No topo da Escadaria Nobre, a Sala dos Passos Perdidos, adjacente à Sala das Sessões, funciona como o grande centro de reuniões e seminários entre deputados, membros do governo e jornalistas. A sala, projetada por Ventura Terra, foi construída acima do átrio, respeitando e seguindo seu layout e dimensões, já adaptados pelo design original da igreja monástica beneditina.
O teto foi construído em uma abóbada de cano – descarregando, nas extremidades, em quatro colunas com haste de mármore rosa, capitéis compostos e bases de bronze dourado -, iluminado e artificialmente iluminado por uma clarabóia de ferro e vidro amarelo e rosa, remanescente das soluções adotadas pelos arquitetos-engenheiros franceses e ingleses (particularmente a parisiense Gare d’Orsay, idealizada pelo mestre de Ventura Terra, Victor Laloux, que o influenciaria novamente no projeto do Pavilhão das Colônias, na Exposição de Paris, em 1900).
O teto é decorado com pinturas em dois grupos de três figuras alegóricas, uma em cada um dos dois telescópios localizados nas extremidades do cofre (Lei, Justiça e Sabedoria; Independência, Soberania e Pátria), respectivamente por João Vaz e de Benvindo Ceia , concluída em 1926.
As paredes, de mármore branco e rosa, são marcadas por 18 pilares duplos anexados e decorados, entre eles, seis painéis, pintados a óleo sobre tela por Columbano Bordalo Pinheiro. O pintor, que já se dedicara à decoração de prédios públicos, como os do Museu de Artilharia, seguiu os requisitos da comissão de 1921 na representação das 22 figuras da história portuguesa, dos séculos XIII ao XIX, ligadas a política, oratória e administração pública.
As imagens nas pinturas retratam as seguintes personalidades históricas:
D. Dinis, João das Regras e D. João II;
Febo Moniz, Padre António Vieira, D. Luiz de Menezes (Conde da Ericeira) e João Pinto Ribeiro;
Conde de Castelo Melhor, D. Luís da Cunha, Marquês de Pombal e José Seabra da Silva;
Manuel Fernandes Tomás, Manuel Borges Carneiro e Joaquim António de Aguiar;
Mouzinho da Silveira, Duque de Palmela, Duque de Saldanha e José da Silva Carvalho;
Passos Manuel, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José Estevão de Magalhães.
Esses seis painéis de Columbano Bordalo Pinheiro formam um conjunto histórico com um discurso que se desenvolve cronologicamente, desde a tela em que os personagens medievais estão representados até a onde aparecem figuras contemporâneas.
As paredes recuadas na entrada da escadaria da arquibancada foram pintadas, à esquerda, por Benvindo Ceia, representando Viriato (herói lusitano resistente à ocupação romana) e, à direita, por João Vaz, com uma alegoria à Évora. Convenção de Monte (assinada em maio de 1834, encerrando a guerra civil entre liberais e absolutistas, com o consequente exílio de D. Miguel).
Acima das portas laterais, há quatro leões em gesso patinado pelo escultor José Neto.
Palácio de São Bento
O Palácio de São Bento é um neoclássico em estilo palácio localizado em Lisboa, sendo a sede do Parlamento de Portugal desde 1834. Foi construído no final do século XVI (1598) como um mosteiro beneditino (Mosteiro da Saúde de São Bento) para traços de Baltazar Álvares, de caráter maneirista e barroco. O Arquivo Nacional da Torre do Tombo foi instalado lá. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, tornou-se propriedade do Estado. No século XVII, foram construídas as criptas dos marquês de Castelo Rodrigo.
Após o estabelecimento do regime liberal em 1834, após a Guerra Civil Portuguesa, tornou-se sede das Cortes Gerais da Nação, ficando conhecido como Palácio das Cortes. Após as mudanças no nome oficial do Parlamento, o Palácio também recebeu vários nomes oficiais: Palácio das Cortes (1834-1911), Palácio do Congresso (1911-1933) e Palácio da Assembleia Nacional (1933-1974). Em meados do século XX, passou a ser utilizada a designação de Palácio de S. Bento, em memória do antigo convento. Essa denominação permaneceu após 1976, quando se tornou a sede da Assembléia da República.
Ao longo dos séculos XIX e XX, o Palácio passou por uma série de importantes obras de remodelação, tanto interiores como exteriores, o que a tornou quase completamente distinta do antigo mosteiro, do qual a remodelação de Ventura Terra e em 1936 a escadaria monumental, acrescentada por António Lino e completado por Cristino da Silva. O palácio possui um corpo central com arcadas no nível do solo e sobre essas galerias colunadas, encimadas por um frontão triangular decorado com estuques. O interior é igualmente grandioso, cheio de asas, a Sala de Sessões da Câmara dos Deputados, a Sala dos Passos Perdidos, o Salão Nobre, entre outras, além de obras de arte de diferentes períodos da história de Portugal. O Palácio também inclui um Museu Histórico, que foi classificado como Monumento Nacional em 2002.
Em 1999, foi inaugurado o novo edifício, que apoia a Assembléia da República. Localizado na praça de S. Bento, o novo prédio, um projeto de 1996 do arquiteto Fernando Távora, embora conectado ao palácio por acesso direto ao interior, foi propositadamente construído para constituir uma estrutura autônoma, a fim de não comprometer ou descaracterizar o edifício. layout do palácio.