de Janeiro. Está no Museu Nacional desde 1888.
O meteorito de Santa Luzia, o segundo maior encontrado no país. É também uma siderita, composta principalmente de ferro e níquel, com 1,36 metros de comprimento e massa de 1,9 toneladas. Foi encontrado em Santa Luzia de Goiás (atual Luziânia) em 1922 e doado por esse município ao museu.
O meteorito Angra dos Reis, cuja queda foi vista na Baía da Ilha Grande, em janeiro de 1869, por Joaquim Carlos Travassos e dois de seus escravos, responsáveis ​​pela coleta de dois fragmentos, um dos quais foi doado ao museu. O meteorito deu o nome a um novo grupo de aerólitos acondríticos – os angritos, um grupo de rochas que estão entre as mais antigas do Sistema Solar.
O meteorito de Patos de Minas, um siderita de ferro de 200 kg, descoberto em 1925, no Córrego do Areado, em Patos de Minas, Minas Gerais.
O meteorito do Pará de Minas, encontrado em 1934, também em Minas Gerais, na fazenda Palmital, perto da cidade do Pará de Minas. Siderita composta de ferro e níquel com massa de 112 kg.

A coleção incluiu dezenas de meteoritos menores e fragmentos de meteoritos com amostras espalhadas por várias coleções, incluindo espécimes exibindo a estrutura de Widmanstätten (padrões formados por cristais de ferro e níquel nas siderites de octaedrita). Destacam-se: Avanhandava (aerolita, queda em São Paulo em 1952), Campos Sales (aerolita, queda em Ceará em 1991), Heritage (aerolite, queda em Minas Gerais em 1950), Pirapora (siderita descoberta em Minas Gerais data desconhecida), Santa Catarina (siderita anômala rica em níquel descoberta em Santa Catarina em 1875) e São João Nepomuceno (siderita de 15 kg encontrada em Minas Gerais em data desconhecida, bastante rara por conter silicatos, ricos em sílica, semelhante apenas ao Meteorito de Steinbach). Entre os espécimes estrangeiros, destacam-se os meteoritos Brenham (siderolita encontrado em 1882 no Kansas, Estados Unidos), Carlton (siderita encontrada no Texas, Estados Unidos, em 1887), Glen Rose (siderita encontrada no Texas em 1937), Henbury ( siderita encontrada na cordilheira MacDonnell na Austrália em 1922) e Krasnojarsk (encontrada na Sibéria, Rússia, em 1749, o primeiro espécime de palasita de siderolita identificado).

Mineralogia e petrologia
A coleção de minerais e rochas do Museu Nacional foi um dos segmentos mais antigos de sua coleção, tendo sido coletada desde o final do século XVIII. Caracterizou-se por sua abordagem didática, refletindo a concepção do século XIX de coleções públicas de mineralogia como espaços de disseminação de conhecimentos básicos, visando disponibilizar aos professores de ciências naturais elementos práticos para atividades teóricas complementares. Seu núcleo original correspondia à coleção Werner – um lote de 3.326 espécimes mineralógicos classificados por Abraham Gottlob Werner, fundador da mineralogia e geognosia moderna, catalogado e publicado entre 1791 e 1793. A coleção consistia em amostras de quase todas as espécies minerais até então conhecidas e teve grande valor histórico, pois foi a primeira coleção mineralógica moderna classificada.

Foi adquirida na Alemanha de Carl Eugenius Pabst von Ohain (funcionário da Academia de Minas de Freiberg), pelo Reino de Portugal, provavelmente em 1805. A aquisição, ordenada por Antônio de Araújo Azevedo, então Ministro de Relações Exteriores e Guerra, teve como objetivo ampliar a coleção do Museu Real de História Natural de Lisboa. No entanto, por ocasião da transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, a Coleção Werner foi trazida para o Brasil, compreendendo inicialmente a coleção da Real Academia Militar, até ser incorporada ao Museu Nacional em 1818.

Outras importantes coleções mineralógicas foram incorporadas à coleção do museu no início do século XIX, como a valiosa coleção particular de José Bonifácio de Andrada e Silva, composta por itens coletados durante seus estudos no campo da mineralogia realizados na Europa na década de 1790, amostras de minerais da Casa dos Pássaros e espécimes transferidos das coleções da família imperial. As várias expedições organizadas pelo museu ao longo da segunda metade do século XIX e do século XX resultaram na adição de várias outras peças. O vasto conjunto de espécimes de quartzo, das variedades incolores (cristal de rocha) e coloridas (ametista, quartzo rosa e quartzo hematóide), os minerais do grupo mica (muscovita, biotita e lepidolita), um conjunto de cristais da Califórnia e peças de importância histórica – como como um espécime de equinóide silicificado (identificado como calcedônia), provavelmente da coleção da Imperatriz Leopoldina, um elemento de destaque nas primeiras exposições do museu, e uma amostra de quartzo de Minas Gerais, doada pelo presidente Getúlio Vargas ao museu em 1940.

A coleção de rochas foi composta por espécimes sedimentares, metamórficos e ígneos. Destacam-se os itens coletados durante a primeira expedição de geólogos e paleontólogos do Museu Nacional à Antártica, entre janeiro e fevereiro de 2007, como espécimes de rochas sedimentares do Cretáceo (da Formação Whisky Bay) e concreções de carbonatos em arenito Formação Santa Marta), além de peças raras, como amostras de calcário pisolítico da Bacia de São José de Itaboraí, um dos mais importantes depósitos fossilíferos do Paleoceno do Brasil, cujas reservas de calcário foram exploradas pela indústria cimenteira até o esgotamento e histórico espécimes, como uma amostra de óleo de Poço do Lobato, o primeiro poço a produzir petróleo no Brasil, perfurado na Bahia em 1939.

luzes

Concretagem calcária
As concreções calcárias ocorrem em formas redondas e são encontradas em camadas de argila. São segmentados em compartimentos por fissuras de contração preenchidas com calcita, constituindo um septário. A coloração rosa é dada devido à presença de óxido de ferro. Essa amostra foi coletada em 1870 por Antonio Carlos Melo, cientista do Museu Nacional, e vem da região entre os municípios de São Gabriel e Alegrete, no Rio Grande do Sul.

Lacuna sedimentar na Antártica
Rochas sedimentares do período Cretáceo – Formação Whisky Bay, Grupo Gustav, Bacia de Larson – coletadas na praia de Bibby Point, no norte da ilha James Ross, durante a primeira expedição de uma equipe de geólogos e paleontólogos do Museu Nacional da Antártida , em janeiro e fevereiro de 2007.

Amostra de quartzo
Cristal de quartzo romboédrico, com 3 cm de largura por 8 cm de altura, sob massa de cristal de turmalina verde, com 24 cm de largura por 4 cm de altura.

Concretagem de carbonato na Antártica
Concretização de carbonato em arenito fino com laminações cruzadas, do período Cretáceo – Membro Lachman Craigs, Formação Santa Marta, Bacia de Larsen -, coletada no Col. Crame, ao norte da Ilha James Ross, durante a primeira expedição de uma equipe de geólogos e paleontólogos do Museu Nacional da Antártica, em janeiro e fevereiro de 2007.

Amostra de petróleo Lobato
Balão com 40 cm de comprimento.
Vidro com amostra de petróleo do poço Lobato, perfurado em 1939 na Bahia, conhecido como o primeiro poço a produzir petróleo no Brasil. Embora tenha sido classificado na época da perfuração como “subcomercial”, o petróleo proveniente desse poço incentivou a continuação da pesquisa de petróleo na região do Recôncavo Baiano.

Amostra Galena
Vários cristais cúbicos de Galena, de vários tamanhos, crescidos em rochas calcárias finas com 12 cm de comprimento por 8 cm de largura. Cristais de calcita “dente de cachorro”, com 4 cm de largura e comprimento, incrustados em um cristal Galena com 5 cm de comprimento e largura. Colecionado na Califórnia, nos Estados Unidos da América.

Amostra de Calcário Pisolítico
A Bacia de São José de Itaboraí, localizada no município de Itaboraí, no Rio de Janeiro, é uma das menores bacias sedimentares brasileiras e um dos locais fósseis mais importantes da era do Paleoceno no Brasil e no mundo. Foi descoberto em 1928 e teve seu calcário explorado pela indústria de cimento até o esgotamento. O calcário pisolítico, a litologia mais notável da bacia, não pode mais ser encontrado.

Meteorito de Bendego
Constituído por uma massa compacta de ferro e níquel, é o maior meteorito brasileiro e um dos maiores do mundo. Foi encontrado em 1784 por um menino, Domingos da Motta Botelho, que pastoreava gado em uma fazenda perto da cidade de Monte Santo, no interior da Bahia. A primeira tentativa de transportar o bloco extremamente pesado para a capital falhou quando a carroça de madeira que o carregava perdeu o controle e caiu no riacho Bendegó. Desde 1888, ele foi exposto no Museu Nacional graças aos esforços do imperador D. Pedro II, que, uma vez ciente de sua existência e importância científica, providenciou sua remoção para o Rio de Janeiro.

Meteorito de Angra dos Reis
Sua queda, em janeiro de 1869, em frente à igreja do Bonfim, na Praia Grande, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, foi testemunhada por Joaquim Carlos Travassos e dois de seus escravos. Estes últimos recuperaram dois fragmentos de aproximadamente 2 metros de profundidade, um dos quais foi doado ao Museu Nacional. O meteorito de Angra dos Reis deu nome a um novo grupo de meteoritos, os Angrites, considerados a rocha mais antiga do sistema solar.

Meteorito do Pará de Minas
A amostra mostra o padrão Widmanstätten, típico de meteoritos metálicos quando são atacados por ácido. Essa estrutura é formada como conseqüência de um resfriamento muito lento – aproximadamente 1 ° C a cada 1 milhão de anos – no núcleo de um corpo planetário provavelmente semelhante ao da Terra.

Museu Nacional no Rio de Janeiro
O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é a instituição científica mais antiga do Brasil que, até setembro de 2018, figurava como um dos maiores museus de história natural e antropologia das Américas. Está localizado dentro do parque Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, sendo instalado no Palácio São Cristóvão.

O Museu Nacional / UFRJ faz parte do Ministério da Educação. É a instituição científica mais antiga do Brasil e o maior museu de história natural e antropologia da América Latina. Fundada por D. João VI em 6 de junho de 1818, e inicialmente sediada em Campo de Sant’Anna, serviu ao país para promover o desenvolvimento cultural e econômico do país.

Originalmente chamado Museu Real, foi incorporado à Universidade do Brasil em 1946. Atualmente, o Museu faz parte da estrutura acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O Museu localizado no Paço de São Cristóvão, de 1892 – residência da Família Imperial Brasileira até 1889 – conferiu-lhe um caráter diferenciado se comparado a outras instituições da região. É o mesmo lugar em que a família real viveu há tantos anos (onde D. Pedro II nasceu e a Primeira Assembléia Constituinte Republicana), e hoje é a interface entre memória e produção científica.

O Museu Nacional abrigava uma vasta coleção com mais de 20 milhões de itens, abrangendo alguns dos registros mais relevantes da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como conjuntos de itens amplos e diversos de diferentes regiões do planeta, ou produzido por povos e civilizações antigas. Formada ao longo de mais de dois séculos através de coleções, escavações, trocas, aquisições e doações, a coleção foi subdividida em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e antropologia biológica (incluindo os remanescentes do esqueleto de Luzia nesse núcleo). fósseis nas Américas), arqueologia e etnologia. Foi a base principal da pesquisa realizada pelos departamentos acadêmicos do museu – que desenvolve atividades em todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.