Museu Nacional do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil

O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é a instituição científica mais antiga do Brasil que, até setembro de 2018, figurava como um dos maiores museus de história natural e antropologia das Américas. Está localizado dentro do parque Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, sendo instalado no Palácio São Cristóvão. O palácio serviu de residência para a família real portuguesa de 1808 a 1821, abrigou a família imperial brasileira de 1822 a 1889 e sediou a primeira Assembléia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser usado para o museu em 1892. O edifício foi listado pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938. Fundado por Dom João VI em 6 de junho de 1818, com o nome de Museu Real, o museu foi instalado inicialmente em Campo de Santana, reunindo a coleção legada da antiga Casa de História Natural, popularmente chamada de “Casa dos Pássaros”, criada em 1784 pelo vice-rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, além de outras coleções de mineralogia e zoologia. A criação do museu teve como objetivo atender aos interesses de promover o progresso socioeconômico do país por meio da disseminação da educação, cultura e ciência. Ainda não no século, tornou-se famoso como o museu mais importante do gênero na América do Sul. Foi incorporado à Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1946.

O Museu Nacional abrigava uma vasta coleção com mais de 20 milhões de itens, abrangendo alguns dos registros mais relevantes da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como conjuntos de itens amplos e diversos de diferentes regiões do planeta, ou produzido por povos e civilizações antigas. Formada ao longo de mais de dois séculos através de coleções, escavações, trocas, aquisições e doações, a coleção foi subdividida em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e antropologia biológica (incluindo os remanescentes do esqueleto de Luzia nesse núcleo). fósseis nas Américas), arqueologia e etnologia. Foi a base principal da pesquisa realizada pelos departamentos acadêmicos do museu – que desenvolve atividades em todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.

No campo da educação, o museu oferece cursos de extensão, especialização e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento, além de realizar exposições temporárias e atividades educativas voltadas ao público em geral. Administra o Jardim Botânico, próximo ao Palácio São Cristóvão, além do campus avançado da cidade de Santa Teresa, no Espírito Santo – a Estação Biológica de Santa Lúcia, mantida em conjunto com o Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Um terceiro espaço no município de Saquarema é utilizado como centro de apoio à pesquisa de campo. Por fim, dedica-se à produção editorial, destacando, nesse aspecto, a edição dos Arquivos do Museu Nacional, a mais antiga revista científica brasileira especializada em ciências naturais, publicada desde 1876.

Na noite de 2 de setembro de 2018, um grande incêndio atingiu a sede do Museu Nacional, destruindo quase toda a coleção em exibição, uma perda inestimável e incalculável para a formação histórica e cultural, não apenas no país, mas no mundo. Registros de dialetos e cantos indígenas de comunidades que já foram extintas foram perdidos, disse o historiador Daniel Tutushamum Puri. O prédio que abriga o museu também foi extremamente danificado, com rachaduras, colapso do telhado, além da queda de lajes internas.

Em 17 de janeiro de 2019, o Museu Nacional abriu sua primeira exposição após o incêndio que destruiu sua coleção. A coleção de pesquisas sobre fósseis de animais marinhos, elaborada por funcionários da instituição, foi exibida no prédio da Casa da Moeda. O público foi capaz de encontrar fósseis com 80 milhões de anos.

Em 2019, o Museu Nacional tinha um orçamento de 85,4 milhões de reais disponíveis para uso nas obras de recuperação da coleção e infraestrutura. Esse valor foi recebido depois que o incidente teve repercussões, o que provocou manifestações denunciando a negligência do governo e acalmou debates nas redes sociais em torno da manutenção da instituição histórica. Dos R $ 85,4 milhões de reais alocados ao Museu Nacional, R $ 55 milhões virão do Orçamento da União para 2019, que foi aprovado pelo Congresso Nacional em 19 de dezembro de 2018. O valor foi indicado por deputados do Rio de Janeiro apresentada como uma emenda imponente, aprovada pelo Comitê Conjunto de Orçamento.

História
A instituição remonta ao Museu Real, fundado por Dom João VI (1816-1826) em 1818, em uma iniciativa para estimular o conhecimento científico no Brasil. Inicialmente, o museu abrigava coleções de materiais botânicos, bichos de pelúcia, minerais, numismática, obras de arte e máquinas. Ele herdou alguns dos pássaros empalhados da antiga Casa dos Pássaros, o primeiro museu brasileiro de história natural, fundado pelo vice-rei Dom Luis de Vasconcelos. A primeira sede do Museu Real ficava em Campo de Santana, no centro da cidade, em um edifício mais tarde ocupado pelo Arquivo Nacional.

Com o casamento do príncipe Dom Pedro I com a princesa Maria Leopoldina da Áustria, importantes naturalistas europeus vieram ao Brasil, como Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, que trabalhavam no museu. Outros pesquisadores europeus, como Auguste de Saint-Hilaire e Georg Heinrich von Langsdorff, contribuíram, ao longo do século XIX, para a coleta de espécimes naturais e etnológicos da instituição, em suas respectivas expedições pelo país.

Particularmente, após a declaração de independência em 1822 e a nomeação como ministro do Tribunal de José Bonifácio de Andrada e Silva, um reformador esclarecido e ele próprio mineralogista treinado, gerentes públicos e museus reivindicaram insistentemente para a instituição local uma parcela justa dos bens coletados. itens – e, portanto, desencadear uma eterna luta entre viajantes estrangeiros e museólogos brasileiros que alcançaria seu auge quando o Império se separasse. A posição do museu nesse debate implícito na territorialidade, no entanto, foi enfraquecida pelo fato de que, na segunda metade do século, para adquirir coleções, havia pouca escolha a não ser comprá-las de especialistas estrangeiros, como o mineral Werner. coleção, adquirida ao geólogo alemão Pabst von Ohain em 1818 em 12 mil réis.

Segundo Reinado
Em 1844, apenas quatro anos após a Declaração da Maioria que levou Dom Pedro II ao poder, o diretor do museu na época, Frei Custódio Alves Serrão, escreveu um relatório apontando problemas no museu devido à falta de recursos para sua construção. manutenção. O relatório foi publicado pouco depois de um corte no orçamento aprovado pelo Senado do Império e apontou condições precárias na infraestrutura do prédio que abrigava o museu, na época localizada em sua primeira sede, em Campo de Santana.

Durante o século XIX, refletindo tanto as preferências do imperador Pedro II quanto o interesse do público europeu, o Museu Nacional começou a investir nas áreas de antropologia, paleontologia e arqueologia. O próprio imperador, um entusiasta de todos os ramos da ciência, contribuiu com várias obras de arte egípcia, fósseis e espécimes botânicos, entre outros itens, obtidos por ele em suas viagens. Dessa forma, o Museu Nacional foi modernizado e se tornou o centro mais importante da América do Sul em História Natural e Ciências Humanas.

Em 1876, o museu foi reformado em Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, sob a direção de Ladislau Netto. A partir de então, o museu entra em fase de pico, quando recebe o meteorito Bendegó, melhora sua estrutura física, aumenta os salários dos funcionários e participa de várias exposições internacionais. À medida que a coleção se expandia, o problema da falta de espaço para armazenamento se agravou e já havia começado a ser percebido na gestão de João Batista de Lacerda (1895-1915).

República
O imperador ainda era uma figura muito popular quando foi derrubado em 1889. Dessa forma, os republicanos procuraram apagar os símbolos do império. Um desses símbolos, o Paço de São Cristóvão, a residência oficial dos imperadores, tornou-se um lugar ocioso e ainda representava o poder imperial. Então, em 1892, o Museu Nacional, com toda a sua coleção e seus pesquisadores, foi transferido da Casa dos Pássaros para o Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, onde ainda é hoje.

Em 1946, o Museu passou a ser administrado pela então Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Pesquisadores e laboratórios ocupam grande parte do museu e alguns edifícios erguidos no Horto Botânico, na Quinta da Boa Vista. Horto ainda abriga uma das maiores bibliotecas científicas do Rio de Janeiro.

Problemas financeiros e incêndio
Com contínuos cortes no orçamento, desde 2014 o museu não recebe o orçamento de 520 mil reais por ano necessário para sua manutenção. Em 2018, quando o museu completou duzentos anos, o valor recebido caiu para 54 mil reais.

O edifício mostrou sinais visíveis de baixa conservação, como descascar paredes e fios elétricos expostos. Vários quartos foram fechados devido à impossibilidade total de uso. O espaço que abrigava uma das maiores atrações – a montagem da primeira réplica de um grande dinossauro fabricado no Brasil – fechou por estar infestado de cupins. Segundo o vice-diretor do Museu, Luiz Fernando Dias Duarte, o museu luta desde 2000 para construir edifícios anexos projetados para abrigar pesquisas que exigiam a preservação de objetos em álcool e formaldeído, materiais inflamáveis. Apenas um anexo foi erguido, com recursos da Petrobras.

Em 2 de setembro de 2018, logo após o final do horário de visitas, um grande incêndio atingiu os três andares do edifício do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. Os bombeiros foram chamados às 19:30, chegando rapidamente ao local. Às 21 horas, o fogo estava fora de controle, com grandes chamas e batidas ocasionais, sendo combatido por bombeiros de vinte quartos. Dezenas de pessoas foram à Quinta da Boa Vista para ver o fogo.

Às 21h30 do dia 2 de setembro, coleções inteiras haviam sido destruídas pelo fogo, além de duas exposições que estavam em duas áreas em frente ao prédio principal. Os quatro seguranças que estavam trabalhando no local conseguiram escapar, sem registro de vítimas.

O governo de Portugal afirmou em nota oficial “profunda tristeza pela perda de uma coleção histórica e científica insubstituível” e afirmou que está “inteiramente disponível para, no que é útil e possível, colaborar na busca pela reconstrução deste importante patrimônio de identidade, não apenas do Brasil, mas de toda a América Latina e do mundo “.

Coleção científica
O Museu Nacional possuía o maior acervo de história natural e antropologia da América Latina, além da instituição museológica brasileira que possui o maior número de bens culturais sob seus cuidados. O museu tinha mais de 20 milhões de itens catalogados, divididos em coleções de ciências naturais (geologia, paleontologia, botânica e zoologia) e antropológicas (antropologia biológica, arqueologia e etnologia)). Vários núcleos da coleção remontam a coleções iniciadas no século XVIII, como itens da Casa dos Pássaros e da Coleção Werner. Ao longo de mais de dois séculos, a coleção foi ampliada por meio de coleções e escavações, trocas, doações e compras. Compreendia vastos grupos representativos do mundo natural e da produção humana, do Brasil e de outras partes do mundo, e possuía notável valor científico, histórico e artístico, servindo de base para a realização de um grande número de pesquisas científicas, teses, dissertações e monografias. Devido ao volume da coleção do museu e ao espaço limitado, apenas uma pequena amostra desse total (cerca de três mil objetos) estava em exibição permanente.

Geologia
O Museu Nacional possuía um acervo de aproximadamente 70 mil itens relacionados às ciências da Terra, subdivididos em núcleos de paleontologia, mineralogia, petrologia e meteorologia, compostos por objetos de diferentes locais do Brasil e do mundo. Formada desde o final do século XVIII, era uma das maiores e mais diversas coleções geológicas brasileiras, caracterizada por seu alto valor científico, histórico e artístico, declarada patrimônio nacional e desenvolvida em grande parte com a ajuda de alguns dos mais renomados cientistas. e pesquisadores da geologia e paleontologia do país. Entre os colaboradores das atividades científicas do museu, realizadas sistematicamente desde 1842, estavam Wilhelm Ludwig von Eschwege (responsável pela primeira exploração geológica de natureza científica no Brasil), Claude-Henri Gorceix (fundador da Escola de Minas de Ouro Preto) , Orville Derby (pioneiro da geologia brasileira), Alberto Betim Paes Leme (pioneiro em pesquisa de meteoritos no Brasil) e Ney Vidal (um dos pioneiros na coleta de espécimes fósseis de vertebrados no Nordeste do Brasil), entre outros. Também estiveram presentes na coleção objetos das primeiras grandes expedições científicas realizadas em território brasileiro, organizadas ou integradas pelos colaboradores do museu, a saber, a Thayer Expedition (liderada por Louis Agassiz) e a Morgan Expeditions (organizada por Charles Frederick Hartt). Por fim, o museu manteve a coleção coletada pela Comissão Geológica do Império, criada em 1875 e dirigida por Charles Frederick Hartt, composta principalmente por itens das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Meteorológico
O Museu Nacional possui a maior coleção de meteoritos do Brasil, com 62 peças. Meteoritos são corpos celestes do meio interestelar ou do próprio sistema solar (asteróides, cometas, fragmentos de planetas e satélites naturais desintegrados) que colidem com a superfície da Terra. Eles são divididos em três grupos principais: aerolitos (rochosos), siderites (metálicos) e siderolitos (mistos). A coleção do museu abrigava espécimes desses três grupos, incluindo peças de grande relevância para o estudo da meteorologia. Destacam-se os seguintes:

O meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil e um dos maiores do mundo. É uma siderita, constituída por uma massa compacta de ferro e níquel, pesando 5,36 toneladas e medindo mais de dois metros de comprimento. Foi descoberta em 1784 por Domingos da Motta Botelho, em uma fazenda nos arredores da cidade de Monte Santo, no interior da Bahia. Uma primeira tentativa de transferi-lo para Salvadorit falhou, quando o carrinho de madeira que o carregava ficou fora de controle e o meteorito caiu no riacho Bendegó, permanecendo lá por mais de 100 anos. Dom Pedro II ordenaria posteriormente a remoção do meteorito para o Rio de Janeiro. Está no Museu Nacional desde 1888.

O meteorito de Santa Luzia, o segundo maior encontrado no país. É também uma siderita, composta principalmente de ferro e níquel, com 1,36 metros de comprimento e massa de 1,9 toneladas. Foi encontrado em Santa Luzia de Goiás (atual Luziânia) em 1922 e doado por esse município ao museu.

O meteorito Angra dos Reis, cuja queda foi vista na Baía da Ilha Grande, em janeiro de 1869, por Joaquim Carlos Travassos e dois de seus escravos, responsáveis ​​pela coleta de dois fragmentos, um dos quais foi doado ao museu. O meteorito deu o nome a um novo grupo de aerólitos acondríticos – os angritos, um grupo de rochas que estão entre as mais antigas do Sistema Solar.

O meteorito de Patos de Minas, um siderita de ferro de 200 kg, descoberto em 1925, no Córrego do Areado, em Patos de Minas, Minas Gerais.

O meteorito do Pará de Minas, encontrado em 1934, também em Minas Gerais, na fazenda Palmital, perto da cidade do Pará de Minas. Siderita composta de ferro e níquel com massa de 112 kg.

A coleção incluiu dezenas de meteoritos menores e fragmentos de meteoritos com amostras espalhadas por várias coleções, incluindo espécimes exibindo a estrutura de Widmanstätten (padrões formados por cristais de ferro e níquel nas siderites de octaedrita). Destacam-se: Avanhandava (aerolita, queda em São Paulo em 1952), Campos Sales (aerolita, queda em Ceará em 1991), Heritage (aerolite, queda em Minas Gerais em 1950), Pirapora (siderita descoberta em Minas Gerais data desconhecida), Santa Catarina (siderita anômala rica em níquel descoberta em Santa Catarina em 1875) e São João Nepomuceno (siderita de 15 kg encontrada em Minas Gerais em data desconhecida, bastante rara por conter silicatos, ricos em sílica, semelhante apenas ao Meteorito de Steinbach). Entre os espécimes estrangeiros, destacam-se os meteoritos Brenham (siderolita encontrado em 1882 no Kansas, Estados Unidos), Carlton (siderita encontrada no Texas, Estados Unidos, em 1887), Glen Rose (siderita encontrada no Texas em 1937), Henbury ( siderita encontrada na cordilheira MacDonnell na Austrália em 1922) e Krasnojarsk (encontrada na Sibéria, Rússia, em 1749, o primeiro espécime de palasita de siderolita identificado).

Mineralogia e petrologia
A coleção de minerais e rochas do Museu Nacional foi um dos segmentos mais antigos de sua coleção, tendo sido coletada desde o final do século XVIII. Caracterizou-se por sua abordagem didática, refletindo a concepção do século XIX de coleções públicas de mineralogia como espaços de disseminação de conhecimentos básicos, visando disponibilizar aos professores de ciências naturais elementos práticos para atividades teóricas complementares. Seu núcleo original correspondia à coleção Werner – um lote de 3.326 espécimes mineralógicos classificados por Abraham Gottlob Werner, fundador da mineralogia e geognosia moderna, catalogado e publicado entre 1791 e 1793. A coleção consistia em amostras de quase todas as espécies minerais até então conhecidas e teve grande valor histórico, pois foi a primeira coleção mineralógica moderna classificada. Foi adquirida na Alemanha de Carl Eugenius Pabst von Ohain (funcionário da Academia de Minas de Freiberg), pelo Reino de Portugal, provavelmente em 1805. A aquisição, ordenada por Antônio de Araújo Azevedo, então Ministro de Relações Exteriores e Guerra, teve como objetivo ampliar a coleção do Museu Real de História Natural de Lisboa. No entanto, por ocasião da transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, a Coleção Werner foi trazida para o Brasil, compreendendo inicialmente a coleção da Real Academia Militar, até ser incorporada ao Museu Nacional em 1818.

Outras importantes coleções mineralógicas foram incorporadas à coleção do museu no início do século XIX, como a valiosa coleção particular de José Bonifácio de Andrada e Silva, composta por itens coletados durante seus estudos no campo da mineralogia realizados na Europa na década de 1790, amostras de minerais da Casa dos Pássaros e espécimes transferidos das coleções da família imperial. As várias expedições organizadas pelo museu ao longo da segunda metade do século XIX e do século XX resultaram na adição de várias outras peças. O vasto conjunto de espécimes de quartzo, das variedades incolores (cristal de rocha) e coloridas (ametista, quartzo rosa e quartzo hematóide), os minerais do grupo mica (muscovita, biotita e lepidolita), um conjunto de cristais da Califórnia e peças de importância histórica – como como um espécime de equinóide silicificado (identificado como calcedônia), provavelmente da coleção da Imperatriz Leopoldina, um elemento de destaque nas primeiras exposições do museu, e uma amostra de quartzo de Minas Gerais, doada pelo presidente Getúlio Vargas ao museu em 1940.

A coleção de rochas foi composta por espécimes sedimentares, metamórficos e ígneos. Destacam-se os itens coletados durante a primeira expedição de geólogos e paleontólogos do Museu Nacional à Antártica, entre janeiro e fevereiro de 2007, como espécimes de rochas sedimentares do Cretáceo (da Formação Whisky Bay) e concreções de carbonatos em arenito Formação Santa Marta), além de peças raras, como amostras de calcário pisolítico da Bacia de São José de Itaboraí, um dos mais importantes depósitos fossilíferos do Paleoceno do Brasil, cujas reservas de calcário foram exploradas pela indústria cimenteira até o esgotamento e histórico espécimes, como uma amostra de óleo de Poço do Lobato, o primeiro poço a produzir petróleo no Brasil, perfurado na Bahia em 1939.

Paleontologia
O Museu Nacional possuía uma das coleções paleontológicas mais significativas da América Latina, totalizando cerca de 56 mil espécimes e 18.900 registros, divididos em núcleos de paleobotânica, paleoinvertebrado e paleovertebrado. Consistia principalmente de fósseis de plantas e animais, do Brasil e de outros países, além de reconstruções, réplicas, modelos e bolores. A coleção destacou-se pela presença de núcleos de reconhecido valor científico e histórico, coletados em tempos remotos, contemporâneos ao surgimento da própria paleontologia. Os primeiros fósseis enviados para a instituição foram escavados no Uruguai em 1826, pelo naturalista prussiano Friedrich Sellow. Nas décadas seguintes, a colaboração de naturalistas estrangeiros seria fundamental para a expansão da coleção paleontológica (especialmente o italiano Giovanni Michelotti, entre 1836 e 1837), bem como as aquisições feitas por Frederico Leopoldo César Burlamaque, então diretor-geral da o museu, responsável por reunir conjuntos de fósseis de ictiossauros do Jurássico da Inglaterra e mamíferos do Nordeste do Brasil. No último terço do século XIX, a coleção foi bastante ampliada graças a expedições realizadas pela Comissão Geológica do Império, liderada por Charles Frederick Hartt e integrada por Orville Derby. No século XX, já com a oferta de profissionais locais e paleontólogos especializados, a instituição pôde ampliar os estudos, investigações e expedições que ajudariam a consolidar a natureza enciclopédica de sua coleção paleontológica.

O núcleo de paleobotânica possuía mais de quatro mil espécimes catalogados, representativos da flora fóssil do Brasil e de outras partes do mundo e datados de todos os períodos geológicos. Era composto principalmente de vegetais da Era Paleozóica, especialmente fósseis da era Neopaleozóica, das bacias dos rios Paraná e Parnaíba e Chapada do Araripe, como folhas, frutas, sementes, caules e troncos. Os espécimes da flora de Glossopteris (Glossopteridales) predominaram e, em menor grau, Lepidodendrales, Lycopodiales, Equisetales, Pteridophyta, Ginkgophyta, Cycadophyta, Coniferophyta e Anthophyta. Havia espécimes abundantes notáveis ​​por sua importância histórica – a saber, uma amostra da primeira planta fóssil coletada no país, um tronco da espécie Psaronius brasiliensis, do período Permiano, descrito em Paris pelo botânico Adolphe Brongniart em 1872 – e por o valor científico – como espécimes de folhas dicotiledôneas de sedimentos cenozóicos da Bahia, distinguidos pelo excelente estado de conservação e o conjunto de fósseis de plantas coletados pelos funcionários do museu na Antártica.

O núcleo de paleoinvertebrados foi o mais volumoso da coleção palentológica, totalizando cerca de dez mil registros e 46 mil cópias, provenientes do Brasil e, em menor grau, da América do Norte e Europa. Consistia principalmente de artrópodes fósseis (mosquitos, efemerópteros, libélulas, abelhas, insetos, besouros, aranhas, escorpiões, caranguejos, etc.) Braquiópodes (cópias Mucrospirifer pedroanus, primeiro período fóssil Devoniano coletado e estudado no Brasil, na década de 1870), equinodermes ( observando o vasto conjunto de espécies de ouriços) e moluscos. Entre as peças de origem estrangeira, destacou-se a coleção de fósseis da Bacia de Paris, um conjunto de conchas fossilizadas de bivalves marinhos do Eoceno, oferecido a Dom Pedro II em 1872, por ocasião de sua primeira visita à França. A coleção foi considerada rara devido à destruição dos depósitos fossilíferos ao redor de Paris nos últimos dois séculos.

O núcleo de paleovertebrados abrigava cerca de dez mil espécimes e sete mil registros, com destaque para a fauna fóssil das eras mesozóica e cenozóica coletadas em bacias sedimentares do Brasil em termos de volume. Destacou-se a presença de itens de grande relevância científica, principalmente registros fósseis com preservação de partes moles. Abrangeu principalmente espécimes fósseis de répteis, peixes, mamíferos e aves. Entre os conjuntos da coleção, destacam-se:

Fósseis de peixes, principalmente datados das formações Cretáceo e Crato e Romualdo, na Bacia do Araripe, Ceará, representados na coleção por espécimes como o Calamopleurus audax (que pode atingir até dois metros de comprimento), o Cladocyclus gardneri ( medindo mais de um metro de comprimento), o Araripichthys castilhoi (destacado pela forma arredondada do corpo), além de raios (Iansan beurleni), tubarões primitivos (Tribodus limae) e celacantídeos (Axelrodichthys araripensis);

Um conjunto de fósseis de tartarugas excepcionalmente preservados, a maioria datando da Cretáceo – Araripemys barretoi (a tartaruga brasileira mais antiga conhecida, da Chapada do Araripe), Cearachelys placidoi (a única espécie conhecida na família Bothremydidae no Brasil e o registro mais antigo dessa espécie) grupo no mundo, também da Chapada do Araripe), Bauruemys elegans (tartaruga de água doce coletada na Bacia do Bauru, em São Paulo) etc. – além de outros répteis terrestres e aquáticos fossilizados – ou seja, o esqueleto completo de um Stereosternum ( Lagarto aquático permiano) pertencente ao grupo mais antigo de amiota conhecido, com adaptações à vida na água, também de São Paulo) e um espécime fossilizado de Squamata (coletado nos sítios paleontológicos do Lago Crato, Ceará);

A coleção de registros fósseis de pterossauros, principalmente da Chapada do Araripe e datada do Cretáceo, variando de fragmentos a esqueletos completos e montados, além de reconstruções baseadas nos fósseis originais – espécimes grandes como o Tropeognathus mesembrinus (um dos maiores pterossauros que habitavam Gondwana, com uma abertura de oito metros de largura), o Cearadáctilo (com envergadura média de 5,50 metros), o Anhanguera (envergadura de envergadura de 4,60 metros) e o Tupandactylus imperator (envergadura de envergadura média de 2,50 metros) – bem como registros fósseis de pterossauros estrangeiros, com espécimes da China, como Nurhachius ignaciobritoi (Formação Cretácea, Chaoyang) e Jeholopterus ningchengensis (Jurássico, Formação Tiaojishan);

A coleção de fósseis e reconstruções de esqueletos de dinossauros, composta principalmente por espécimes das regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil – como o Maxakalisaurus topai (titanossauro de treze metros de comprimento e nove toneladas de peso, datado do Cretáceo Superior e coletado do Formação Diamantina em Minas Gerais, representada na coleção pelos fósseis originais e pela réplica de seu esqueleto, a primeira reconstrução de um grande esqueleto de dinossauro realizado no Brasil), o Irritator ou Angaturama limai (espinossauro no Cretáceo Inferior com 7,5 metros de comprimento) e peso de uma tonelada, da Chapada do Araripe, presente na coleção com fósseis originais e réplica do esqueleto, e o Santanaraptor (registro fóssil de terópode com 1,6 metros de comprimento, datado do Cretáceo Inferior e coletado na Chapada do Araripe , de excepcional importância para a preservação de tecidos moles, como músculos e vasos sanguíneos). Entre os itens de origem estrangeira, um crânio do Lambeossauro (Cretáceo Superior, da Formação do Rio Judith, Canadá) e uma réplica do crânio do tiranossauro “Stan” (Tiranossauro rex, Cretáceo Superior, da Formação Hell Creek, Dakota do Sul, Estados Unidos);

Fósseis de terapsídeos, distinguindo o esqueleto completo de um dinodontossauro, um dicinodonte de 3,5 metros que viveu entre os períodos Permiano e Triássico, da Formação Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Conjunto de espécimes da mega-fauna extinta do Pleistoceno brasileiro, principalmente mamíferos, como esqueletos completos de preguiças gigantes (Eremotherium laurillardi, de Jacobina, na Bahia, e Glossotherium robustum, coletado no Rio Grande do Sul) e um sabre-tigre dente (Smilodon);
Fósseis de pássaros, destacando o esqueleto completo de um Paraphysornis brasiliensis, um pássaro pré-histórico gigante que viveu no Brasil durante o Plioceno, com uma altura média de 2,40 metros.

Complementando a coleção estavam as reconstruções artísticas de animais pré-históricos da vida, incluindo pterossauros (Thalassodromeus sethi, Tupandactylus imperator) e dinossauros (Irritator, Unaysaurus tolentinoi), um modelo de embrião com o ovo de um tiranossauro rex, feito com base em descobertas na China de ovos atribuídos a grandes dinossauros carnívoros e painéis com reproduções de organismos que habitavam o mar no período devoniano, representando afloramentos fósseis e seres vivos, entre outros itens de natureza didática.

Antropologia biológica
A coleção de antropologia biológica do Museu Nacional – constituída em meados do século XIX e continuamente expandida desde então – consistia em exemplos relacionados à história do processo evolutivo do homem. Conservou importantes remanescentes esqueléticos humanos de populações pré-históricas e históricas do Brasil e de diferentes partes do mundo, sendo particularmente relevante para estudos de assentamento e dispersão dos primeiros ocupantes dos territórios brasileiro e sul-americano. A coleção também possuía coleções significativas de caráter histórico, compostas por instrumentos, documentos e materiais iconográficos que tratam das características e trajetórias da antropologia biológica no Brasil.

Destacaram-se os restos esqueléticos humanos de mais de oitenta indivíduos pré-históricos, agrupados em uma matriz sedimentar, encontrada em uma caverna na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais. O material foi coletado no sítio arqueológico da Lapa do Caetano em 1926, pelo pesquisador Padberg-Drenkpol, em uma expedição científica organizada pelo Museu Nacional. Analisando a idade de alguns dos espécimes encontrados (mais de dez mil anos), estima-se que a população à qual esses indivíduos pertencem representa um dos mais antigos a habitar o continente americano.

Também estavam sob a guarda do Museu Nacional os restos do esqueleto de Luzia, como é chamado o fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas, datando de 11.500 a 13.000 anos antes do presente. Os remanescentes de Luzia (crânio e partes do osso e fêmur ilíacos) foram encontrados na década de 1970, em uma caverna no sítio arqueológico da Lapa Vermelha, também na região de Lagoa Santa, por uma missão científica franco-brasileira, coordenada por Annette Laming-Emperair e integrada por pesquisadores do Museu Nacional. A descoberta de Luzia foi responsável por reavivar o debate teórico sobre as origens do homem americano, devido às características peculiares de sua morfologia craniana, interpretadas como evidência de imigração anterior à ocupação do continente americano por populações com características morfológicas próximas às da Ásia. populações. atual.

A coleção de materiais didáticos buscou apresentar a evolução humana através de cópias, reconstruções e painéis. Havia itens relacionados ao “Menino Turkana” (Homo ergaster) – um dos achados arqueológicos mais importantes do século XX, constituídos pelo esqueleto de um menino de aproximadamente doze anos de idade, em excelente estado – e réplicas dos crânios de vários hominídeos: Australopithecus afarensis, Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens arcaico e o homem neandertal. Finalmente, a reconstituição do rosto de Luzia, realizada em cooperação com a equipe do dr. Richard Neave, da Universidade de Manchester em 2000.

Arqueologia
A coleção de arqueologia do Museu Nacional, composta por mais de 100.000 objetos, destacou-se por sua diversidade cultural, reunindo peças de grande importância de diferentes civilizações que habitavam as Américas, Europa e África, do Paleolítico ao século XIX. A coleção foi subdividida em quatro coleções principais: arqueologia egípcia, arqueologia mediterrânea, arqueologia pré-colombiana e arqueologia brasileira – esta, reunida sistematicamente desde 1867, consiste não apenas no segmento mais bem representado da coleção, mas também nos segmentos mais importantes existentes coleção em sua tipologia, cobrindo o Brasil enciclopédico pré-Cabralino e cobrindo alguns dos registros de material mais destacados produzidos durante esse período.

Antigo Egito
Adicionando mais de 700 itens, a coleção de arqueologia egípcia do Museu Nacional foi a maior da América Latina e a mais antiga das Américas. A maioria das peças entrou na coleção do museu em 1826, quando o comerciante Nicolau Fiengo trouxe de Marselha uma coleção de antiguidades egípcias que pertenciam ao famoso explorador italiano Giovanni Battista Belzoni, responsável por escavar a Necrópole de Tebas (agora Luxor) e o Templo de Carnaque. Esta coleção foi originalmente destinada à Argentina, possivelmente sendo uma ordem do então presidente daquele país, Bernardino Rivadavia, criador da Universidade de Buenos Aires e um grande entusiasta de museus. Um bloqueio no Rio da Prata, no entanto, teria impedido Fiengo de concluir a viagem, forçando-o a voltar de Montevidéu para o Rio de Janeiro, onde as peças foram colocadas em leilão. Dom Pedro Comprei a coleção completa por cinco contos de réis e depois a doei ao Museu Nacional. Especula-se se o gesto de Dom Pedro foi influenciado por José Bonifácio, um membro proeminente da Maçonaria, talvez motivado pelo interesse que essa irmandade tem na iconografia egípcia.

A coleção iniciada por Pedro I seria ampliada por seu filho, Dom Pedro II, um egiptólogo amador e colecionador de peças de interesse arqueológico e etnográfico. Entre as adições mais importantes à coleção egípcia do museu, originada por Pedro II, estava o sarcófago de madeira policromada do cantor de Amon, Sha-Amun-en-su, do período baixo, oferecido de presente ao imperador durante sua segunda viagem ao Egito em 1876 por Khedive Ismail Pasha. O sarcófago nunca foi aberto, mas a múmia ainda permanece do cantor por dentro, uma característica que lhe deu uma notória raridade. Posteriormente, a coleção seria enriquecida através de compras e doações, tornando-se, no início do século XX, uma coleção de relevância arqueológica que passou a atrair a atenção de pesquisadores internacionais, como Alberto Childe, que ocupava o cargo de conservador. de arqueologia no Museu Nacional entre 1912 e 1938, publicando também o Guia do Museu Nacional de Coleções de Arqueologia Clássica em 1919.

Na coleção, além do mencionado caixão Sha-Amun-en-su, outros três sarcófagos do Terceiro Período Intermediário e da Baixa Temporada, pertencentes aos padres de Ámon, Hori, Pestjef e Harsiese, se destacaram na coleção. O museu ainda tinha seis múmias humanas, quatro para adultos e duas para crianças, além de uma pequena coleção de múmias de animais (gatos, íbis, peixes e filhotes de crocodilo). Entre os espécimes humanos, havia uma múmia feminina do período romano, considerada extremamente rara pela técnica de preparação, das quais apenas oito similares são conhecidas no mundo. Chamada de “princesa do Sol” ou “princesa Kherima”, a múmia tinha os membros e os dedos das mãos e dos pés e mãos enfaixados individualmente e é ricamente adornada, com faixas pintadas. Foi um dos itens mais populares do museu, estando até relacionado a relatos de experiências parapsicológicas e transes coletivos, supostamente ocorridos na década de 1960. Kherima também inspirou o romance O Segredo da Múmia, de Everton Ralph, membro da Sociedade Rosa Cruz.

A coleção de estelas votivas e funerárias somou dezenas de espécimes que datam, principalmente, do Período Intermediário e da Baixa Temporada. Destacam-se as estelas de Raia e Haunefer, que apresentam títulos de origem semítica presentes na Bíblia e nas tábuas cuneiformes de Mari, além de uma estela inacabada, atribuída ao imperador Tibério, do período romano. Havia também uma vasta coleção de shabtis, estatuetas representando funcionários funerários, particularmente os pertencentes ao faraó Seti I, escavados em seu túmulo no vale dos reis. Também no contexto de peças raras, merece destaque a estatueta de uma jovem de calcário pintado, datada do Novo Império, com um cone de ungüentos na cabeça – uma iconografia quase exclusivamente encontrada em pinturas e relevos. Complementando a coleção, havia fragmentos de relevos, máscaras, estatuetas de divindades em bronze, pedra e madeira (incluindo representações de Ptah-Sokar-Osiris), vasos canópticos, tigelas de alabastro, cones funerários, jóias, amuletos e peças funcionais de naturezas diversas.

Culturas mediterrânicas
A coleção clássica de arqueologia do Museu Nacional consistia em aproximadamente 750 peças, cobrindo principalmente as civilizações grega, romana, etrusca e italiana, as maiores do gênero na América Latina. Grande parte dessa coleção correspondeu à coleção greco-romana da imperatriz Teresa Cristina, interessada em arqueologia desde a juventude. Quando desembarcou no Brasil em 1843, logo após seu casamento por procuração com Dom Pedro II, a imperatriz trouxe consigo uma coleção de obras recuperadas de escavações nas antigas cidades de Herculano e Pompéia, destruídas em 79 por uma erupção do vulcão Vesúvio. Algumas dessas peças vieram da coleção da rainha Carolina Murat, irmã de Napoleão Bonaparte e esposa do rei de Nápoles, Joaquim Murat.

Por sua vez, o irmão da imperatriz, o rei Fernando II das Duas Sicílias, ordenou que as escavações iniciadas no século 18 fossem retomadas em Herculano e Pompéia. As peças recuperadas foram enviadas ao Museu Bourbon, em Nápoles. Com o objetivo de aumentar a presença de artefatos clássicos no Brasil e considerando a criação de um futuro museu de arqueologia greco-romana neste país, a imperatriz estabeleceu trocas formais com o Reino de Nápoles. Ele pediu a Fernando II que enviasse peças greco-romanas para o Rio de Janeiro, enquanto enviava artefatos de origem indígena para a Itália. A própria imperatriz também financiou escavações em Veios, um sítio arqueológico etrusco localizado quinze quilômetros ao norte de Roma, trazendo grande parte dos objetos encontrados para o Brasil. A maior parte dessa coleção foi formada entre 1853 e 1859, mas continuou a ser enriquecida pela imperatriz até a queda do império em 1889, quando Teresa Cristina deixou o país.

Entre os destaques da coleção, havia um conjunto de quatro afrescos de Pompéia, executados por volta do século I. Duas dessas peças foram decoradas com motivos marinhos, representando respectivamente um dragão e um cavalo marinho como motivos centrais, e adornavam as paredes inferiores da sala dos devotos no templo de Ísis. Os outros dois afrescos tinham representações de plantas, pássaros e paisagens, aproximando-se estilisticamente das pinturas de Herculano e Estábia. Também de Pompéia veio um amplo conjunto de peças que retratavam o cotidiano dos moradores: fíbula, jóias, espelhos e outras peças da penteadeira romana, recipientes de vidro e bronze, amuletos fálicos e luminárias modeladas em terracota.

A vasta coleção de cerâmica cobriu dezenas de objetos e é marcada pela diversidade de origens, formas, decorações e fins utilitários. Os principais estilos e escolas da antiguidade clássica estão representados, da cerâmica geométrica coríntia do século VII aC às ânforas de terracota romana do início da era cristã. Cópias de crateras, enócoas, jarros, taças, copos, tigelas, hídrias, lécitos, asci e lekanides. Os conjuntos de Bucaros Etruscos (século VII aC), os vasos gregos de figuras negras (séculos VII aC), os vasos de Egnatia (quarto século aC) e, acima de tudo, a ampla variedade de figuras em cerâmica italiotes (V século III aC) , de Apúlia, Campânia, Lucânia e Magna Grécia.

A coleção de esculturas apresentava um conjunto de tanagras, figuras de terracota de origem grega popularizadas a partir do século IV aC, além de uma série de miniaturas de bronze etrusca representando guerreiros e figuras femininas. A coleção de artefatos militares inclui fragmentos de capacetes, pontas de maça, bainhas e lâminas de bronze, broches e faleras.

América pré-colombiana
O Museu Nacional conservou um conjunto importante de aproximadamente 1.800 artefatos produzidos pelas civilizações ameríndias durante a era pré-colombiana, além das múmias andinas. Formada ao longo do século XIX, essa coleção teve origem nas coleções da família imperial brasileira, principalmente na coleção Pedro II, tendo sido posteriormente ampliada por meio de compras, doações, trocas e atividades de campo. No final do século XIX, a coleção já gozava de considerável prestígio, a ponto de ser citada, por ocasião da inauguração da Exposição Antropológica de 1889, como uma das maiores coleções antropológicas da América do Sul.

A coleção compreendia principalmente objetos representativos das produções têxtil, ceramista, metalúrgica, de penas e lítica dos povos andinos (culturas do Peru, Bolívia, Chile e Argentina) e, em menor grau, das culturas amazônicas (incluindo uma rara coleção de venezuelanos artefatos) e mesoamericanos (culturas do México e Nicarágua). Abrangia vários aspectos da vida cotidiana, organização social, religiosidade e imagens de civilizações pré-colombianas, exemplificadas desde os aspectos utilitários mais básicos (roupas, adornos corporais, armas) até a produção material mais refinada e imbuída de senso artístico (musical e de cálculo). instrumentos, peças para uso ritual, cerâmica figurativa, etc.). A dinâmica das redes de intercâmbio e disseminação ideológica entre os diferentes povos da região é outra característica relevante da coleção e pode ser vista não apenas nas semelhanças entre padrões decorativos e senso estético das obras, mas também nos temas abordados, comuns. à produção de quase todos os grupos, como a representação de plantas, animais noturnos (morcegos, cobras, corujas) e seres associados a fenômenos e elementos da natureza.

Destacaram-se pela representatividade na coleção, no contexto das culturas andinas:

A civilização de Nazca, que floresceu no sul do Peru a partir do século III, a partir da qual o museu conserva uma grande variedade de fragmentos de tecidos com representações de animais (principalmente lhamas), seres fantásticos, figuras humanas, plantas e padrões geométricos;

A Civilização Moche, que habitou a Costa Norte do Peru entre o início da Era Cristã e o século 8, construtores de grandes complexos cerimoniais, pirâmides e templos gigantescos, dos quais são preservadas cerâmicas figurativas de alta qualidade técnica e artística, zoomórficas, antropomórficas vasos globulares, além de jóias;

A cultura Huari, que habitava a costa central do Peru a partir do século V, representada por vasos de cerâmica antropomórficos e fragmentos de tecidos;

A Cultura Lambayeque, que surgiu na região homônima do Peru no século 8, da qual o museu preserva espécimes têxteis, cerâmicos e metalúrgicos;

A cultura Chimu, que floresceu a partir do século X no vale do rio Moche, representada por um grupo de cerâmicas zoomórficas e antropomórficas, caracteristicamente escuras, obtidas pela redução de incêndios e inspiradas por elementos estilísticos dos povos Moche e Huari, bem como por tecidos com várias razões;

A Cultura Chancay, que se desenvolveu durante os Períodos Intermediário e Tardio nos vales dos rios Chancay e Chillon, representada por um conjunto de cerâmica antropomórfica (de cor caracteristicamente escura, com engobe de cor clara e pinturas em marrom) e sofisticada tecelagem exemplos com motivos de animais e plantas – ou seja, um manto grande com três metros de comprimento;

A Civilização Inca, surgiu no século XIII e consolidada como o maior império da América pré-colombiana no século seguinte, representada na coleção por meio de peças de cerâmica figurativas e vasos com decorações geométricas (conjunto de “aribais Incas”), miniatura figuras de seres humanos e lhamas, feitas com ligas metálicas à base de ouro, prata e cobre, miniaturas de fantasias inca para uso ritual, ornamentos de penas, quipos, mantos, túnicas e tecidos diversos.

A coleção de múmias andinas do Museu Nacional permitiu vislumbrar aspectos importantes dos costumes funerários dos povos da região e era composta por espécimes preservados tanto naturalmente, devido a condições geoclimáticas favoráveis, como artificialmente, por práticas religiosas e ritualísticas. De um túmulo em Chiu-Chiu, no deserto de Atacama, no norte do Chile, havia uma múmia de um homem com idade entre 4.700 e 3.400 anos, preservada na posição sentada, com a cabeça apoiada nos joelhos e coberta por um boné. de lá. Foi assim que os atacantes dormiam devido ao frio do deserto e também à posição em que costumavam ser enterrados junto com seus pertences. Um segundo espécime da coleção, uma múmia aimara de um indivíduo do sexo masculino, encontrada nos arredores do lago Titicaca, entre Peru e Bolívia, foi preservada nessa mesma posição, cercada por uma carga funerária espessa. Finalmente, o museu conservou a múmia de um menino doado pelo governo chileno e, ilustrando as técnicas de mumificação artificial dos povos pré-colombianos, um espécime de “cabeça encolhida” produzido pelo povo Jivaro da Amazônia equatorial, como parte de sua rituais religiosos.

Arqueologia brasileira
O acervo da arqueologia brasileira reuniu um vasto conjunto de artefatos produzidos pelas pessoas que habitavam o território brasileiro no período pré-colonial, com mais de 90.000 itens, sendo considerado o acervo mais abrangente existente em sua tipologia. Constituída desde o início do século XIX, a coleção começou a ser sistematicamente reunida a partir de 1867 e foi continuamente enriquecida até hoje, através de coleções de campo, aquisições e doações. Consiste em artefatos de todas as regiões do Brasil, produzidos ao longo de um período de mais de dez mil anos.

Dos habitantes mais antigos do território brasileiro (grupos caçadores-coletores e hortícolas), o museu conservou vários artefatos produzidos em pedra (sílex, quartzo e outros minerais) e ossos, como pontas de projéteis usados ​​na caça, lâminas de machado polidas e outras ferramentas feito para gravar, raspar, esculpir, moer e perfurar, bem como artefatos e ornamentos cerimoniais. Objetos de madeira, fibras e resinas, embora provavelmente também produzidos por esses grupos, não resistiram à ação do tempo e estavam praticamente ausentes na coleção, exceto por peças isoladas – a saber, um cesto de palha coberto por resina, apenas parcialmente preservado, encontrado no litoral sul do brasil.

No núcleo relacionado aos povos sambaquieiros, como são chamadas as populações de pescadores e coletores que habitavam a costa centro-sul do Brasil entre oito mil anos atrás e o início da era cristã, havia um grande conjunto de traços de depósitos constituídos de aglomerados de materiais orgânicos e calcários – chamados sambaquis. Parte dessas peças veio da Coleção Arqueológica Balbino de Freitas, listada pelo IPHAN na década de 1940. O museu mantinha duas cópias de recortes de sambaquis e um grupo de remanescentes esqueléticos desses sítios arqueológicos, além de uma coleção variada de testemunhos da cultura sambaquieira, cobrindo artefatos de uso diário (recipientes, tigelas, argamassas e pilões esculpidos em pedra) e ritualístico (estatuetas). Nesse contexto, os chamados zoolitas, esculturas em pedra para uso cerimonial, com representações de animais (peixes e pássaros) e figuras humanas, destacaram-se por sua técnica elaborada.

A coleção também incluiu urnas funerárias, chocalhos, pratos, tigelas, roupas, vasos, ídolos e amuletos, produzidos principalmente em cerâmica por várias outras culturas do Brasil pré-colonial, destacando-se, devido à representatividade na coleção:

A Cultura Marajoara, que atingiu seu auge na ilha de Marajó no século V e entrou em declínio no século 15, considerou a cultura que atingiu o mais alto nível de complexidade social no Brasil pré-colonial. O museu possuía uma ampla gama de cerâmicas Marajoara, notáveis ​​por seu agudo senso artístico e estético, bem como pela variedade de formas e pelo refinamento da decoração – em geral, obras de natureza figurativa (representações de seres humanos e animais), combinadas com ricos padrões geométricos (composições imbuídas de simetria, repetições rítmicas, elementos de oposições binárias, etc.) e com predominância do uso da técnica de excisão. A maioria das peças era para uso cerimonial, usada em contextos funerários, rituais de passagem, etc. Estatuetas antropomórficas (principalmente estatuetas em forma de falo feminino, unindo os princípios masculino e feminino, recorrentes na arte mararajo), destacavam-se grandes urnas funerárias, antropomórficas vasos decorados de forma geométrica, tangas para uso ritual, vasos zoomórficos, antropomorfos e híbridos, etc.

A Cultura Santarém (ou Cultura Tapajônica), que se desenvolveu entre os séculos X e XV, na região do rio Tapajós, no Pará, destaca-se por sua cerâmica de estilo peculiar e alta qualidade artística, utilizando modelagem, incisão, pontilhado e aplicação técnicas, bem como características estéticas que sugerem a influência dos povos mesoamericanos. As estatuetas antropomórficas de estilo naturalista destacaram-se na coleção, caracterizadas por olhos fechados em forma de café, recipientes antropomórficos e zoomórficos, vasos cerimoniais e, sobretudo, os chamados “vasos cariátides” – vasos cerâmicos complexos, dotados de gargalos, relevos e pedestais, com decorações de figuras antropomórficas, zoomórficas e seres fantásticos. O museu também conserva vários espécimes de muiraquitãs, pequenas estatuetas de pedra verde na forma de animais (principalmente sapos) usados ​​como ornamentos ou amuletos.

A cultura Konduri, que atingiu o auge no século XII e declinou no século 15, na região entre os rios Trombetas e Nhamundá, no Pará. Embora tenha mantido intenso contato com a cultura de Santarém, a produção artística do povo Konduri desenvolveu características próprias, representadas principalmente na coleção pela fabricação de cerâmica, onde a decoração incisa e pontilhada, o vívido policromático e os relevos com motivos antropomórficos e zoomórficos se destacarem.

A Cultura do Rio Trombetas, no Baixo Amazonas, no Pará, uma fronteira cultural com a região de Santarém. Essa cultura, ainda amplamente desconhecida, foi responsável pela produção de artefatos raros esculpidos em pedra polida e objetos com elementos estilísticos comuns às culturas mesoamericanas. No centro do museu, há exemplos de artefatos líticos para uso cerimonial e figuras antropomórficas e zoomórficas (zoolitos representando peixes e onças).

A Cultura Miracanguera, que habitava a margem esquerda do rio Amazonas, na região entre Itacoatiara e Manaus, entre os séculos IX e XV. O museu preserva peças cerimoniais da cerâmica Miracanguera, principalmente urnas funerárias antropomórficas com uma tigela, pescoço e tampa, usadas para armazenar as cinzas dos mortos e outros vasos relacionados a rituais funerários. A cerâmica miracanguera foi distinguida ao receber um banho de tabatinga (uma espécie de argila misturada com materiais orgânicos) e acabou sendo pintada com motivos geométricos. A composição plástica frequentemente destacava detalhes específicos, como figuras humanas na posição sentada e com as pernas representadas.

A Cultura Maracá, que viveu na região do Amapá entre os séculos XV e XVIII, representada na coleção por suas urnas funerárias típicas, reproduzindo figuras humanas masculinas e femininas em posição hierática, com tampas em forma de cabeça e funerárias zoomórficas. urnas representando animais quadrúpedes de cemitérios indígenas nos arredores do rio Maracá. A cerâmica de Maracá costumava ser adornada com padrões geométricos e policromos em branco, amarelo, vermelho e preto. Os adornos nos membros e na cabeça da figura também expressavam a identidade social do falecido.

A Cultura Tupi-Guarani, que habitava a costa do território brasileiro quando os portugueses chegaram no século XVI – subdividiu-se nos grupos Tupinambás (norte, nordeste e sudeste) e Guarani (no sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). ) A coleção compreende principalmente manufaturas de cerâmica e exemplos isolados de artefatos líticos, de uso diário (panelas, tigelas, jarros, pratos) ou ritual (urnas funerárias). A cerâmica tupi-guarani é caracterizada por policromia (com predominância das cores vermelho, preto e branco) e desenhos em padrões geométricos e sinuosos.

O Museu Nacional também mantém os únicos registros de múmias indígenas encontradas em território brasileiro. O material é constituído pelos corpos de uma mulher adulta, com aproximadamente 25 anos de idade, e de dois filhos, um na altura do pé, estimado em 12 meses de idade, embrulhado em um fardo, e o outro recém-nascido, também embrulhado em um fardo. e posicionado atrás da cabeça da mulher. O conjunto mumificado é composto por indivíduos que provavelmente pertenciam ao grupo Botocudos (tronco Macro-jê). Foi encontrado na Gruta da Babilônia, na cidade de Rio Novo, interior de Minas Gerais, nas terras da fazenda de Maria José de Santana, que as doaram ao imperador Dom Pedro II. Em agradecimento, Dom Pedro concedeu a Maria José o título de Baronesa de Santana.

Etnologia
A coleção de etnologia do Museu Nacional abrigava cerca de 40.000 itens referentes à cultura material de diferentes povos do mundo. O núcleo da etnologia indígena brasileira é o mais representativo, abrangendo objetos produzidos por povos indígenas de todas as regiões do país, desde o início do período colonial até os dias atuais. A coleção também inclui conjuntos significativos de artefatos referentes à etnologia africana, etnologia afro-brasileira e culturas do Oceano Pacífico. Por fim, o grupo de lingüística mantém um vasto conjunto de registros documentais e sonoros relacionados às línguas indígenas brasileiras. O acervo do setor de etnologia serve de subsídio para diversas investigações científicas, destacando, nesse contexto, os estudos interdisciplinares realizados pelo Laboratório de Pesquisa em Etnia, Cultura e Desenvolvimento (Laced).

Etnologia indígena brasileira
A coleção de etnologia indígena brasileira no Museu Nacional está entre as maiores do gênero, cobrindo mais de 30.000 objetos, produzidos por mais de cem grupos indígenas, de todas as regiões do Brasil. Esse amplo conjunto – formado desde o início do século XIX, por meio de coleções de campo, aquisições, legados e doações – reflete a diversidade e a riqueza cultural das culturas nativas brasileiras, documentando diversos aspectos de suas tradições, hábitos, vida cotidiana, organização social, crenças. e rituais. O amplo período de tempo desse conjunto, composto por peças produzidas desde meados do período colonial, também permite analisar o desenvolvimento da produção de material indígena, bem como as influências e impactos sofridos, desde o contato com os colonizadores até a Nos Dias de Hoje. Destacam-se os conjuntos referentes a cestaria, cerâmica, instrumentos musicais, arte de penas, armas e armadilhas dos povos indígenas.

O núcleo de cestaria do museu é composto por aproximadamente 900 artefatos produzidos através da trança com fibras rígidas. Embora não seja uma técnica específica dos povos indígenas, a trança de fibra está presente na produção de materiais de quase todos os grupos brasileiros, sendo utilizada desde a criação de uma base de máscara para a confecção de casas, incluindo ornamentos e instrumentos musicais, com objetivos que variam do uso ritual à comercialização. A coleção inclui exemplos de cestas, cestas, cestas, sacolas, enfeites, estojos, ventiladores, peneiras, armas, redes e tapetes, representando mais de 70 grupos indígenas, principalmente das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, como Tenetearas, Tapirapés, Macus , Timbiras, Tarianas, Mamaindês e Tembés, entre outros. Entre as raras peças, destaca-se o escudo trançado dos Tucanos, do vale do rio Uaupés (um dos itens destacados por Gonçalves Dias durante a exposição do Amazonas, em 1861); a cesta de Baquité dos Nambiquaras, de Mato Grosso, coletada pela Comissão Rondon em 1921; o kit de miudezas Uarabarru dos Carajás, coletado por Lincolm de Souza, editor de A Noite, e doado ao museu em 1948 pelo coronel Leony de Oliveira Machado, etc.

A coleção de cerâmica indígena caracteriza-se pela diversidade de origens, formas, estilos, ornamentos e funções, possibilitando acompanhar a trajetória da indústria cerâmica tradicional até a produção atual e exemplificando temas como o cotidiano de diferentes grupos e a influência dos temas da cultura de massa na produção indígena contemporânea, entre outros. A coleção abrange um grande número de recipientes domésticos, como panelas, suportes, panelas, tigelas, pratos, vasos, tigelas, jarros de água e torrefadores biju, com tipos específicos para fins cerimoniais, além de instrumentos musicais, tubos, antropomórficos e zoomórficos estatuetas e brinquedos. Representam na coleção, entre outros, artefatos de cerâmica de grupos como Asparaí, Uaurás, Assurini, Bororós, Iaualapitis e o povo de Aldeia Uapuí e o vale do rio Uaupés. No contexto da produção figurativa de cerâmica, as chamadas figuras de Litxokô, produzidas pelos índios Carajás, destacam-se em estilo moderno e decoração refinada; os vasos e vasos antropomórficos decorados com figuras estilizadas e padrões geométricos do Cadiueus; os recipientes decorados com figuras de animais em alto relevo dos Ticunas, etc.

A coleção de instrumentos musicais indígenas do Museu Nacional abrange objetos usados ​​principalmente em práticas religiosas, embora a produção musical “profana” (relacionada ao mero entretenimento) também esteja documentada. Os instrumentos de sopro (flautas, buzinas, trompetes e assobios) e os instrumentos de percussão (bateria, guizos e baquetas) predominam, sendo raros os instrumentos de corda (arco musical). São feitos de diferentes materiais, como cabaças, cuités, argila, madeira, couro, ossos e cascos de animais, sementes, elites e taquaras. Destacam-se os instrumentos musicais e as gravações dos índios Parecis e Nambiquaras, colecionados e produzidos por Edgar Roquette-Pinto na Serra do Norte, em 1912. Roquette-Pinto utilizou um fonógrafo portátil movido a cordas que permitia gravar em cilindros de cera. Mais tarde, esse material influenciou composições de músicos brasileiros como Heitor Villa-Lobos e Oscar Lorenzo Fernández.

O conjunto referente à arte indígena de penas abriga um grande número de peças e se caracteriza pela multiplicidade de origens – refletindo o próprio alcance dessa expressão artística no território brasileiro, comum a quase todos os grupos conhecidos. Os objetos (feitos com penas de pássaros, conchas, fibras e outros materiais) têm finalidades variadas, desde simples ornamentos corporais a elementos de distinção de status social, além de peças específicas para uso em rituais, celebrações e festas. A coleção inclui cocares, diademas, coroas, aros, capuzes, capacetes, mantos, testas, brincos, pingentes, cintos, cetros e máscaras. Entre os grupos mais representados em termos de produção de penas, os Carajás, Tucanos, Mundurucus, Parintintins e Ricbactas.

A coleção de armas e armadilhas de guerra e caça compreende os objetos usados ​​pelos grupos indígenas na caça e as disputas por terras e recursos (com outros grupos indígenas ou ao longo da resistência aos colonizadores) e exemplos feitos para uso cerimonial, como símbolos culturais e elementos de reafirmação da identidade. . Lanças, arcos e flechas são os espécimes mais populares entre os grupos indígenas brasileiros, sendo abundantemente representados na coleção, ao lado de paus, espadas de madeira, zarabatanas, atiradores de flechas e dardos, etc. A coleção é caracterizada pela diversidade de estilos e padrões decorativos, refletindo a amplitude dos contextos culturais dos povos produtores. Entre os grupos representados, destacam-se os Uapixanas, Iaualapitis e Carajás, entre outros.

O museu também possui núcleos menores, mas altamente representativos de outros aspectos da cultura material dos povos indígenas, incluindo a coleção têxtil (equipamento usado para fiação e tecelagem e exemplos têxteis, como bolsas, bolsas, redes, camisas, mantos e roupões rituais) , máscaras diversas, geralmente associadas ao uso religioso (destacando a grande coleção de máscaras dos índios Ticuna e outros grupos como os Javaés, Auetis, Meinacos e Uaurás), exemplos de artigos de decoração (como bancos de monóxido esculpidos em madeira), canoas , ornamentos de efeitos corporais feitos com o uso de diferentes materiais, entre outros.

Por fim, o museu abriga uma coleção de línguas indígenas brasileiras, composta por um núcleo documental (abrangendo um amplo grupo de línguas pertencentes a diferentes famílias e troncos linguísticos) e um núcleo sonoro (com registros de discursos narrativos, mitos, músicas, sonorização de vocabulário). etc.), em constante análise e expansão, servindo de base para pesquisas e estudos sobre sociedades, línguas e culturas indígenas.

Etnologia africana e afro-brasileira
A coleção de etnologia africana e afro-brasileira do Museu Nacional era composta por aproximadamente 700 objetos. Abrangeu os espécimes produzidos por pessoas de diferentes regiões do continente africano e testemunhos das manifestações culturais dos descendentes de povos africanos no Brasil. O núcleo de objetos africanos foi constituído principalmente entre 1810 e 1940, referindo-se em sua origem às coleções das famílias reais portuguesas e brasileiras, posteriormente enriquecidas por outros legados, compras e transferências. A coleção afro-brasileira, por sua vez, foi formada entre 1880 e 1950, a partir de um núcleo de objetos transferidos dos depósitos das forças policiais locais (responsáveis ​​por confiscar eles, quando era proibida a prática de candomblé no Rio de Janeiro), para a qual foi adicionada a importante coleção de Heloísa Alberto Torres, composta por itens comprados dos mais importantes terreiros de candomblé do Recôncavo Baiano ao longo da década de 1940.

O núcleo da etnologia africana abrange, em sua maioria, peças produzidas no século XIX por povos africanos na costa oeste, abrangendo ambos os grupos étnicos que não tiveram contato com o Brasil e outros historicamente relacionados à diáspora africana naquele país. Inclui artefatos para o uso diário (adereços e tranças), objetos rituais (máscaras e estatuetas), instrumentos musicais (flautas, chocalhos, bateria, lamellophones), armas de caça e guerra, etc., além de peças que se destacam por seu histórico valor ou pelo contexto em que foram adquiridos – como o conjunto de presentes oferecidos ao príncipe regente Dom João VI pelo rei Adandozan, do antigo reino de Daomé (atual Benim), entre 1810 e 1811, que fazia parte do coleção inaugural do Museu Nacional. A peça central do conjunto é o trono de Daomé, provavelmente datado do século 18 ao 19, uma réplica da sede real de Kpengla, avô de Adandozan. Completando o conjunto de presentes, há uma bandeira de guerra de Dahomey (mostrando as vitórias do rei Adandozan nas guerras contra seus inimigos), o par de sandálias reais, bolsas de coro, uma bengala, sacudidelas reais e um prato de tabaco.

Também no contexto de artefatos de origem africana, o museu preserva máscaras rituais de sociedades secretas dos iorubás e écoles, exemplos de cestaria de Angola e Madagascar, gravetos cerimoniais do Côkwe, objetos musicais adquiridos do rei de Uganda, objetos antropomórficos e zoomórficos estatuetas religiosas, espécimes de alaka (tecidos africanos feitos em tear e importados da costa oeste para o Brasil). Por fim, destaca-se o acervo doado ao Museu Nacional por Celenia Pires Ferreira, missionária da Igreja Congregacional da cidade de Campina Grande, em 1936. A coleção é composta por objetos de uso doméstico e ritual, coletados pelo missionário durante sua permanência no Platô Central de Angola entre 1929 e 1935.

O grupo de etnologia afro-brasileira documenta hábitos, crenças e técnicas de produção dos descendentes de povos africanos no Brasil, bem como o histórico de violência na escravidão, repressão religiosa e as formas de organização social das comunidades negras no período pós-abolição. A religiosidade afro-brasileira é o aspecto mais amplamente ilustrado na coleção. A maioria dos objetos religiosos foi originalmente encontrada em espaços conhecidos como Zungus ou Candomblé terreiros, locais de culto para os inquéritos (Bantus), orixás (Yoruba) e voduns (Jeje Mahi). Tais templos eram constantemente invadidos e seus objetos confiscados e levados para depósitos policiais, como evidência material da prática de rituais então proibidos. Por iniciativa do ex-diretor do museu, Ladislau Neto, esses objetos passaram a ser transferidos para a instituição, depois de reconhecer a importância histórica, sociológica e etnológica dessa coleção.

Um segundo conjunto importante de objetos da coleção de etnologia afro-brasileira vem da doação feita por Heloísa Alberto Torres, antropóloga e ex-diretora do Museu Nacional. Durante suas viagens à Bahia na década de 1940, Heloísa adquiriu uma série de objetos nas principais casas de candomblé da região do Recôncavo, além de exemplos de artesanato, produção têxtil e cultura popular, como os orixás esculpidos em madeira por Afonso de Santa Isabel e cedro esculturas com pinturas a óleo adquiridas no Ateliê da Rua Taboão. A coleção também inclui peças feitas sob encomenda pelo próprio Museu Nacional, para aparecer na Sala de Etnografia Regional Brasileira, parte da Exposição Permanente do Museu Nacional em 1949 (primeira exposição permanente de objetos e cultos afro-brasileiros, com o objetivo de apresentando diferenças regionais na cultura nacional), como bonecas de pano vestidas com trajes de orixás.

Culturas do Pacífico
A coleção de objetos dos povos do Oceano Pacífico é uma das coleções estrangeiras mais antigas do Museu Nacional. Sua origem remonta à coleção Dom Pedro I, legada ao museu e posteriormente expandida através de doações e compras. A coleção reúne objetos do cotidiano, artefatos religiosos e armas de caça e guerra da Polinésia, Nova Zelândia e Nova Guiné (na Oceania), Ilhas Aleutas e Costa do Pacífico (na América do Norte). Entre os artefatos da coleção inicial do museu, estão a capa e o colar reais de Owhyeen, feitos com penas, presentes oferecidos pelo reiKamehameha II e pela rainha Tamehamalu, do Reino do Havaí (ou Ilhas Sandwich) a Dom Pedro I, em 1824, quando o imperador recebeu a família real havaiana e sua comitiva na chegada ao Rio de Janeiro.

Destacam-se também os seguintes núcleos:

Artefatos polinésios: formados por objetos, principalmente das Ilhas Cook. Compreende conjuntos de machados de pedra com cabos de madeira esculpidos, remos, canoas em miniatura, caiaques e barcos usados ​​pelos ilhéus em couro e estatuetas de madeira para uso ritual.

Artefatos da Nova Zelândia: compostos de ferramentas e armas de caça e guerra, incluindo exemplos de machados decorados com motivos antropomórficos, paus, além de colheres de osso esculpidas, palitos de dente de madeira decorados, vasos de bambu decorados com gráficos, etc.

Artefatos da Nova Guiné: exemplos de machados de pedra, cigarros, brincos e ornamentos, objetos esculpidos em madeira, lanças, bumerangues e outras armas de arremesso.

Artefatos da Costa do Pacífico: compostos por objetos cerimoniais, de uso diário e instrumentos musicais, como chocalhos zoomórficos, bandejas, vasos policromáticos em forma de concha, etc. Digno de nota é o morcego totêmico com três figuras humanas, cada uma representando um ancestral e uma madeira e armadura de couro, coletada na região de Vancouver, no Canadá.

Artefatos das Ilhas Aleutas: destacam-se dois exemplos raros de casacos esquimós, um feito com intestino de foca e outro com pele de penas, além de uma bolsa, também de intestino de foca.

Reconstrução
Durante a assinatura de um protocolo de intenções de cooperação técnico-científica com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), realizado em 14 de maio de 2019, foi relatado que os trabalhos de restauração do patrimônio seriam iniciados em 2019, com um executivo elaborado projeto de reconstrução das fachadas e do telhado, com doação de R $ 1 milhão. Paulo Amaral, presidente da Ibram, disse que o novo conceito do Museu Nacional provavelmente seria anunciado em abril de 2020, quando seria definida a formatação final do espaço, com peças dedicadas ao acervo histórico, obras e equipamentos contemporâneos.

No primeiro andar do edifício estava a Biblioteca Francisca Keller, que possuía a maior coleção de antropologia e ciências humanas da América do Sul. Para acelerar o processo de captação de recursos, eles estão fazendo uma campanha de crowdfunding na plataforma Benfeitoria. O dinheiro seria usado para a demolição das paredes interiores do espaço, restaurando o piso, acabamento e pintura, colocação do teto, instalação de ar condicionado e elétrica e restauração de ferragens. Eles esperam receber R $ 129.000 até 12 de setembro de 2019.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsável pelo museu, assinou no sábado 31 de agosto de 2019 um memorando de entendimento com a Fundação Vale, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o BNDES para criar um comitê de governança que pode liderar o projeto de recuperação do museu. A Vale fornece R $ 50 milhões e o BNDES R $ 21,7 milhões para essa reconstrução. O Ministério da Educação destinou R $ 16 milhões ao Museu Nacional. Desse total, R $ 8,9 milhões foram utilizados em obras de emergência e o restante em projetos de fachadas e coberturas. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações contribuiu com R $ 10 milhões para adquirir equipamentos para pesquisa científica e ações de infraestrutura. A Alemanha havia doado 230.000 euros até agora. Após um ano desde a destruição, 44% das coleções do museu foram salvas. Mais de 50 das 70 áreas atingidas pelo incêndio foram revistadas.

A reconstrução da fachada e do telhado deve ocorrer entre o final de 2019 e o início de 2020. No primeiro semestre de 2020, a recuperação de partes da coleção e o início do processo de inventário devem ser concluídos. R $ 69 milhões em recursos públicos para o projeto. O valor é composto por R $ 21 milhões do BNDES (dos quais R $ 3,3 milhões já foram liberados), R $ 43 milhões da reforma da bancada do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados e R $ 5 milhões da Educação do Ministério.

Em 3 de outubro de 2019, o museu tem cerca de 120 milhões de reais disponíveis para a realização de obras, oriundas de recursos de emendas parlamentares, do BNDES e da Vale. Mas, o dinheiro não pode ser usado para comprar o material necessário para continuar o resgate, apenas nos trabalhos. Na caixa da Associação Amigos do Museu Nacional, existem 80 mil reais em dinheiro, provenientes de doações, mas apenas R $ 25 mil ainda não foram comprometidos. A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) doou R $ 20 milhões para ajudar nas obras. O financiamento está disponível quando as etapas do projeto são concluídas.

Doações
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha ofereceu € 1 milhão em ajuda para reconstruir o Museu Nacional do Brasil. Essa quantia foi usada para comprar laboratórios de contêineres para investigar amostras. Esses equipamentos deveriam ser localizados em um campo doado próximo ao Estádio do Maracanã. Do valor inicial anunciado, foram entregues R $ 180 mil. Em 21 de maio de 2019, o Diretor viajou para a Alemanha e a França para pedir o resto e mais ajuda, porque o governo do Brasil não parece possível para ajudar financeiramente. Da Alemanha, foi doado o segundo montante de € 145 mil ou R $ 654 mil.

Cada um dos 140 geoparques das áreas de conservação da UNESCO coletará e enviará um artefato lítico, fóssil ou cultural ao Brasil. Isso significa que 140 objetos complementariam a coleção futura.

Em 17 de outubro de 2018, a secretária do Patrimônio da União, Sidrack Correia, confirmou a doação da área de 49.300 m², a cerca de um quilômetro do museu, para instalação de contêineres em 45 dias, orçados em R $ 2,2 milhões, adquiridos com fundos do Fundo de Penalidades Pecuniárias do TJRJ para serem usados ​​por pesquisadores de museus. Também serve como um centro de visitação de estudantes. Parte do total, 10 mil metros quadrados, será para o Tribunal de Justiça instalar sua área de transporte.

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), concluiu em 17 de outubro de 2018 a doação de 1.164 itens, a maioria móveis, ao Museu Nacional. Os móveis, que incluem mesas, cadeiras, estações de trabalho, gavetas e armários, auxiliam na reestruturação do Museu. A idéia da doação surgiu da necessidade de o instituto se libertar dos equipamentos ociosos que estavam em sua antiga sede, no Edifício A Noite, localizado na Praça Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro, para permitir a devolução do imóvel à Secretaria do Patrimônio da União (SPU), que deveria estar vazia. Parte dos móveis foi levada para o Jardim Botânico do Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, onde alguns setores estão trabalhando. Outros serão utilizados na direção do museu, nos serviços de museologia e assistência ao ensino e nos departamentos de invertebrados, geologia, paleontologia, entomologia e etnologia.

Em 24 de outubro de 2018, um agricultor de Cuiabá doa 780 moedas brasileiras antigas, no valor médio de R $ 5 mil, ao Museu Nacional do Rio de Janeiro. Mais de R $ 100 mil foram doados em campanha ao museu.

Em 13 de novembro de 2018, a Universidade Estadual do Pará doou 514 insetos ao Museu, dos quais 314 foram emprestados. Entre eles estavam gafanhotos.

Em 25 de maio de 2019, a Nuuvem, maior plataforma de jogos da América Latina, doou R $ 16.860 ao Museu Nacional. A renda de dois dias do jogo “The Hero’s Legend” foi revertida para o museu e 500 jogadores envolvidos na ação. A inspiração veio de uma iniciativa que a Ubisoft criou para o jogo “Assassin’s Creed” para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame de Paris.

Até junho de 2019, as pequenas doações de vários indivíduos somaram R $ 323 mil.
O British Council doou R $ 150 mil para intercâmbio educacional.

O Royal Botanic Gardens, Kew doaria em 2020 uma coleção de relíquias coletadas na Amazônia, armazenadas na instituição britânica por mais de 150 anos. Os itens foram agrupados pelo botânico Richard Spruce, que passou 15 anos coletando espécimes e fazendo anotações enquanto viajava pela floresta e trouxe para a rainha Victoria ferramentas e objetos cerimoniais usados ​​por tribos indígenas na região. Sua coleção, mais tarde armazenada nos arquivos do Kew Gardens, também inclui cestas e raladores de madeira, trombetas, chocalhos e toucas rituais.

Wilson Saviano, professor da Fundação Oswaldo Cruz, doou 300 peças, 15 pinturas e 40 livros de sua coleção particular de arte africana contemporânea.

Livros: em entomologia, tinha 20 doações que dariam cerca de 23.000 itens, foi certamente uma das áreas que mais sofreu. Nos vertebrados, mais de 500 espécimes de várias áreas do Brasil foram doados. Em geologia e paleontologia, possuía ativos apreendidos pela Receita Federal destinados ao Museu Nacional. Kellner ressalta que a Biblioteca Francisca Keller, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, que possuía 37.000 documentos e livros e foi totalmente incinerada, já está sendo reconstruída. Cerca de 10.500 volumes foram doados e outros 8.000 estavam a caminho. Da França é de aproximadamente 700 quilos. Na Biblioteca Central, a doação de vários outros livros, mais de 170 quilos.